31.7.15


sabes aquele tempo tão bom onde a vontade era tanta que tinhas que falar o tempo todo?
sinto falta o tempo todo agora.
agora começou a fase do silêncio.
o silêncio...
sempre me fez bem, trouxe paz... vim em busca dele.
mas não faz bem quando o que quero é a vontade.
é a fala,
dói mas passa.
e enquanto não passa, sinto falta o tempo todo.

26.7.15

eu,
que tenho a maldição de tudo querer saber,
hoje olhei o passado e percebi:
preferia não ter conhecido.
preferia que tudo tivesse ficado na imaginação.
preferia que tudo não fosse.
um nada.
preferia que
tu
não tivesses sido como foste.
assim, sei lá,
talvez eu não estivesse confusa agora.
seria mais um casinho passageiro.
mais uma coisa superficial.
seria algo meio que nada.
agora cresceu e cravou o coração,
fez fazer um sentir,
fez sentir um milagre.
o mesmo milagre que é ainda sentir
trouxe as consequências do sentir.

a consequência de sentir é sentir!

19.7.15

"enough is enough"

"enough is not enough"

?

.
.
.

18.7.15

há 1 ano e durante.



faz 1 ano.
e é como se um grito aqui dentro de mim quisesse ecoar, mas não consegue.
a lágrima secou, não consegue mais cair.
e por mais que seja tão comum a tristeza, eu continuo evitando.

mas já faz 1 ano em que eu estive aqui pela primeira vez.
após esta, foram mais três antes da vinda definitiva.
como um amor certeiro, a cidade de pedra me cativou, acalantou.
eu não sei explicar, mas como todas minhas não-explicações, há cunho afetivo.

há 1 ano eu atravessava de metrô e chegava na São Bento.
e o bairro da Liberdade sempre me foi tão bonito.
eu te vi, amigo, no dia 17: não esqueço.
e que saudade de ti, não pude desfrutar a cidade contigo.

apesar disso, há 1 ano eu tive a certeza.
aqui era meu lugar, pelo menos eu tinha que tentar.
mas agora sinto a saudade dos dias que foram.
e a saudade dos dias que não vieram.
não sei o que a gente faz com essa angústia.

queria conseguir chorar, mas como há 1 ano, não consigo.
será que chorar tornaria tudo mais simples?
penso nas coisas que me aconteceram de ontem pra hoje.
é, pequeno, tu me fazes falta. e eu só queria te abraçar.
pular em ti e gargalhar. é bom, não é?

o que fazer hoje na cidade?
faz 1 ano que estive aqui a primeira vez,
mas faz apenas o durante em que agora aqui vivo.
e o que fazer?
o que fazer dessa angústia?

ah... a gente vive, não tem jeito, não.
vai vivendo, até que vive bem.
respira fundo e vai,
ao som do próprio coração...


16.7.15

florir
quando não houver mais terra
nem água para regar

sorrir
quando não houver motivo
ou música para dançar

sentir
quando não houver amor
mesmo quando se quer amar

partir
quando necessário for
e pelo eterno continuar

ficar
quando se faz fina a flor
o sorrir com aquele tom
o sentir de estar com

e a coragem 
de viver aqui o que é bom

15.7.15

devaneios acerca do pragmatismo emocional.

queria começar a escrever algo que resgatasse a esperança que sentia em outros tempos, algo que me fizesse brilhar os olhos quando eu relesse daqui a alguns meses ou anos, como acontece em muitos outros escritos aqui. só não sei exatamente como, agora. ando me sentindo meio sem coração, meio fria demais, distante de sentires que mesmo me fazendo mal, faziam bem. havia choro? havia, claro. mas havia também a esperança de um sorriso, havia tanto sentir bom, havia calor, havia batimento cardíaco forte. havia surpresa, havia mundo, havia mais vida. não sei que horas ou quando eu me transformei nesse ser tão absurdamente comum. que leva tudo na naturalidade. onde um gostar, por mais torto que seja, é inacreditável. não consigo mais acreditar nas coisas. por que? por que eu me deixei virar alguém tão sem graça, tão arisca aos sentires, logo eu que sentia tudo tão intensamente?... eu queria tanto poder me deixar dizer tudo o que tenho a dizer, tanto acreditar no amor mesmo ele não sendo o mesmo de antes. ao contrário, parece que me fechei tanto, que me enfiei tanto em mim mesma que eu me irrito com demonstrações de afeto. e não sei se por medo, isso sim é mais assustador: eu já vi, ouvi e vivi algumas coisas que não sinto mais tanto medo. eu não sinto nada.

