26.12.14

de novo

vim novamente, apenas para dizer:

a gente pensa em tanta coisa e dificilmente se apega. pelo menos eu. depois de umas e outras vezes sendo "tanto", resolvi e aprendi a ser menos. não faz mal não ser tanto, é porque o tanto tem hora certa. mas a gente pensa, pensa, pensa e de repente parou de pensar no que deve. é, não sei ao certo como dizer isso sem parecer emocional, porque ser emocional é um risco grande que se corre. 

e eu não corro riscos em início de conversa, só quando a prosa já está boa.

então, o que ocorre é pensar como seria legal. as vibes são boas. as vidas corridas. e tudo isso pela frente. não tem nada mais para acontecer, mas ainda a vida nos entrega algumas pessoas de vez em quando que fazem a gente pensar, pensar, pensar e parar de pensar no que deve.

tudo isso para dizer: acho que estou pensando em ti e talvez eu fique com saudade.

mas como eu penso muito, não te diria isso diretamente, só porque aqui mesmo, meu local semiconhecido e confortável no mundo.
comparando meu dezembro passado com este agora, posso ter certeza de que este é absurdamente mais florido. é bem verdade que o ano de 2014 me levou pessoas preciosas e tenho uma ferida aberta no coração que não sei se vai cicatrizar. sangra todo o dia, uma hora ou outra. fico pensando em todas as coisas que quero te contar, nas músicas que não conseguiste escutar, em tudo. não acredito ainda que materialmente não existes. eu fico sonhando dormindo e acordada, conversando contigo como se nada tivesse acontecido. sinto tua falta. 2014 foi horrível sem ti.

mesmo assim, dezembro está sendo melhor porque nenhum dezembro foi pior do que o passado. sem retrospectivas, eu posso dizer que hoje sou alguém melhor e uma mulher mais objetiva, o que me deixa feliz.

a única coisa que me faz escrever agora é pensar nas saudades: porque são várias.

na maior saudade do mundo e na saudade mais sem razão do mundo também. mas as pessoas vêm e vão mesmo... o que me deixa pensando: quando é que alguém vai ficar?

enquanto eu não sei, eu vou indo também.






(mas hoje pensei muito mesmo, que até me incomodou - a ponto de me fazer registrar -. quando vão ficar?)

4.12.14

com mais leveza
vim apenas dizer:
a luz derramada
sobre o espírito
não deixa mais
que nenhum mal
alcance o coração

sem nenhuma tristeza
volto para viver:
a paz sossegada
invadiu o corpo
deixou para trás
veio tão real
com caminhar são

3.12.14

A partir de hoje,
É um decreto:
Não te amo mais!

Assim como se celebra um início,
Celebro o fim.
E escrevo um desenrolar,
Desenrolo o que pareceu me sufocar.

É lei para mim que,
Mesmo te amando,
Não te amo mais.

Se falo que ainda é,
É pelo fato de que
Ainda não me acostumei
Com o que não mais é.

Fui teu brinquedo,
Tua artimanha,
Fui tudo menos amor.
Então,  eu decreto sem dó:
Não quero mais essa dor!

Descobri sutilmente,
Novamente,
O quanto honestidade te faz falta.

Eu que fui louca,
Eu que fui confusa,
Eu que fui desejada com os olhos e boca e mãos e voz e ouvido e mente e corpo e mundo e alma,
Mas eu que confundi.

Não foste tu que
Estava amando outra moça.
Não foste tu que
Recebia a namorada em casa

Não foste tu o culpado
Que quis me jogar a loucura
De tua própria deslealdade.

Portanto, no maior alívio dos alívios, declaro:
Não te amo mais!

Não que ainda estivesse chorando de amor e saudade, não.
Eu só preciso decretar,
Para não mais cometer o crime,
Nem a gafe,
Que é te entregar qualquer parte de mim novamente.

Não te amo mais!
E que sensação maravilhosa!

Ps: cuida dela. Não mente como mentiste para mim. Diminui esse ego. Não faz ela ser só mais um instrumento que o encha. Não destrói a alma dela como fizeste com a minha. Não deixa teu rastro. E que a deusa a proteja.

1.12.14

Força.

Pega a força.
Toma força.
Sente a força.
Seja a força.

A força é só mais uma sutileza de nossa racionalidade.

Sê forte, moça.

23.11.14

vinte e três de novembro

amigo,

há 1 ano vivi um inferno pessoal exatamente no dia de teu aniversário. liguei-te chorando explicando o que havia acontecido e o quanto eu não conseguia sair de casa de tanto que não tinha forças. meu inferno pessoal fez com que eu não vivesse teus trinta anos contigo. lembro que te disse "ano que vem a gente vai comemorar muito teus trinta e um".

hoje, sem ti aqui, eu vejo que meu inferno pessoal por mais que tenha realmente sido horrível (tu acompanhaste, tu sabes), faz com que eu me sinta culpada de não ter tirado forças de qualquer lugar e ter ido te comemorar. faz-me ficar com raiva dele, que me magoou e sinto como se ele tivesse me arrancado teus trinta anos como quem não pode mais arrancar nada. 

mas sei que não é isso, sei que não foi isso. mas a vida teima em brincar e fazer certas coisas acontecerem da forma como têm mesmo que acontecer...

hoje sonhei contigo. eu te dizia que não estava acreditando que tinhas nos deixado. e tu, teimoso como sempre, dizias "mas é verdade, só que eu já posso te tocar, olha aqui" e me dava uns tapinhas leves no ombro. eu te senti. tu me tocaste. eu estava tão imersa ao te encontrar que isto foi um sonho dentro do sonho e que quando acordei, no sonho chorei. chorei porque eu realmente vi que era um sonho e que tu não estavas em outro plano.

hoje chorei, inconformada ao pensar que tenho que me contentar com esses sinais que mandas. é ótimo te ver bem. é ótimo conversar contigo. mas a falta física que sinto de ti às vezes parece que vai me sufocar. eu te amo tanto, queria te abraçar.

tu, que em vida material me ensinaste tanta coisa de amor e quase tudo de amizade, continua me ensinando daí de onde quer que estejas. valorizo mais. quero mais meus amigos próximos. quero mais abraços. quero mais vida. porque tu és a própria vida. o sorriso mais bonito.

em meus sonhos, sempre estás sorrindo. até me abraçaste já. e senti teu calor e teu coração que nunca para de pulsar.

eu não te comemorei ano passado, mas estou aqui, de mansinho, comemorando teu descanso e tua outra vida, em outro lugar, mesmo longe, tu ainda és o que és dentro de mim. 

a saudade que sinto é impossível de explicar.

qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.

eu te amo sempre.

feliz aniversário.


