23.4.16


posso te perguntar uma coisa? você sente minha falta? porque eu às vezes sinto que não fui nada para você. eu não quero voltar, nem quero retornar, não quero fazer hoje o que nós fazíamos antes. porque nós não somos agora o que éramos antes. mas de vez em quando eu penso em ti como uma saudade tão vívida, tão presente, que agora me deu vontade de saber se você, nem que seja por 2 horas, sentiu saudade de mim também. eu não costumo - acho que você sabe disso - deixar palavras engasgadas, apesar de ter engolido várias por não querer me desgastar. mas eu tenho saudade. tive, estou tendo, não sei. e eu só queria saber se você sentiu um pouquinho de mim.

18.4.16

eu me alimento de esperança.
como o mar quando o vejo.
engulo a música que faz lembrar.
às vezes vomito a saudade de antes.
outras vezes arrisco segurar.

mas eu me alimento de sentires.
como a foto quando vejo.
engulo a pele que me fez tocar.
às vezes vomito a vontade de antes.
outras vezes arrisco superar.

eu me alimento de notas.
como tuas mãos quando as vejo.
engulo a palavra que faz lembrar.
às vezes vomito o que tu eras antes.
outras vezes arrisco ainda te amar.

porque eu disse que não ia mais pensar.
mas montana é alimento da alma.
e eu me alimento de esperança.
tudo certo vai dar. tudo dá.
então eu arrisco ainda em ti, às vezes,
por que não?
pensar.

16.4.16

aquarianidades.

surgimos um ao outro no momento errado um ao outro e estamos fadados ao insucesso de coisas cabíveis quaisquer a qualquer ser humano, entretanto, surgimos diferentes tão iguais um ao outro que a curiosidade foi instigada e ainda não apagada aqui por dentro de mim. em todo caso, entendo que mesmo igualmente magnetizados, somos igualmente incompatíveis nos quereres que surgem aqui e ali e como a mais pura poesia que poderia surgir de ponto em ponto, eu te escrevo, tu entendes e ficamos por aí e por aqui mesmo, tu sabes lá deusa onde, eu sabe lá deusa onde, mas estamos de alguma forma conectados por tantas estrelas, somos ao mesmo tempo sol e chuva, tão iguais, tão diferentes, e eu não sei contigo, tu estás em outro lugar que não aqui em meu mundo, mas é tão, tão, tão absurdamente óbvio que somos do mesmo universo que às vezes eu sequer acredito que fazemos parte disso tudo tão próximos. e tão distantes como algo que nunca (nunca?) vai acontecer, nunca nada (nada?) vai ocorrer entre os mundos que giram em torno de nós mesmos, salivando como se não houvesse amanhã, tocando como se a pele fosse desaparecer. somos dois de um mundo milagrosamente achado em nós, somos um de dois paralelos que aparentemente não se cruzarão, mas que andam lado a lado na adversidade do senso comum e que de vez em quando, de repente, dão as mãos.

somos o que não fomos e o que poderíamos ser.

15.4.16

sou de intensidades

todas as palavras querem sair de minha boca, todas as células de meu corpo querem fazer com que as palavras que saem de minha boca cheguem a teus ouvidos, para que todos teus sentidos estejam voltados à minha boca, de onde saem todas as palavras e de onde sairiam todos os beijos que fariam nossas bocas dançarem em um ritmo alucinante, onde o paladar é mais que sentido, é sentir. e o tato que faz o sentir das bocas dançando compassadamente é como se fosse um céu em forma de toque, e eu sinto falta desse gosto das bocas de onde saem tantas palavras e se enroscam línguas e céus, de onde veio tanto carinho, tanto das palavras como dos beijos. sem qualquer tentativa de salvação, mas sim da gente se perder no corpo, na boca, nas palavras, no céu um do outro, enquanto minha língua toca teu pescoço, enquanto tuas mãos desbravam minha cintura, enquanto isso, todos os gemidos querem sair de minha boca, todas as células de meu corpo querem fazer com que os gemidos cheguem a teus ouvidos, para que todos teus gemidos estejam voltados à minha boca, de onde saem todas as palavras e de onde sairiam todos os beijos que fariam nossas bocas rodarem em uma música sinuosa, onde olfato, visão, paladar, tato e audição seriam mais que sentidos e sentires, seriam fato, seriam som, seriam tudo aquilo que me faz pensar "que pena que não vai rolar".

12.4.16

17/02/89

tenho-te no peito como se nunca faltasse ritmo.
como se fossemos asas de passarinhos.
eu tenho teus olhos em meu pensamento.
quero esconder, sair de fininho.
mas sabes o que tenho aqui dentro.
tenho-te como se eu tivesse ritmo.
é tão engraçado te ver.
quando a gente se encosta.
um milhão de estrelas colidem.
um assalto em meu corpo me enrosca.
tenho-te como fizéssemos ritmo.
tenho-te como se fossemos música.
tenho-te como se eu mesma me tivesse.
tenho-te por saber que eu me tenho.
tenho-te sabendo que ninguém nos tem.
quis ritmar. quis letrar.
porque vi teu sorriso e achei bom.
então eu gravei e te tive.
e é só isso mesmo.
beijos.

