30.1.15

descontar dias.

arde em mim o não poder te dizer o que eu queria exatamente te dizer mas olhando nos olhos, a dor de cabeça cega aquilo que não tem jeito e faz escorrer pros cantos toda aquela sutileza que me faz tão bem em contar dias, ah, contando dias... contando dias passados e dias futuros e vivendo alucinadamente o presente, em conta gotas, como que sugando todas as gotas para que elas não se esvaiam de mim. porra, que saudade desgraçada, mas eu sinto que sempre eu acabo me gritando mais, me exagerando, me sendo mais do que deveria.

então, calei.

e deixa o dia passar do jeito que for, que seja.

24.1.15

reciprocidade.

nem em meus versos mais bonitos ou raivosos
nem na maior proximidade e tempo
nem quando eu achei meus dedos nervosos
nem quando eu dizia do vento em movimento

nem mesmo quando eu escutava as canções
nem nos momentos mais solitários e criativos
nem mesmo quando eu media paixões
nem nas horas em que pensei que cativo

em nenhum local do passado
em nenhum recinto em que estive
em nenhum tempo perdido ou achado
em nenhuma paixão que tive

nada é igual ao início
nada é igual ao anterior
nada é igual ao que já foi tão difícil
nada é igual a esse ardor

se já passei por provas de fogo
se já aprendi a ter maturidade
se já cresci empurrada por um soco
se já sou quem sou em minha realidade

eu posso dizer...
eu posso suspirar...
eu posso viver, eu posso simplesmente ser o que eu quiser!
eu posso me libertar, eu posso gritar, eu posso sorrir e chorar!



nada do que já vivi me fez ter mais vontade de viver do que essa agora.
sem medo,
culpa,
fé, devoção ou credo.

só pela vontade de viver todo o dia ao lado de alguém que está longe e perto ao mesmo tempo.
porque eu sei que quem eu quero me quer bem. de verdade. existimos aí e aqui dentro de meu peito.





20.1.15

Bom dia

Quando o virtual parece que não é mais suficiente, e a saudade se torna tão grande, e o carinho se torna absurdo, e a vontade fica sendo tanta, e o gostar fica sendo muito... Quando tudo isso acontece e o choro vem, a mente nos presenteia com um sonho vívido, quase real. ♥

18.1.15

Mais ou menos passada a tempestade
O meu desejo é calmaria
Dentro de um abraço

(Mas não sei se o terei...)

17.1.15

não tem final

estou em casa. especificamente no quarto. especificamente duas vezes no quarto bagunçado. sendo ainda mais específica, no quarto bagunçado, onde resolvi mexer um pouco com os instintos que há muito estão adormecidos.

não posso e nem consigo explicar há quanto tempo eu não sinto o que estou sentindo agora: algo que não sei o que é. é uma mistura de raiva (de mim, de alguém?) e uma doçura que me incomoda ao ponto de me fazer permanecer estática.

ouço Beth Orton. lembro daquele cara desgraçado que me fodeu tanto a vida e o quanto ele tá feliz passeando em terras estadunidenses com a namorada que arranjou antes mesmo de terminar comigo, isso há quase 4 anos. se guardo rancor? não. mas tenho raiva. não raiva da felicidade dos dois. raiva de o quanto ele conseguiu se safar de todas as culpas de um passado não tão distante e de como até hoje eu me sinto culpada por alguma coisa. culpada ou, sei lá, ainda penso sobre isso. eu fiquei com os traumas, ele ficou com o gozo.

essa semana veio um outro que dizia me amar falar mal de mim em um grupinho. não sei se mereço ser xingada por eu estar em um movimento social tão lindo quanto o feminismo. não sei porque tem tanta gente que não se toca de seu próprio local de fala, não sei porque a pessoa que eu dei o pé na bunda há tanto tempo vem falar algo como o que ele falou. ele estava lá. ele me viu. ele sabe o que me aconteceu, eu confiei nele, ele já esteve aqui nesse quarto.

pausa.

não sei bem o que estou escrevendo.

eu me apaixonei novamente.

eu estou com saudade dele e não sei como lidar. o que eu acho, quando ele me mandou beijos às 21h e pouco - lá 1 hora mais tarde -, é que ele não foi dormir. o que é certa loucura. eu não o conheço. como dizer? esse sentir de gostar de alguém parece que sempre me deixa assim, mais instintiva que sou, mas me faz também não ver direito o que estou fazendo.

prova disso são os parágrafos anteriores.

a verdade é que não sei o que fazer.

não sei se vou ou se fico. shurastei ou shuraigou?

fato é que, caralho, como queria vê-lo agora. talvez isso tudo seja neura de saudade, talvez seja tudo uma neura, mas que vontade odiosa de chorar. de chorar de saudade. não quero mais chorar de saudade por quem ainda está aqui. eu tenho a maior saudade do meu mundo até agora dentro de mim e sei que chorar de saudade por ele seria uma coisa idiota. sei lá.

