29.3.15

Quem viu o que não deu
Pode ter assistido o que viveu
Mas sendo livre que se fez
Olhos abertos e acordei

São as palavras que enxerguei
Que me ligaram a um bem
Só a beleza de quem sofreu
Vira o suspiro que só meu

Respiro! Fundo e longo
Com a verdade desse ponto
Entendo e dou graças aos céus
Mesmo sem acreditar nesse deus

Marcou e foi profundo
Eu não sou nada de teu mundo
E assim posso ser livre
Como o pássaro que em mim

vive

20.3.15

A cidade

A cidade sente tua falta. Chora bruscamente a falta. Deixa cair a lágrima. Não esconde a tristeza. Faz silêncio. Venta forte. A cidade se mostra em tempestade. Tem essa cidade em mim que olha a cidade fora e pensa na falta que faz, pois outra cidade te tomou. Outra cidade em ti. A cidade vive nublada. Sem sinal. Sem carinho. A cidade que construí em mim sente tua falta.

18.3.15

Leve desabafo do meio da noite

Meu silêncio fala.

E não fala pouco. Meu silêncio grita.

Eu cansei de colocar a culpa no cosmos. Nos signos. No destino. Eu cansei de colocar culpa.

Porque realmente a vida anda, a vida passa e eu não vou assistir pela janela.

Eu deveria acreditar, porque não há razão de não acreditar em ti. Mas eu prefiro acreditar em mim. Eu preciso ser quem eu digo e quero ser. Eu preciso ser empoderada.

E se a paixão me deixa de ponta cabeça, eu tenho que ser forte e voltar aos pés no chão. Tu me deixaste virada e revirada e ainda estou assim, mas eu não tenho tempo, não tenho muito tempo de esperar. Eu quero o que posso ter e se não posso, eu prefiro não querer.

Afinal, eu ainda sou a menina que gostas? Meu desabafo é este. E eu, em silêncio, mando-te sinais. Mando alma. Mando vida.

Mas não falo.

Calo.

Meu silêncio fala.

E quando eu emudecer de vez, não há volta.

Leve desabafo do meio do dia.

Sempre que há um adeus, o coração chora. A não ser que quem esteja se despedindo não se importe. A não ser que não esteja se despedindo.

Aqui em meu peito, já existe meio que um adeus. Uma despedida forçada, pelas circunstâncias (?), pela distância (?), pela estranheza que ficou nos últimos dias (?), pela impaciência de ambos (?), cada um sendo impaciente do seu jeito.

Aqui, como vejo, a vontade que eu tinha de ser algo para ti vai (infelizmente) diminuindo, assim como tua vontade de que eu fosse algo para ti, também. Sei - mas não posso ter certeza absoluta, pois estou longe - que já há alguém. Eu desconfio. Sei e desconfio. Não costumo errar.

Não seria problema nenhum, caso eu continuasse sendo aquela que tu gostas e meu tratamento não mudasse. Mas mudou. Devido a outros sinais, eu só posso pensar que há alguém. E não posso fazer nada.

Mas a despedida dói e vai doendo de pouquinho. Eu lacro os lábios, respiro fundo, tento pensar em outra coisa. Eu faço tudo, menos o que eu queria: que era tirar essa dúvida de dentro de mim. Estamos nos despedindo?

Deixo pro destino? Confio nos instintos?

Estive fazendo isso desde que te conheci e pelo que me consta nunca me arrependi. O que fazer? Creio que apenas confiar.

Confiar em mim mesma e no futuro. Em ti, já não sei, pois não parece haver mais nada do lado daí.

15.3.15

Temo te
Amar
Temo-te, amar

Mas te amo mesmo ao temer
Te amo mesmo sem ser amor
Temo
Te amar

12.3.15

Ainda mais ou menos no silêncio

Quero confiar que o que sinto é um tanto recíproco. Quero sossegar a vida no coração por saber que ele pode ser tranquilo...

Mas que mentira, um coração nunca vai ser tranquilo. A vida dá voltas e voltas e sempre está mexendo o coração, entretanto...

Quero estar em paz. Estou em paz.

Quero parar de dizer tanto que sinto saudades. Quero não ter necessidade de bom dia e boa noite.  Quero ser quem eu era antes de te conhecer.

Mesmo que eu não seja mais a mesma pessoa. Mesmo que tua chegada já tenha mudado o rumo da inércia de meu coração.

Quero contradições que não são tão diferentes. Eu quero estar tranquila mesmo sem saber que estejas longe, quero continuar confiando e sendo o que sou, diferente do que era mas igual ao de sempre.

Quero mais teu tempo, mas entendo que não dá. Espero que seja falta de tempo. Espero não ser a última coisa da lista. Eu não aceito mais ser meio, eu sou fim.

Quero só te dizer que sinto falta das respostas, do carinho, das palavras, dos corações azuis e verdes. E que entendo se for falta de tempo. Mas só se for isso.

Quero ficar no silêncio para que possas sentir minha falta. Quero falar para que eu não sinta mais a tua.

Quero tanto e no fim quero só o que eu já tenho.

Alma tranquila, queixo para cima, coração quieto e força para segurar a saudade.

9.3.15

Silenciosamente

Penso muito e como consequência escrevo muito. Deve ser costume, mas também há uma pequena possibilidade de tentativa de ajuste das ideias. Releio várias coisas que escrevo como se fosse um código jurídico, para ver se aprendo as palavras. Quer dizer, eu revejo minhas próprias experiências passadas para saber hoje se as repito, como as repito ou mesmo se não. Digamos que dá para aprender bastante. Ou pelo menos tentar estabelecer um certo racionalismo.