15.11.14

quem que eu sou?

olha, vou aqui falar uma verdade.
mas é uma verdade do tipo que me agonia e que de quando em quando me dá uma pontada na alma, de leve. mas o suficiente para me agoniar.

ser quem se é é a coisa mais difícil que pode ser.
e admitir alguma coisa para si mesma é um processo que demora muito tempo às vezes.
admitir que a situação que pensavas ter resolvido não foi resolvida. admitir que aquela amiga que sentes saudade talvez nem lembre de ti. admitir que o caminho que pegaste foi bom na hora mas agora se transformou em um pesadelo. admitir que não é só carne, é alma. admitir, pelo menos para mim, sempre foi um caminhar lento e problemático, talvez porque eu nunca precisei tomar grandes decisões na vida, até que precisei tomá-las.

tudo parece tão fácil enquanto a gente vai crescendo. eu não pensava, por exemplo, que estaria frustrada num trabalho. ou que lutaria tanto por uma causa que me faria ficar meio louca e depressiva. que não ter dinheiro numa sociedade capitalista me faria menos importante. eu nunca pensei nessas coisas. eu nunca pensei que adultecer fosse quase adoecer. e vou levando. tem dias que o tédio e a frustração - de que? ainda não descobri, se não, admitiria aqui. mas não sei mesmo - são tão grandes que choro. ah, eu choro sozinha, quietinha, tentando arranjar forças para que tudo isso passe e eu volte a ser eu mesma.

mas quem que eu sou??

todo dia, ainda, vou me descobrindo, e para ser sincera, achei que com vinte e cinco eu já saberia o que eu seria. mas eu me perdi tantas vezes. eu tento fazer as coisas guiadas pelo meu próprio querer, não pelo querer dos outros, mas será que meu querer não vai desaguar num mar que não possuo? é complicado desse jeito mesmo.

admitir sentir saudades: é o que me faz enlouquecer. e ao mesmo tempo ficar sã. admitindo, assim, não faço nada que possa me prejudicar e - creio eu - não prejudicar ninguém. quer dizer, com minhas mágoas e tristezas e melancolias eu mesma acabo lidando, às vezes grito um grito de socorro que apenas ecoa no vão do mundo errado, eu fiz isso, fiz há umas duas semanas, e, olha, vou te contar: espero nunca mais fazer. porque dói querer um abraço de quem não pode te dar.

e o que que faço??

eu vou vivendo dos abraços que tenho.

20.10.14

Sobre precisar.

Precisei ser forte muito além do que o conceito de força machista pode explicar
Precisei ser sensível muito além do que o conceito de feminilidade inventada pode me dizer
Precisei ser determinada muito além do que o conceito de liderança tipicamente masculino pode me dar
Precisei ser paciente muito além do que o conceito de mulher ideal da cultura patriarcal pode me oferecer

Precisei ter fé em mim mesma muito além do que os comerciais da tv tentam me convencer
Precisei desconstruir as ideias sobre outras mulheres muito além do que os ensinamentos antisororidade estão a demonstrar
Precisei entender que meu valor é intrínseco e que vai muito além do que a misoginia tenta me dizer
Precisei erguer minha voz diante de uma injustiça para entender que falsa simetria é mais um não-pensamento que tentam repassar

Precisei gostar de meu corpo e destroçar o "corpo ideal" que a propaganda vem passar
Precisei incluir em minha luta cis, branca e heterossexual as irmãs trans, negras e homo, bi ou não binárias que a opressão tenta esconder
Precisei ter empatia para ajudar quem precisa e gritar feminismo sem me envergonhar
Precisei ter sororidade com a irmã que ainda não desconstruiu quase nada mas ainda está sofrendo, mesmo sem perceber

Eu precisei e preciso do feminismo todos os dias porque tenho por quem e pelo quê lutar
Eu PRECISEI não porque era uma meta pessoal, mas porque é preciso real e profundamente entender
Precisei me fortalecer para começar a fortalecer irmãs que fortalecem outras irmãs para mais ainda fortalecer
Precisei e hoje eu só preciso que percebas, irmã, que também precisas, porque unidas podemos o mundo mudar e melhorar.

17.10.14

Bis - vários bis

Sinto tua falta
Como se me faltasse um dente
Sinto tua falta
Como se me faltasse um pensamento
Eu sinto tua falta. Sinto!
E sei que a minha não sentes
Sinto tua falta
Como se fosse um tormento

Porque tormento não é
Eu que me desprotejo sem pé
Eu que fico na contramão
Eu que bato a vida de ré

E fico no passado
Sem ir ao futuro
Eu que me perco
Te procuro
Te caço no escuro

Sinto tua falta
Como se nunca tivesses te ido
Sinto essa falta descabida
Como se ainda estivesses aqui, me visto, em minha vida

Eu te procurei por aí
Eu te amo e quis
Tô me vendo sorrir
Sem nada, sem porra nenhuma, sem triz

Porque eu sorrio sozinha
Mas sinto tua falta
Eu sou feliz
Mas sinto tua falta
Quis te encontrar
Há dois minutos
Há dois meses, duas semanas
Duas vidas
Mas sem os insultos
Só vida, sorrisos,
Só tu
Só eu
Em vários ou em só um
Bis

11.10.14

Fortaleço-me onde dá.
Caminho por onde consigo.
Sinto enquanto posso.
Cada um se esconde em seu próprio mundo.

28.9.14

Tateando.

Onde está meu sentir que não nas terminações nervosas nas pontas dos dedos? Eu te li, sem querer, percorrendo a vida social no mundo virtual e te senti: eu te senti em falta e em um filete de raiva. Raiva ainda pelos acontecimentos recentes e por saber que nada disso daria certo. Ou daria, caso quiséssemos. E a falta, a falta material que me fazes, teu toque, teu tato, tuas mãos.  Onde está meu tato? Onde está a vida que eu pegava com as mãos e que carinhava teu rosto, coberto de palhaçada, coberto de suor, coberto de uma máscara intransponível que nunca me disse exatamente o que eu era. Não é tua boca rosada que me diz o que sou, mas esperei muito tempo que me dissesses algo. E disseste que minha mão tateou a noite, afogou uma estrela e mordeu um retrato de nós dois, uma explosão meteórica de gozo e sorriso e que depois se transformou na depressão cósmica de um choro mufino. Ah, que falta me fazes e foi há exatamente 1 ano que estive na beirada da piscina cheia de folhas secas perto do mundo em que te escondes. E que vi! Vi uma estrela cadente naquele céu que não tinha fim, junto a uma alegria que também não tinha fim. Eu vi a estrela e de tão linda, lagrimei, e pedi: que ficássemos sempre juntos.

Esta estrela cumpriu meu desejo.
Não deixou mais que te fosses de mim.
E mesmo sem tato presente, eu te sinto: tuas mãos me sangram a alma e percorrem as veias, cor vermelha de teus lábios e teu nariz, tua cor, tuas mãos e as marcas em mim que ficaram. Falta tato. Faltam mãos. Falta. Eu te sinto ainda e que diabos! Estou lidando com a saudade do tato.

14.9.14

Perceber não ser única foi uma amargura no estômago como há muito tempo não sentia. O que é isso? O que foi? Imaginar o óbvio confirmado foi um frio na espinha. Que vai passar eu sei. Mas não sei o que será do que há em meu peito quando passar.