eu não tô mais sentindo nada e tudo o que eu queria era destravar. era poder me deixar sentir o que muito provavelmente estou sentindo e que luta de frente com o não sentir nada. não sentir nada é horrível e a gente nem percebe, porque, sei lá, a gente não sente que não sente também. eu queria parar com isso e me deixar apaixonar, me deixar levar um pouquinho, pisar num terreno estranho mesmo de olhos abertos. é isso: eu queria ter a coragem de, mesmo sabendo que o terreno é complicado, pisar assim mesmo, vendo, sentindo.

vai ver que não é exatamente não sentir nada. é sentir tão absurda e forte prudência de não se deixar sentir nada que a coragem de ainda tentar sentir algo tá quase esvaindo.

talvez eu perceba que não depende dele me salvar disso, que não depende dele que eu tenha coragem, pois isso é algo da minha vida. talvez eu não precise ser pragmática a ponto de sempre e para tudo querer um resultado. talvez eu possa realmente só sentir.

talvez eu tente me salvar, qualquer hora dessas.

11.7.15

O mundo, meu bem,
é um pequeno contratempo.
O amar, então,
é uma leve complicação.
Os que muito querem, eu aprendi,
nada têm.
Mas o que é ter nesse mundo,
pequeno contratempo,
onde amar é complicado?
Eu não sei mais de nada,
o que sei soube sem querer,
e o que quero saber,
permanece calado.
Por tudo ser assim,
tudo tão denominado,
tenho frio na barriga,
um peso enorme de passado.
Eu mesma me regrei,
porque eu preciso me obedecer,
não ser escrava de ninguém,
a não ser de minha própria razão.
Como não sei de nada,
deito a cabeça aqui e penso.
Em que? Não sei,
que o mundo é um pequeno contratempo,
e amar é uma leve complicação.

E quem consegue fugir?

9.7.15

come away with me

confesso que sempre me imaginei do jeito que estou agora. gostaria de ter tudo exatamente como planejei, isso inclui um emprego e a sorte de um amor tranquilo, mas acabo por pensar muito e pensando muito concluí que já tenho boa parte de como sempre me imaginei.
sim, eu deveria estar dormindo e quem sabe indo trabalhar amanhã, porque sabe lá deusa como que vou pagar o aluguel mês que vem, mas tenho uma noção bastante racional e cabível do quanto eu não desisto fácil quando quero uma coisa. só preciso me esforçar um pouquinho mais. foi uma semana confusa, serviu um tanto para descobertas e outras coisas como apenas confirmações. é só a primeira semana longe de tudo e de todos.
também confesso que sempre tive uma relação misteriosa com a solidão. por tantas vezes quase enlouqueci, entretanto, creio que não por estar sozinha, e sim por estar sozinha rodeada de gente. nesse momento, estou na sala da minha casa sentindo o vento de uns 15 graus C da madrugada, ouvindo a música que dá título a este texto. e estou gostando. não é como se fosse uma aventura. isso é minha vida. é algo sério, não são férias. e estou animada quanto a isso, apesar de estar com medo. um medo enorme. 
não, não tenho emprego nem a sorte de um amor tranquilo, só que uma coisa tem que ser falada que as pessoas não costumam dar valor... às coisas que somos, não o que temos. até porque não tenho muita coisa mesmo (rs)...
confesso que olhei para a lua e me emocionei e me senti inteira. são sentimentos intensos e variados em um só dia, mesmo assim eu me sinto inteira. eu tô sentindo tua falta, mas me sinto inteira. quero tua solidão da madrugada junto à minha, mas me sinto inteira.
eu não sei desabafar, eu não sei falar sobre isso. eu escrevo tanto e acabo escrevendo sempre a mesma coisa porque simplesmente eu não sei falar sobre isso. eu não sei conversar sobre o quanto pode haver um sentir em mim. e o quanto isso me dá mais medo do que tudo o que já disse antes.

digo muito só para dizer que eu queria muito só dizer come away with me in the night...

3.7.15

encaraste-me
sugaste-me
engoliste-me
gozei-te

o desejo correu a pele que finalmente (te) encontrou