3.4.16

trechos acabados de uma carta nunca entregue sobre um amor vivido

São Paulo, 07 de novembro de 2015.


de quando em quando, eu me apaixono. e ao mesmo tempo que isso é incrível, às vezes me parece também algo horrível. tenho um monte de amores mal fadados. tenho uma dúzia de planos não acabados.
além disso, quando não tô apaixonada, eu vivo mais tempo comigo mesma. não fico com vontade de estar com mais ninguém a não ser comigo mesma e com as pessoas que amo.
mas estar assim também é maravilhoso. muitas vezes eu acho que estrago tudo e (meio que) já percebeste que posso me autossabotar às vezes. é porque eu sou insegura, é porque eu sou apressada. eu não sei mais ser amada.
e, por isso, eu fujo. eu corro, o mais rápido que posso. eu tenho um histórico de ficar e me dar mal. fiquei com medo.
quando eu tinha 22 anos (e nem faz muito tempo hehe). já conheces esta história, eu perdi tudo o que pensava ter até então em 6 dias. a luz de esperança que eu sempre tive se apagou. eu não sei como sobrevivi, eu devo ser realmente muito teimosa.
mas eu sobrevivi, demorou, mas a luz se acendeu novamente. só que fiquei com cicatrizes que nem eu sabia o quão eram profundas.
soube disso com 24 anos (há apenas 2 aninhos, então), quando tive o desprazer de mais uma vez ter um relacionamento emocionalmente abusivo.
nunca vou esquecer de quando ele, médico e amante de psicanálise, me disse por telefone e após (mais) uma briga que eu tinha sintomas de depressão. foi em outubro. em novembro, dia 18, eu o vi com uma garita em uma pizzaria. meses depois - por acaso, inclusive - soube que aquela garota era a ex dele que ele jurava ter esquecido. e que voltou tempos depois. a sorte, ou o destino, foi que eu não descobri isso antes, senão eu teria pirado mais do que pirei.
dezembro de 2013 foi o pior mês de minha vida, pois todas as mazelas se uniram. foi quando quis acabar com tudo.
não confiava mais em ninguém. esses dois relacionamentos tiraram quase tudo de bom que havia em mim, a esperança, a capacidade de confiar, a vontade de tentar de novo, tudo.
a luz se apagou de novo.
2014 foi o pior ano de todos. eu tentava todos os dias sobreviver. foi quando, além de tudo, Alan ficou doente e meses depois faleceu.
naquele momento eu pensei qe em alguma hora, eu ia desaparecer. foi foda, moço, foi foda.
lembro que fim do ano conheci um garoto - seu amigo João se formou com ele em Belém - que meio que me tirou da lama sem querer. o que a gente tinha - se é que havia algo - terminou e da pior forma, a gente brigou feio. já se falou de novo - e brigou de novo hahaha, mas tudo bem. acho que ele nunca vai conseguir alcançar o que significou para mim. ele fez com que eu lembrasse que eu ainda valia a pena. depois quis se fazer de leso e me rebaixou, mas a cagada tava feita: eu aprendi a ser forte.
e me mudei para São Paulo, onde me encontraste. de um jeito ou de outro, eu sempre acredito que é na hora certa tudo o que me acontece.
e, sim, eu odeio me apaixonar porque dá medo. é algo que não posso controlar. é um sentir. e todo sentir me assusta.
mas queria confessar uma coisa.
tu não me assustas.
pensar em ti me faz bem. tá bom que a saudade cansa, mas por algum motivo, tu pareces estar sempre perto. saber que estás aí, mesmo fisicamente longe, enche meu coração de esperança. faz com que a pobi da luz que já tá toda arrebentada se acenda de novo.
sei que temos deixado claro o quanto tu precisas de força nesse momento da vida, e eu queria que soubesses - se é que ainda não sabes - que eu sempre vou estar aqui para te ajudar. a não ser que sejas otário, aí não dá hahaha :)
bom. sei disso. mas também tens que saber que de vez em quando também preciso de força. eu, até hoje, não sei direito como sobrevivo. eu sou forte, sim, mas também sou frágil às vezes... tenho meus conflitos.
tu estares tentando me aguentar é muito importante para mim. não é tua obrigação e vou entender quando quiseres partir, tu és livre e eu gosto de pensar que o que fazes por mim é porque tu me gostas.
sei que é. :)
não sei ao certo o que me levou a escrever isso, talvez eu nunca te entregue... acho que porque quero que entendas certas coisas que falo, sei lá... e eu confio em ti.
sinto tua falta. queria poder te abraçar quando eu quisesse. tô tendo paciência para seja lá o que for que aconteça.
confio no destino. o "senhor do tempo" nunca falha. :)
tudo vai dar certo. para ti, para mim. para nós.

obrigada por estar aqui.
amo tu.

beijos e cheiros no cangote,
Evelyn Andrade.











2.4.16

like a fool

a vida não é filme
e as despedidas não são leves como na cena final
mas uma trilha sonora se passa agora
canto em inglês e penso naquela hora

porque a vida não muda por algo grandioso
a vida muda naquele pequenino momento
naquela pequena fração de segundo
meu mundo mudou em uma rajada de vento

as palavras da madrugada
cortaram meu coração
tua mão adentrou em minha barriga
como se estivesses me arrancando meus órgãos

mais uma vez eu colo meus pedaços
realmente pensei que não ia acontecer
seguro-me, respiro
e finjo não mais te conhecer

mas em todo lugar onde eu estou
e em cada nova respiração
tu lá existes, lá tens um rastro
e eu congelo sem reação

até aqui, onde digito
até aqui nestes teclados tu existes
tu passaste por mim e eu queria que tivesses ficado
porque eu te amei do mesmo jeito

e te esquecer vai ser uma coisa horrível
mas o que posso fazer?
que doa, que machuque
mas vai passar (de novo), tenho fé