1.9.14

qualquer dia, amigo, eu volto pra te encontrar.

amigo,

quando estive em teus braços naquela cidade fria e de garoa, meu desejo era ficar ao teu lado para sempre. quando eu te vi, meu desejo foi te abraçar e não mais te soltar. e nada mais vi: nem os fios, nem as tomadas, nem os líquidos que desciam pelos minúsculos canos que te adentravam o corpo e alma, nem mesmo vi teu corpo, vi somente tua alma e a bondade que tua aura sempre possuiu. quando eu te escutei, eu quis te contar todos os assuntos daqui da cidade mormacenta, dos nossos amigos, tudo pormenorizado e fazendo graça como sempre, para que a gente risse alto como sempre.

quando penso em tudo o que vivemos, eu me sinto saudosa, mas ao mesmo tempo feliz por ter vivido contigo. foram viagens de avião um do lado do outro que duraram desde 40 minutos até praticamente uma madrugada inteira. voamos mais pro norte e lá pro sul. voamos na imaginação de pensar o que seríamos, viajamos na maionese, vivemos aventuras que nem imaginaríamos e essas foram as mais engraçadas. 

passei maus bocados e quem estava lá eras tu. ao meu lado, tentando me ajudar, segurando minha mão, tentando me reerguer. brigamos até em hospital, quando eu te magoei de alguma forma e não me lembro, e lá tu estavas comigo, puto da vida, mas ao meu lado em minha crise de gastrite. meu irmão de alma que esteve comigo nos piores momentos, quando meu pai sofreu, quando eu sofri, quando me fizeram sofrer. não consigo lembrar um único momento desde o início de nossa amizade em que não estiveste presente em minha vida. 

em meus melhores momentos, estiveste comigo também. quando passei na oab e em plena segunda feira tu chegaste com uma garrafa de tequila no juizado do idoso e disseste "para mais tarde, para comemoração". morta de medo, eu te disse "aaai, será?", ou outra coisa do tipo. pois lá estávamos, a garrafa, tu e eu, além de nossos outros amigos. dirigi teu carro antigo enquanto gritávamos "baby, you're a firework" e aquele foi um dos dias mais felizes de minha vida. nunca me negaste nada, nem mesmo a chave do carro, nem mesmo a chave da casa, nunca me negaste um abraço, um carinho, uma carona, uma risada, uma briga, nunca. 

não falo isso agora porque estás em outro plano, falo isso porque quem te conheceu, sempre soube o que foste. e ainda és. tua alma não se esvaiu de meu coração. nosso encontro é eterno. eu tenho a absoluta certeza que nós temos uma existência que não é efêmera e que te encontrarei algum dia, em qualquer dimensão. nós fomos feitos para sermos amigos.

eu poderia citar 1 milhão de momentos contigo, amigo. meu coração está miúdo. pequenino. apertado. perceber que não estás mais nessa vida em matéria é doloroso, pois teu calor era único, tua voz e tua risada, teu bom dia virtual, tudo. sou feliz de ter estado em tua vida e por teres estado em minha. sou privilegiada por teres sido meu melhor amigo, meu futuro padrinho, padrinho de meus filhos não nascidos, meu quase amigo de apartamento, parceiro de viagens, loucuras, passeios e confidências. meu melhor amigo. melhor amigo. amigo.

meu melhor amigo, mesmo destroçada por tudo ter acontecido tão rapidamente e mal eu ter tido tempo para te amar - mesmo achando que não tem amor que caiba só numa vida -, eu te desejo, como sempre desejei, toda a luz e toda a paz para teu espírito. quem ficou aqui na Terra não vai te esquecer jamais, porque isso é impossível. em quantos corações tu descansas! espero, meu amigo, que tenhas sido recebido por muitos espíritos de luz, que eles te protejam e te guardem. espero, amigo, que tu olhes por nós, porque tu és um iluminado. minhas forças, as que tiro para te escrever isso, pensando de maneira muito forte para que esta energia te chegue, estão todas voltadas para te desejar um bom caminhar. nada terminou. não acaba aqui. estás presente. fica bem. fica firme. continua na fé. cumpriste uma missão, pelo menos comigo: tu me ensinaste a amar sem qualquer razão, tu me ensinaste o amor pelo amor.

eu te amo para toda a eternidade, meu amigo.



30.8.14

Passeando

Entre os copos plásticos e mundos, submundos, vastos seres sem identidade,  entre corpos sem rostos, meros desconhecidos, ditos "doentes" os que a rua habitam por aqueles que realmente estão doentes, que habitam um mundo individual e solitário... Entre as sombras das árvores e os colchões de quem não tem para onde ir, entre a margem e o rio, entre o raso e o fio, a música e o pensamento, entre nós,  entre tranças, entre trancas, entre transas,  entre outros... Entre o mundo que cuidamos e as mulheres que protejo, entre os doentes que tratas e as leis que levo, entre a entrada há uma saída, tu entras, eu vivo, sentimos o que há de melhor nos sentires dentro e fora dos mundos e não paramos. Estamos imersos. E que tempo lindo faz aqui agora. Os doentes de todos os tipos veneram a tarde. E não é cedo nem tarde, nem mais tarde, é: exato.

28.8.14

pequeno quase tratado de um autoretrato acerca do amor, da liberdade e de um possível resultado

I
de tudo o que fiz, e de tudo o que sou, construída e desconstruída
por tudo ainda o que não fiz e o que ainda será
eu reafirmo minha tese de que o não poder me reprime
de que a proibição me destrata
e de que o querer ainda mata
mas não mata literal sempre
tem dias que mata quietinho, baixinho
e em outros grita feito bicho perdido no mundo
a política de meu corpo exprime minha política geral
o que sou dentro de mim aplico ao meu eu de fora
canto liberdade mesmo que ela seja complicada
é problematizada em mim mesma
porque a gente não entende que amor não é prisão
sentir é deixar ser o que se quiser
é deixar ir se assim se desejar
é não temer que a liberdade de se ir seja maior que o próprio amor
a evolução do amor, que é sua volta às origens, ao que era
amor livre, amor compreensivo
é muitas vezes uma chaga para mim
porque luto comigo mesma, pois absorvi a cultura que diz:
"é teu"
não possuo nada, não possuo ninguém
sou dona de mim mesma, apenas
por tudo o que já aconteceu nessa vida
eu quero clarear o pensamento e ter forças de dizer
sem choro, sem fim, sem mágoa
com um sorriso enorme e leveza no coração
não sou de ninguém, ninguém é meu
amo alguém, amo a liberdade, amo ser eu
estou aprendendo a amar
e quem não está, por favor, faça-o
o mundo talvez precise de mais amor
mas também de mais racionalidade

II
sinto saudade, bom saber que também sentes
sinto vontade, e aí às vezes me esqueço do resto
da vida de tão linda que tem sido
com todos os problemas, dilemas e algumas lágrimas
lembro que eu sou o que sou e me afirmo em mim
isso é importante para meu empoderamento
não nasci assim, tenho meu jeito
mas minha liberdade e minha autonomia são construções
que vieram quando me destruí e reergui-me
ser sozinha é difícil mas ainda é o mais fácil
a construção individual é libertadora e gratificante
mas pessoas são diferentes
aplicar o aprendizado é desafiador
mas é um bom exercício de empatia
sim, aplico-te, examino-me, observo-nos
amar também é exercício, desconstrução
é quebrar muros paradigmáticos enormes
vou descobrindo

III
por tudo o que sou, fui, serei e fiz, faço e farei
vou descobrindo

24.8.14

Fico feliz
Até quando acho que descansas
Espero que descanses
Ser feliz é aconchego

20.8.14

Sou

Descobri hoje que eu sou eu.
Não sou quem tu pensas que eu sou. Não sou a impressão que tiveste, nem a primeira, nem a segunda, talvez nem a centésima. Não sou tua expectativa. Não sou a mulher de teus sonhos. Tampouco sou a mulher de teus pesadelos. Não sou aquilo que queiras que eu seja. Não sou amável por aquilo que desejas. Não sou efêmera como deveria ter sido. Não sou eterna enquanto durar. Não sou o fantasma que pode ter te habitado. Não sou a sombra que anda ao teu lado. Não sou a fera que um dia te arranhou. Não sou a ferida que um dia me deixaste. Não sou um pedaço de carne. Não sou o teu sexo. Não sou a tua alma. Não sou teu corpo. Não sou tua. Não sou a pegada que deixei em teu caminho. Não sou o caminho. Não sou o amor. Não sou a dor. Não sou o abraço, nem o suspiro, nem o beijo, nem o gozo, nem o cheiro, nem a nuca, nem o nunca. Não sou o que deveria te ser nem o que deveria ter te sido e nem serei o que talvez devesse te ser.