Por pensar muito, dificilmente sou pega de surpresa.

Mas ontem me pegaste. Eu não imaginava que meu silêncio tímido de ouvir tuas palavras pudesse falar algo tão expressivo. Porque meu silêncio é significado de uma trava que tenho. Eu sou muito boa escrevendo, é como um mundo próprio, só meu, seguro. Mas falar, ao vivo, coisas que sinto... sempre foi tão complicado.

Tu me surpreendes às vezes e isso para quem pensa demais como eu é maravilhoso. Por mais teorias que eu faça em minha cabeça das mais variadas coisas, é sempre bom ter alguém para lembrar que nem tudo se racionaliza. Grande parte das coisas a gente só sente.

Obrigada.

7.3.15

my head is an animal

a lista das coisas que eu deveria fazer:

estudar, lavar roupa, aprender a cozinhar, ler vários livros, tomar banho, tomar remédio, sossegar, criar anúncios, colocar preços em brincos, criar post its, andar de patins, abraçar meus pais, almoçar, lavar o banheiro, acalmar a alma, encontrar os amigos, estudar francês, inscrever no concurso, inscrever em curso, usar meias, fazer cupcakes, entender.

entender. acalmar. respirar. não pirar.

o que eu estou fazendo:

não sei, minha cabeça é um animal.

6.3.15

escrever costumava ser minha terapia.
até que de repente meus maiores medos não conseguiram mais ser transformados em poesia.
não sei bem quando e como isso aconteceu, vai ver foi quando me tornei adulta mesmo.
antes o mundo parecia tão mais simples, eu não sei porque a gente cresce e complica tanto.
não deveria ser tão difícil gostar de alguém. pelo contrário.
não deveria ser tão difícil a gente dizer "eu te amo" para alguém.
eu sou do time que confirma que amor nunca é demais.
mas eu me vi tendo que prometer a mim mesma que não diria "eu te amo" para alguém durante certo tempo.
uma pessoa sabia disso, agora todo mundo que ler aqui vai saber.
o que espero que seja ninguém que me conheça.
só que não parece louco gostar tanto de alguém e ter se prometido que não diria o amor?
se é amor, sei lá, eu realmente não sei. mas se fosse, eu não diria a ele.
porque eu me prometi.
sabe, eu tenho que me virar e parar de ser intensa, e parar de ser vívida.
eu tenho que dar meu jeito de me controlar e me diminuir porque parece que as pessoas não sabem mais gostar, não sabem mais se relacionar.
o que eu fiz de errado hoje, eu não sei.
mas isso desaguou num dos meus mais profundos medos e por isso eu realmente tive que me isolar. que me fechar. em todos os sentidos.
só aqui que vim falar, na falsa esperança de achar que vou melhorar, porque isso aqui costumava ser meu porto seguro.
e agora depois de um período tão gostoso, tão bom e tão maravilhoso, eu tenho, por obrigação, que me fechar para poder dar espaço a alguém que há 3 dias estava comigo e dizia "não quero que tu vá embora".
eu não queria também, eu não queria. e continuo não querendo.
mas eu fui embora e tua vontade de que eu ficasse parece ter passado.
porque tu que foste hoje.

estou tão cansada dos textos tristes.
tão cansada de chorar de saudade.
queria ter ficado. mais.
mas tenho que fazer o caminho contrário.

nossa, e como penso em teu cheiro, tão presente em mim ainda!

4.3.15

o dia seguinte (ou "como se")

não é como se eu não soubesse exatamente o que está acontecendo. é exatamente o oposto: eu sei o que está acontecendo. e é com se eu chegasse a um lugar que há 1 semana era meu porto seguro e agora parece ser um local estranho. é como se eu não mais pertencesse.

eu acredito e já vivi momentos como esse. que basta 1 segundo, 1 sensação, 1 piscar de olhos para que eu pudesse perceber que algo estava diferente. algo está diferente. algo mudou, algo me deu uma visão maior do que jamais tive em relação à alegria de ser com alguém.

que eu sou só minha até você já deve saber, mas que eu fui feliz tanto durante esses dias eu espero que você tenha percebido, e é como se me faltasse algo que nem sequer antes existia. é como se a vida tivesse me mostrado algo a mais e eu tivesse me acostumado com isso.

e então agora não pareço mais querer o que era antes, parece que quero o que ganhei. e isso é como se fosse mais uma prova que a vida me dá. ela me diz: "eu tô te dando algo muito bom, mas não totalmente, você vai ter que merecer o resto".

eu tô tentando continuar merecendo meu presente, minha surpresa, meu natal, meu ano novo, minha viagem em que fui fugitiva e que valeu absurdamente a pena. não queria voltar. queria estar agora na cama que ficou com nosso cheiro e olhar pela janela vendo o céu que sempre quis admirar.

não consigo explicar o quanto eu fui feliz e o quanto agora eu estou com saudade. amanhã tudo volta ao normal, tirando que mais uma vez começarei a recontar o tempo. é como se essa relatividade se alinhasse perfeitamente ao que dizem: quando a gente quer que passe rápido, não passa...

e eu sinto falta do conforto dessa casa...

é como se eu não soubesse o que está acontecendo, mas eu sei: isso que sinto é forte.