é bem provável que eu não queira admitir. não quero, dá pra ver, mas não quero. já até admiti, mas não quero.

melhor coisa a fazer é





15.1.15

brincando, brincando. vivendo dançando.

fez da figura
encontro
fez dos cantos
risada
fez do escuro
recanto
fez tudo
do nada

brincando, brincando
sendo feito
vivendo, cantando
dançando com o vento

11.1.15

Vento sopra
Esconderijo
Suga vida
E o riso?

Tempo conta
Melancolia
Distância ficta
E o risco?

say it's possible

De um distante céu colorido, veio vindo aquele sopro de sentir que nem se imaginava que viria. Em verdade, nem se pediu. Num estardalhaço de alegria, veio e bagunçou os órgãos internos da alma e deixou. Deixou, mas deixou o que? Deixou algo, deixou nada. O barulho silencioso de algumas madrugadas serviu para mostrar o quanto ainda é possível viver e sorrir, despretensiosamente, mas a conversa e a risada mostraram a bagunça deixada por esse sopro leve que veio de um distante céu colorido. E quando o céu se fecha? Hoje não dói tanto. Hoje aceito o que a vida é porque a vida simplesmente é e se não aceitar, fico louca - de novo. Então, aceito tudo o que ela vier me dar, nem sempre com entusiasmo, algumas (muitas) coisas com resignação. Cadê a voz? Cadê a madrugada? Cadê a risada? O vento sopra. O sopro não tem forma. Ele só continua correndo.

6.1.15


Tempo leve
Leve o tempo
Tudo suave
Suave o vento
E que o tempo leve
Leve o tempo
Que precise
Para que seja lento
O momento
De encontrar


em meu silêncio ensurdecedor
e meu escuro que abraça
eu lembro de ti, amigo
mas também em meio ao barulho
em meio à luz do dia
ao acordar e ao dormir
lembro de ti

já faz um tempão
e mesmo assim ainda te sinto
ainda te sonho
e tu ainda estás me abraçando
como o escuro e o silêncio agora

sinto falta de tua carne
de tua pele alva
de teus olhos escuros
de teus dedos macios
de teu cabelo cheio de cafuné
e de tua risada
ah, como sinto falta!

tua risada ecoa aqui em meio ao silêncio
e tua presença parece maciça aqui no breu
ainda não deixei de chorar
ainda não deixei de te querer
ainda não deixei de sangrar
acho que nunca vou deixar

eu te amo e sinto tua falta
tanto que é preciso silêncio
é preciso escuro
para assim sossegar

2.1.15

Foi.

Foi a boa notícia que o cosmos ou seja lá o que se quer acreditar me trouxe. Foi assim, como se fosse um presente, como se fosse algo que te dissesse: estás viva, estás condensada neste corpo que não é só matéria. Quer dizer: foi aquele prazer que veio vindo só ele, antes sexual, depois de uma forma sutil de combinações de gostos e conversas. Foi assim que algo foi me dizendo que se fosse para ser, seria, mas não seria nada que o senso comum costuma pensar... ah, seria só algo muito bom. E por já ter sido algo tão bom é que em saudade se desfaz. Tudo que é bom deixa uma certa vontade. De novo, de novo, de novo eu vou dizer: esse ano vai ser bom e vai ser novo. Comecei bem, começamos bem. Que diferença, que coisa única. Que carinho. Não, não sou carinhosa, mas minhas mãos não queriam deixar teu corpo, nem tuas mãos, sei lá por quê, talvez só porque quisesse aproveitar com toda a máxima alegria aquilo tudo. Foi como deveria ser, só que melhor. Foi natural de uma maneira que só sendo voltando no tempo para que pudéssemos ver aquilo sendo. Não consigo e nem quero esquecer toda a minúcia de algo que me marcou, de algo que foi tão importante quanto uma passagem de ano. Não quero esquecer e nem preciso esquecer o que vivi e como estive viva, mesmo contra todos os caminhos que muitas vezes peguei no passado, e estar viva é uma vitória. Fizeste parte e não vou esquecer. Já sinto, sim, saudade. Um beijo.