Eu descobri hoje que eu sou apenas eu. Sou provavelmente tudo isso que também não sou. Mas sou tudo, não partes. Sou teu suor mas sou teu descanso, sou teu cansaço mas sou a paz, sou tua raiva mas sou teu sorriso. Uma pessoa só pode ser inteira.

sou a vida inteira em raio de sol e redemoinho.  vento grosso, chuva mansa, flor astral e corpo quente.

Hoje descobri que eu sou eu, dona de mim, e não o que tu desejas.

lide com isso do jeito que lhe aprouver.

17.8.14

Meu fantasma.

Tenho um fantasma
Que literalmente anda perto
Um ser de outra vida
E que conheço bem
De uma existência perdida
Meu fantasma não entende
Que ele não me existe mais
Ele não evolui
Ele não quer sair daqui
Então, ele fica por aqui
Enquanto o ignoro
Ele se torna mais forte
E quer me deter
Ele me quer
Agora que o conheço
Olho para ele
E digo com os olhos
"Senhor, vá em paz
Eu nada mais sou
Eu já te fui amor
Talvez
Mas hoje eu sou eu
Não mais aquela"
E ele me transforma em algo
Que desconheço
Essa pessoa cansada
Perdida em devaneios
Fraca de espírito
E com a mente em depressão
Acredito em fantasmas
E há um comigo
O tempo me fez perceber
Mas eu não posso deixá-lo ficar
Assim é dizer a ele que faz parte de mim
Não sou essa
Não sou obsessiva
Não sou
Eu me tenho
Alma sensível
Entrada quebrada
Mas forte

Meu fantasma não é só metafórico
Ele é real
Mas há mais vida aqui
Que no pensamento de outras
Então, eu vou viver
Sem medo.

13.8.14

O que eu entendo.

Se, meu bem, eu tiver que não passar as horas que eu gostaria contigo, eu entenderei. Se eu não puder mais te ver por conta de teu trabalho tão lindo, eu não chorarei. Se eu tiver que suspirar sozinha e torcer baixinho por cada passo teu diante deste mundo traiçoeiro da vida na rua, eu farei. Eu aplaudo todas as coisas lindas que essa trupe faz, que essas mentes fazem, que essas vidas trazem. Eu sou orgulhosa de ti, assim como tantos, assim como muitos.

Mas eu gosto de pensar, ainda, que de alguma forma, meu sorriso difere dos demais. E eu não peço desculpas por isso. Porque tudo o que fomos e talvez ainda sejamos faz com que meu sorriso e minha lágrima me diferenciem de tantos.

Se eu tiver que não fazer mais qualquer intervenção poética abestadística espiritual destínica amorosa, aí já não sei. Eu sou dessas, de falar coisas boas para as pessoas que gosto, afinal, amor dá medo, mas nunca é ruim. E amo esse trabalho que vocês fazem, e se é possível, sim, te amo mais agora do que antes, não que isso mude algo, mas é bom olhar para a pessoa que a gente ama e pensar "foi um bom destino".

Mesmo com o maior dos pesares, com tanta confusão, e se, por esse trabalho lindo - mas só por isso - tu não tens tempo para mim, eu aceito. E continuo torcendo. Sempre.

Hoje sei o quanto a humanidade vale mais, mesmo que isso arrisque um amor.

Obrigada por seres quem és. Obrigada por teres chegado a mim. Obrigada pelo amor. Obrigada por, de alguma maneira, nunca teres ido embora.

Continue(mos). Evoé!

12.8.14

No canto
Eu descanso do mundo

5.8.14

Astro claro.

Minha mão tateou a noite
(E os dias)

Até que uma estrela caiu
(E todo o universo)

Como uma luva
(E lá ficou)

Ainda sou estrela. Astro. Oculta. E óbvia.

30.7.14

Deixa
eu tatear a noite
Deixa a estrela cair
Como luva
Deixa para lá
Deixa assim
Deixa estar
Deixa a estrela dançar
Deixa a estrela correr
Não pode ficar
Deixa

11.7.14

cinquenta e cinco semanas
sendo

sua

2.7.14

Estou pensando.
Se é cedo ou se já é, na verdade, tarde.

1.7.14

destino palhaço.

- destino palhaço - destino que brinca com o ridículo e não o teme - destino que é meu, quem aprende a não temer seu ridículo, seu medo e seu próprio destino - que insiste em brincar.


tenho pensado em como o destino tem brincado comigo. quer dizer, anda tão engraçada a situação que tenho uma amiga querida que vive dizendo como o destino brinca comigo. e se ele brinca, eu rio. eu gargalho. tenho um medo enorme correndo em minhas veias todos os dias e isso é ótimo. isso me lembra que estou viva e que gosto de viver. quando lembro que um dia não tive mais medo - medo da morte -, isso me faz pensar o quanto eu não sentia nada. nada. não sentia nem culpa por não sentir nada. sentir nada é a pior sensação que pode acontecer a uma pessoa. sentir nada é uma chaga, é uma contaminação da alma. quando lembro, eu fico mal. e fico feliz, porque percebo que recuperei minha capacidade de sentir.

creio até que com mais força. sinto ainda mais. minha carne ainda anda rasgada, ainda anda cheia de feridas, cicatrizando, e eu tenho medo de mais baques. óbvio que tenho. e é a partir desse medo e de todo esse sentir que recuperei - com muita ajuda de quem me gosta e me quer bem - que eu tento segurar as barras, que eu tenho que florescer coisas boas a partir das neuras. são muitas neuras. e são muitas saudades. é muito peito aberto. mas ando sentindo. tô guardando muita coisa, é verdade. mas é por bem. é pro bem. é para ele.

e por estar sentindo e tentando andar com meu medo em meu paralelo, não paraliso mais. quando sinto que vou congelar, por tantas brincadeiras do destino, penso que é só brincadeira. não dá mais para ficar daquele jeito. porque primeiro a gente sente vontade de sentir de novo, de querer sair. mas chega um momento, em que não há mais sentir, mais querência. como posso viver assim? não posso mais. então, eu rio, eu gargalho, eu tiro sarro de mim mesma. eu sinto falta, minha alma fica em carne viva, latejando, doendo, ardendo. ARDENDO. arde na pele, não é só uma metáfora. arde. queima. la-te-ja. mesmo assim, eu continuo.

e tento melhorar.

destino, agradeço do fundo do coração se te aquietares. mas espero que saibas que não estou contra ti. que não te temo. se for para ser, que seja.

amém.
axé.
EVOÉ!

30.6.14

Quanto mais vou dizendo não, mais tudo parece me levar para um sim.

25.6.14

De mais um episódio das cartas dadas, devolvidas, escondidas e perdidas.

Eu te escondi tão no fundo de algum baú que quando quero te encontrar, apenas afundo num ruído de mar. Parece que não te achar é mais uma brincadeira que o destino me prega, quando se trata de ti. Já fiz duas grandes buscas, mas não. Não acho toda a alma que te escrevi. E essas letras todas, essas coisas todas, fazem eu me revirar, porque é como se houvesse um coração que não para de bater em meio ao quarto, como se esse caos não me deixasse existir direito. O barulho das palavras batendo um coração é às vezes ensurdecedor. A dúvida de onde te enfiei é algo que compromete minha sanidade. Eu não aguentava mais que minha alma estivesse contigo, e resolvi pegá-la de volta. Agora que tudo é um grande mistério, nada me sobra a não ser um milagre dessa alma, que não é mais minha, é tua desde que te dei, ressurja. Para mim, estavas com uma fitinha amarrada em meio a um livro qualquer. Mas agora do jeito que és fugidio deste um nó no laço que me segurava firme ao chão. A cartas continuam gritando, com teclas de máquina de datilografar ecoando, em mais uma noite que perco o sono pensando onde diabos eu te coloquei.

Onde diabos tu estás que não aqui em meu peito?

23.6.14

Na certeza de que a vida segue e que problema meu se não a acompanho, curvo-me às peripécias de meu destino e nado contra a corrente. Novamente.

Se me afogo, só no fim da jornada que poderei dizer. Talvez nem haja fim. Quem sabe. Quem ousa afirmar que findar-me-ei um dia desse mar?

21.6.14

Outros 365

Foi quando tocou "baby". Faz exatamente, inclusive pela hora, 1 ano. As coisas giravam não de embriaguez, mas de beleza. Tu me giravas, em todas as direções, porque havia sol em todos os lados e eu fui o girassol, a flor de tua lapela naquele dia. Eu fui tudo e toda para ti. Após isto, descobriste meu ser, minha carne e minha alma, do jeito mais solene possível, do jeito em que ainda havia vestes mas o corpo já estava desnudo de tanta descoberta. Sem literalidades, é só uma metáfora. Mas o beijo aquela noite durou uma vida inteira. Dura até hoje. Eu ainda te sinto como se fosse há 1 ano.

"Fecha os olhos. Guarda as mãos. E só sente o beijo".

Fomos assim.

18.6.14

Hoje não estou em mim
Porque acho que não sei onde estou
Essa noite me perdi
Em algum sonho ruim

16.6.14

365.

Escreverei estas linhas desacreditadas de não ter feito o que desejava apenas para que nada passe em branco. Em minha mente, não passou. A vida não passou. Faz tanto tempo assim e não faz quase nada que te vi e que te fui apresentada. Eu tinha cabelos longos e estava querendo encontrar um lugar maior que eu, algo que me fizesse enxergar mais longe.
Então, eu saí de casa, num domingo, sozinha, ao encontro do desconhecido. Ao encontro de mim mesma de repente com vários outros que tinham em seus corações um desejo de mudança - que foi descoberto depois por muito poucos. Mas eu saí.
Eu digo que se não fosse essa pequena vontade de mudar o mundo, meu mundo não teria mudado.
Oh, sim. Tanto aconteceu. Tanto chorei. Tanto eu morri. Mas eu não acho que fui menos feliz. Eu fui feliz e ainda sou. Penso nas lembranças e elas me confortam. Não tem como hoje passar em branco.

Eu guardei na bolsa um disco para escutar na vitrola. O disco da Elis Regina que colocava para escutar quando era criança na vitrola daqui que já não presta mais. Eu iria te dar o momento da música que talvez pudesse ter representado aquele momento em que te conheci. "Como nossos pais" diz algo sobre nosso amor de nós dois e algo sobre nosso amor com o mundo mais do que eu imaginava. Eu estava cantarolando dia desses e pensei o quanto seria bom escutar contigo. Para marcar. Para que o dia 16.06 não seja esquecido, daqui a 1, 2, 5, 10 anos.

Amo ainda o que és, porque és o que eu nunca tinha desejado simplesmente por acreditar que não podia existir. Existe, sim. Não está ao meu alcance, eu não estou ao teu, mas amor, eu percebi, que não pensa realmente muito com a razão.  É isso e só.
Nada posso fazer. E vou vivendo.

Há exatamente 1 ano, essa hora, eu pensei em ti assim "vai acontecer algo comigo e com ele". Ainda não sabia o quê.

A resposta veio no outro dia, quando te encontrei novamente.
Eu pensei "a gente vai se amar".

Não se sente isso tão facilmente. Eu senti. Eu vivi.
Obrigada por surgir.
Um beijo, bem.

15.6.14

Velha pedra.

He chased me through the rain
'Honey, I'm going your way'
I don't think so
You can chase me through the rain
Scream my name, a childish game
But I love to be young
And honey I was never gonna change
And honey you were never gonna change
But you love, don't you love it that way
Old stone
Ten thousand years and you're still on your own
Don't you love
Don't you love me that way?
And if you swear that you're alright
I'm not gonna try and change your mind
Cause the same name I dream that I lose you I'll fall in love
And oh honey don't let me walk away from this
If I'm trying to fuck up my own life
Then until I figure out why
I think it's best you keep your distance
Lest I fall in love
Old stone
Ten thousands years and you're still on your own
Don't you love
Don't you love me that way?
He chased me through the rain
'Honey I'm going your way'
I don't think so
You can chase me through the rain
Scream my name, a childish game
But I love to be young

(Old stone - Laura Marling)






Leave.

8.6.14

Le plus difficile à traduire l'amour.

Tu es ma pensée la plus confortable et mon vouloir plus incroyable. Tu es ce que je n'aurais pas pu imaginer pour moi et qui allaient et venaient.  Tu es ce que je dois laisser aller.
Mas o que eu deveria fazer? Tu es mon amour et je ne sais pas o que eu deveria querer. Mas eu não reclamo. Je chante. Je vis. J'espère. J'aime.
Mesmo que às vezes eu esteja no ar, sem ar. Même si l'amour n'est pas pour moi.

5.6.14

Metodologia de um sentir.

1. O antes.

Antes de te ver novamente este ano, no início do ano, pensei que não ia conseguir parar de sentir falta. Até escrevi que é só virar as costas para a falta já chegar. Senti bastante. Mas em algum momento, a falta passou. É bem verdade que te sufoquei bem, que quase te mato em meu peito, e a falta que sentia foi minha maior falta de ar. Não eras meu ar, mas te suspirar era bom demais.

2. O meio.

Durante o tempo, a falta foi passando. De uma forma que não soube explicar, tampouco me preocupei em explicar, o que normalmente faço e gosto de fazer. Vivi novamente e ensaiei paixões. Não todas carnais, algumas mais literárias, artísticas, sociais, filosóficas. Se queres saber, foi um período incrível. Eu mergulhei em meus mais profundos sonhos, nas mais diversas vontades e fui eu mesma novamente. Essa. Que te escreve.

3. O depois.

Não senti tua falta até quando te li novamente. Não te quis até quando te vi novamente. Não me preocupei com essa paixão sufocada até não conseguir dormir novamente. Não tive mais frio na barriga até esperar por um olhar novamente. Não fiquei nervosa até querer estar contigo novamente.

E isso é tão pouco metafísico, tirando que é tanto. É pouco e muito ao mesmo tempo. Porque meu amor, minha paixão, essa coisa que faz com que eu sinta certa falta de ti, teu corpo, fisicamente, e de tua alma, tua conversa, teu ser, faz com que eu saiba que nunca te terei novamente. E que não quero que seja daquele jeito novamente.

Preciso rir-me sempre e não mereço, deuses, não mereço o antes novamente. Eu quero o depois. Quero.

A falta que não senti me veio como um soco no estômago. Saberei lidar, quando souber. Tratando-se de mim e apesar de tratar-se de ti, de nós, acho que será rápido. Espero que eficaz. Eu sempre aprendo a lidar. Talvez esse texto seja o início do depois.

É, Bem, ressurgiste a partir de um ano novo parece que me trazendo algo novo que já conhecia um tanto, que é tua falta. Isso é coisa boa. Isso é dizer que eu te gosto.

4. A inconclusão.

Li dia desses assim:

"Quando há afinidade, qualquer reencontro retorna a relação, o diálogo, a conversa, o afeto, no exato momento em que foi interrompido".

Talvez a concordância verbal não esteja tão perfeita, mas concordo com o que esse imperfeito disse.

Com açúcar, com afeto,
Da tua
Eu.

3.6.14

Faz um tempo que a profundidade assusta e ando no raso. E faz tempo que só um tem meu amor. Faz tempo que sufoquei. Faz tempo que quase o matei. Mas como um amor deve ser, não morre só porque deve, para nosso conforto, morrer. Morre quando não existe mais. Enquanto ele existe, a gente lida da forma que dá. A profundidade continua assustando e eu continuo andando no raso. Mas dessa vez, eu lido com essa sobrevivência do amor de forma bem melhor.

31.5.14

Estive.

(Estive)

Estive
Em toda suntuosidade do amor, estive
Estive até quando não acreditarias que estivesse
Estive
Só não estive quando não estive mais em mim mesma
Mas estive lá, aqui, estive aí
Estúpida. Infame. Tola. Estive.
E nunca parti.

(Estou)

19.5.14

Voltei para dizer que parei em meio à confusão, suspensa, de repente, naquele mar de cor, de luz e de flor. Ah, seu maldito! Fico-me rindo sozinha a esta hora da madrugada insone só porque eu lembrei o que foi bom. E como foi bom. Era muita cor. Muita luz. Muita flor. Era muita paz. Dois brincando de sorrir. Sinto falta. Que maravilha foi viver assim. Mas tive que parar porque me peguei achando que ainda estava nesse mundo. Ele não me pertence. Não o teu. Talvez meu próprio mundo, aquele que eu mesma (me) inventei. Esse jardim que é todo teu me faz ter saudade e vontade de regar. Ai, amor, ai: o amor. E vai doendo, vai gemendo fraquinho, mansinho, vai se descobrindo, bateu asas no estômago e me desgraçou. Je t'aime,  je t'aime, même si vous ne m'aimez pas. Et vous?

Always in my head

- acho que nunca deixei de te amar.
- tu nunca deixaste de amar ninguém.
- e tu sim?
(...)

18.5.14

Ressentir (ou a crônica do "já? Já")

Estou tão absurdamente assim numa hipérbole mesmo sem sentir algo novo que não esperava que fosse ressentir o que já estava esmiuçadamente ressentido. Ressentido. Ressentimento. De onde surgiu essa palavra no padrão que entendemos por mágoa?
Pensando agora eu não sei o que pensar. E gostaria muito de não me preocupar com isso... mas ressentir faz lembrar das coisas boas e esquecer as ruins. Talvez por isso o melhor seja fazer o que estou fazendo, quer dizer, eu virei uma evitadora. Isso não tem me deixado exatamente feliz como a gente acha que aos vinte e poucos anos vai ser. Mas tem me deixado tranquila.
Tudo passa e esse sentir, ressentido, daqui a pouco passa. Durmo e amanhã é outro dia. Como vou me sentir? Sei lá. Tô evitando pensar e deixando o senhor do tempo agir, sempre.
Mas todo aquele vermelho e aquele ardor que há tanto não sentia... É, eu vou ficar pensando e provavelmente vai ser um bom pensamento.
Porque é bem capaz que nada termine mesmo.
Perigoso. Mas é isso.

6.5.14

Creio que mais lindo que a mentira daqueles versos é a verdade estampada em algumas palavras meio desritmadas mas que derrotam essa cara deslavada.

4.5.14

Que sentir é esse...?
Um sentir de nada.
Um vazio...
Uma saudade que parece que habita aqui mas deixa um espaço enorme.
O que deveria ser não foi.
O que foi ainda continuaria sendo.
É.  Eu entendo tua saudade, moço.
Algumas muitas vezes estive desse lado.
E quando quem a gente ama resolve ir embora, a gente faz isso mesmo:
A gente tenta.
Não me acostumo em não tentar.
Felicidade não é dada de mão beijada.
Sinto por estares só.
A gente se sente só e às vezes só quer uma companhia.
Eu me sinto só.
Mas acabo sofrendo um pouquinho só ao invés de deixar me doer muito.
Arranjo um bom livro.
Mesmo fazendo tudo e não achando tempo para sentir saudade, a saudade nos acha e faz com que tenhamos tempo para senti-la.
Eu te entendo.
Não queria que pensasses muito nisso.
Eu não sei se ainda estou com raiva.
Mas por ter sentido o que sentes... eu te entendo. Só te entendo mesmo.
Quem sabe logo tu não ficas bem?
Espero que sim.
O vazio nem sempre passa.
Mas a gente se acostuma em ter esse espaço vazio para quem sabe alguém preencher.
Afinal, o vazio é bom porque qualquer coisa boa pode tomar lugar.
Acredita.

Beijo.

1.5.14

A gente não pensa.

A gente, quando tá com alguém, nunca pensa no que essa pessoa é quando distante. Quer dizer, no fim das contas, por mais linda que ela tenha sido, após o relacionamento terminar, ela vai te ignorar, vai fingir que não existe ou que não foste importante.

De repente, não foste. Mesmo assim, tenho para mim que ignorar uma conversa, um abraço, até mesmo um encontro amigável, é egoísmo demais.

Não lembro de ter tratado nenhum ex-qualquer coisa de maneira ignorante, nunca neguei uma conversa, uma palavra de carinho.

A gente nunca sabe o que foi no coração de uma pessoa, por isso, ela pode estar precisando da TUA palavra naquele momento.

Nunca imaginei que ele fosse me tratar de forma ignorante. Tão igual aos outros.

(Por isso que quando pedia para eu não compará-lo, eu só conseguia pensar "mas como, se já vi isso antes?")

30.4.14

Razbliuto

Lembras que te pedi uma coisa?
Lembras que me falaste que me querias?
Lembras que te falei que não acreditava?
Lembras o que disseste que seria?
Lembras?

Não tenho razões para cobrar qualquer sentimento de qualquer pessoa, nem meus próprios sentimentos são cobrados.

Mas gostaria de te dizer que no mix de raiva e carinho, eu te pedi uma coisa. Eu te pedi: não te afastes.

Lembras que te pedi uma coisa?
Lembras do que me dizias?
Fica pertinho. Fica comigo. Serás feliz.
Eu quis. Eu fiz.
Mas foste.

Não faça isso de novo. Com ninguém. Porque ainda existe essa ingenuidade de acreditar. Eu acreditei, meio não acreditando. Mas quis. Tu lá estavas, falando todas as coisas certas. Como não querer?

Mas se não for para valer... Não fala nada. Assim dói menos a saudade.

Lembras que eu te pedi uma coisa?
É. Quero que lembres.
Para assim, importares-te.
Lembras?
Sei que sim.

24.4.14

Eu conjugo.

Estive correndo com o coração e agora finalmente caminho. Escolhi meu caminho. Sou de meu domínio. Eu me conheço.  Eu me esclareço.  Eu mereço e aceito o que vier, mas não me engano: eu me crio e me recrio, eu me faço. Eu me encaixo. Eu posso ser o que quiser, e eu me construo,  reconstruo, destruo se necessário, eu me conheço. Eu me conheço tanto que sei o que virá. E assim, eu caminho. Eu me domino. Eu me livro. Eu vivo.

23.4.14

gypsy.

começo este quase tendo a certeza de que as palavras chegarão ao destinatário, coisa que no fim das contas não é tão importante, pois não deixaria de escrever uma palavra das que quero por conta de medo de ser lida ou não ser lida. o importante é que eu diga, que eu sinta, que eu expresse tudo o que mexe e remexe comigo agora.
não tenho como esquecer o que sou. mesmo nos piores momentos da vida, eu não posso esquecer o que sou. ninguém pode esquecer o que se é, a alma que tem e quais os valores são essenciais para essa existência. somos eternamente suscetíveis a mudanças, e os caminhos têm disso mesmo, fazem-te mudar às vezes até sem querer, e não dá tempo para assimilar todas as ideias que surgem a partir disso. saber lidar com mudanças repentinas é tudo o que muitas almas humanas não conseguem e acabam por se perder em si mesmas. não esquecer de sua própria fé em si mesmo e o que se é se torna tão essencial quanto viver.
minha alma por muitas vezes está envolta e mergulhada na mais amargurada insegurança e solidão, mas, por algum motivo, ela sai e ressurge como uma flor de lótus. a flor de lótus nasce em meio à lama, simbolizando o renascimento - sabias? -, não à toa sendo minha flor. já morri e renasci pelo menos umas 3 ou 4 vezes entre meus terrenos 25 anos. só esse ano já renasci uma vez. ainda estou renascendo, florescendo, tentando crescer, arrancando o que há de ruim ainda em meu coração.
e por tentar arrancar o ruim, preciso te dizer que é impossível arrancar o bom. nada de bom que viveste em teus anos dessa existência será retirado de ti. a vida é feita para morrer e renascer porque é disso mesmo que se constrói uma alma. tenho receio quem nunca morreu nenhuma vez. e tenho o instinto humano de ajudar a renascer todo aquele que me cativa. é, meu querido, tu me cativaste. e sinto que muita coisa boa ainda está por vir. não sei se virá, mas sinto que se deixares, a vida a ti que poderia somar seria uma boa lembrança impossível de ser retirada no futuro.
nenhum amor como esse é superado da maneira como nos contam os filmes. talvez quem a gente amou de verdade nunca deixemos de amar. e aprender que amar quase sempre é metafísico é tarefa árdua. 
não te pediria, tampouco te sugeriria, um amor nesse momento. amor de carne, amor que deita e dorme e acorda e vive, não. eu te sugiro todos os possíveis níveis de abraços de amizade que eu poderia te dar, todas as conversas de fim de festa e até um ombro amigo para chorar de saudade do amor que tiveste, pelo simples fato de que me cativaste.
e de que me lembrei do que sou feita. que minha alma é cigana, é livre, é nômade, no sentido de que meus caminhos são escolhidos mediante à liberdade que desejo e sempre desejei. liberdade é uma prisão. é impossível sair dela quando não sabemos administrá-la. a liberdade assim costuma se tornar egoísmo. minha liberdade é a de amar e de poder amar o que e quem eu quiser. eu sou livre para escolher meus amores e mesmo que eu não vá ganhar amor em troca, muitas vezes amo. e eu amo ser o que eu sou.
nem sempre estarei para ti da forma que talvez possa querer, muitas vezes estou muito e muitas vezes estou pouco, mas espero que tenhas a certeza de que jamais eu te magoaria. porque eu sei o que sou e sei o que és.
digo-te, sem medo, que te amaria, sim. isso é tão evidente. não duvido que se estivéssemos na hora certa, tu também me amarias. não sei como duas pessoas podem ser absurdamente parecidas assim. mesma vibração. talvez por isso, também, não gostaria de perder tua alma. a vida já é tão cheia de escolhas e caminhos desconhecidos que quando a gente encontra alguém tão parecido a jornada parece que se torna mais fácil. não sei se é impressão, é só uma coisa que acho mesmo.
mas a vida, ah, a vida, essa situação imprecisa a qual somos jogados. não foi minha vez em teu coração, deixando tudo muito no raso. por que eu gostaria de aprofundar? são perguntas que se eu for pensar muito, não sei responder. então, seguindo meu coração como tu mesmo sempre falas, eu apenas te quero por perto. pesando pós e contras, idas e vindas. mas nunca entre amores. o que falta é amor, e eu falo daquele amor de amizade. o que falta para o mundo é isso. sabes como sou, meio doida das ideias, e eu acho mesmo que o que te falta agora é algo novo, mas não um relacionamento amoroso. falta-se sorrir com coisas novas.
sim, sou cara de pau o suficiente para dizer que eu sou parte disso. vais dizer que mesmo com tudo, os sorrisos não foram verdadeiros? e, sim, sou advogada e como tal demonstro a melhor a tese argumentativa, não é de se estranhar que misturo a tese com poesia, a forma com um querer.
desejo muito que não me desconheças. cansei tanto de desconhecer pessoas maravilhosas e não gostaria de te perder. eu vou entender se quiseres te afastar, consequentemente de forma ilimitada, para não falar "para sempre" (é muito forte essa expressão, evito). o tempo, o senhor do tempo, meu querido, só ele sabe de todas as coisas. e às vezes desconfio que nem ele sabe direito, então deixa nossas vidas de pernas para o ar. mas eu desejo que fiques. eu desejo que quando chegares eu possa te dar o abraço mais sincero de amizade. eu desejo que a gente ria e desanuvie dos problemas. eu desejo que algo novo te restabeleça para que possas continuar querendo enfrentar a vida. que os velhos amigos de uma vida te segurem, mas que as coisas novas te tragam sopros e mais sopros de esperança o tempo todo.
desejo isso a ti porque sempre desejo isso a mim. porque renascer não é fácil. porque ressurgir da lama muitas vezes exige ajuda. 
ser cigana, ter alma cigana também muitas vezes é uma coisa complicada, porque quem não é não conseguiria entender esse meu sentimento. podem me chamar até de masoquista. mas não há prazer maior em ver as pessoas que a gente gosta e que merecem nosso gosto sorrindo por nossa culpa.
eu te desejo sorrisos incontáveis e eu desejo fazer parte disso.
eu te espero voltar. eu espero voltares de teu refúgio espiritual necessário para que eu possa te dar aquele abraço dali de cima.
eu te desejo um pouco de mim em alguns dias teus porque eu vou te lembrar, quando precisares, que ser quem se é e gostar disso é a maior dádiva que podemos nos permitir.

eu assino o destino e desejo que assines também.

21.4.14

Tem sentir e tem sentires aqui e ali.

Tem coisa que acontece tão coisada e tem nós tão enrolados que pensamentos às vezes de arrebentar acontecem. A prisão é tão profunda, a risada é tão profunda, mas o sentir é tão raso, rasinho, que as coisas ruins dão risinho. Tem meu coração que sentiu e sentiu tão bonito, foi tão cuidadoso com o perigo, foi tão bondoso comigo, dizendo para onde ir, como ir e com quem ir, mas ele, coitado, é tão esperançoso que achou que tinha achado. Encontrado um coraçãozinho honesto, era só isso que ele queria... agora ele está tão duvidoso, tão chuvoso, que nem o clima lá fora. E tão distante, querendo perguntar "mas por quê?". Por quê, moço, cê fez isso com meu coração? Tô sendo advogada de meu coração porque ele precisa de uma defesa,  ele não aguenta mais isso, não. Por que, moço,  cê fez isso? Por que cê disse pro coração que ele poderia gostar do seu? E que era sério mesmo, "de rocha", que cê tava lá para ele? Por que, moço, cê se esconde, cê fica mudo? É medo? Cê disse a verdade? Cê gostou de meu coração mesmo? Como é que muda tão rápido de gostar assim? Cê disse que se sentia bem perto de meu coração... cê disse... ele acreditou.
Tem gostar e tem gostares, tem sentir e tem sentires, tem ir e tem ires... ele foi embora e a moça ficou mais uma vez tristonha. Porque a moça viu e sentiu e acreditou naquele moço que fazia ela se sentir tão bem, tão confortável, tão aprazível. Ela resolveu acreditar bem de pouquinho e quando já tava toda cheia dos gostares... o moço que tinha dito que tudo era tão sério e lindo e importante foi embora... coração ficou miúdo. Moído. Coração não deveria ter gostado tanto, não. Mas gostou,  ainda gosta. O moço não quer mais a moça com seu coração duvidoso. A moça não quer mais ninguém.
Tem sentir e tem sentires. A moça,  essa moça que vos fala, eu mesma... eu só desisti. Porque cansa acreditar... e depois ver alguém partir.

20.4.14

Acordei tarde, atrasada e perdida. Acordei esperando que alguém viesse me acordar. Acordei sozinha, andei pela casa, senti saudade e deitei novamente. Então, sonhei. Acordei de vez. Lembrei-me das últimas coisas que disseste e não consegui imaginar tua voz falando aquilo. Não consigo te ouvir dizendo aquelas palavras. Tenho vontade de te dizer bom dia. E te dizer como foi o dia. Não meço o tempo do jeito do calendário. Meço a partir de meu sentir. Por isso, ainda sinto saudade, mesmo que no tempo comum já não precisasse. Tu disseste adeus. Goodbye. Au revoir. Adiós. Misturo as línguas porque "adeus" em português é tão forte. Parece que nunca mais te verei. E hoje te vi. Fui à tua casa, em meu sonho. Uma cadelinha linda me recebeu desde à escada. Acordei com saudades. Não sei que dia é hoje. Não sei o que devo fazer. Só sei que meu tempo, nesse momento, está me pregando peças. Tu não queres mais me ver nunca mais? Queria te perguntar isso. Mas não pergunto. Tu disseste adeus, em português mesmo. "Se cuida". Isso não é de quem ainda deseja desejar teu abraço. Sinto tua falta. Ainda sonho de vez em quando. Mas agora acordei... não foi bom.

17.4.14

o que quero falar.

um dia marcado por chuva, poucos graus, alguma preocupação. eu queria ter contado em todos os significados muitas coisas hoje, eu queria ter dito que gostaria de um abraço específico de conforto, mas que não é uma necessidade, e sim um querer. um querer tranquilo. a cabeça cheia de problemas, e um corpo cheio de luz tem que emanar o que tem que ser emanado. estou rezando a Deus hoje. diretamente a ele, para que ele possa fazer com meu melhor amigo saia dessa. e fique lindo novamente. eu queria ter te contado que ele está mal. e que gostaria que estivesses aqui. mas não te contarei de toda a leve tragédia que passei hoje, em muitos níveis, porque não há mais nada o que fazer.
o que quero falar é algo que eu não devo, expressar algo que não se necessita.
estamos longe de corpo e alma, não há necessidade.

mas que o dia de hoje sirva para trazer a paz amanhã e que os problemas sejam resolvidos. e que Deus possa curar meu amigo. meu grande amigo, meu irmão.

16.4.14

texto escrito em razão de suspiros.

disse, certa vez há uns anos, que tenho medo do futuro, e por isso vou-me desesperadamente ao seu encontro. acho que, hoje, após ir tantas vezes ao encontro do futuro, que não tenho mais medo dele. aceito-o. tento parar de ir ao seu encontro desesperadamente. assim, lembro que há presente. minhas escolhas, certamente, ainda são todas baseadas em um futuro, que pode ser distante ou próximo. mas sempre penso "isso me fará melhor ou pior?", "estarei onde se for por esse caminho?", "qual o melhor destino?".
tento não mais contar dias, nem futuros nem passados. sempre tive problemas com tempo, sempre. ou me viciei demais em contar datas passadas. quando elas estavam perto de completar um ciclo (poderia ser de mês ou ano), começava a sofrer lentamente, numa agoniazinha que perdurava até chegar o dia que eu contava dias. isto é, sofria no antes, no durante e no depois. não entendo até hoje a razão, se era algum tipo de masoquismo emocional.
passado um tempo, em que novas situações foram vividas, ainda lembro de datas, mas só se for para comemorá-las. lembro o que estava fazendo há exatamente 1 mês. ou 2 meses. ou 3 meses atrás. eu lembro e já entendi que assim minha cabeça funciona e por isso me aceito. mas a vida não é essa eterna contagem de prazos. a vida parece ser todo o sorriso que se desencadeia na hora. no minuto. agora.
já li que coisas inesquecíveis acontecem assim mesmo, de repente. do nada. e é lembrar dessa informação que me surge a calma. há 2 dias que rezo baixinho para os deuses que acredito que me guiam e para os santos, orixás e o que mais surgir à frente. estou rezando para que eu tenha forças e não diga o que não devo. nem aqui. nem aqui... nem aqui, meu refúgio.
respiro fundo. ainda tô me perguntando por onde anda meu bom dia. anda por aí, solto, leve, vivendo. e estou feliz por isso. não sei se sou louca por estar feliz de tê-lo libertado. vai, menino, corre. respira. é tão bom. eu faria o mesmo. estou tentando fazer isso, mesmo com o ar rarefeito que tem me cercado. alguma coisa anda nublada. mas eu resolvo. tô resolvendo.
não sei o que vai acontecer e sempre disse que não saber me deixa doida. mas estou num aprendizado de que não posso controlar tudo e estou bem menos doida. aceito, tempo, eu te aceito. tens sido generoso comigo, no fim das contas. eu escolho os caminhos, às vezes errados, mas me mostras um jeito de consertar.
sinto saudade. sinto mesmo. não imaginava que assim, tão mansinha, calminha... como se eu entendesse que era para acontecer. meu coração ainda lembra e sente falta, é verdade. mas a saudade me veio tão miudinha, pormenorizada em sua forma que até estou me segurando bem na enorme matéria que é. saudade grande, forma miúda de senti-la.
tem que ter força para conseguir fazer isso. e eu me sinto bem, até um pouco orgulhosa de mim por isso.
não vou mais falar o que desejo. não quero que as palavras erradas cheguem. quero só que as coisas boas, a alegria, o sorriso, a boa lembrança cheguem lá. e se chegarem. eu não quero interferir no destino.

que seja.

15.4.14

outra oração ao Senhor do tempo.

Senhor do tempo,

pela brevidade do achado, talvez o senhor ache que nem mesmo deveria te escrever. talvez nem eu mesma ache que deva escrever. mas escrevo. aqui tenho a oportunidade de escrever um sentir e logo depois lê-lo, para quem sabe não mais senti-lo, ou para quem sabe lembrá-lo.

quando vi que ele rezava ao dormir, pensei o quanto é importante existirem orações. de quando em quando invento uma a seres mitológicos como o senhor, Senhor do tempo, que é quem me guarda, que me guia e que me conforta. nada do que vivi, até hoje, mostrou-se sem solução quando te invoco e creio que essa é só mais uma das coisas.

quando li o que ele disse sobre pensar em coisas boas que vivemos, eu primeiro te reneguei, o que foi sempre o maior dos erros. se é o tempo que me fez entender tudo e que me faz entender sempre que a vida passa, que a vida vem, que a vida é presente, devo, sim, estar feliz pelas coisas boas que vivi com ele. não vou mais ficar triste. essas coisas acontecem mesmo.

e quando ele me disse adeus, eu entendi, Senhor do tempo, que era exatamente aquilo que antes te pedi. preciso me resignar e aceitar que se isto me deste e me tiraste, é porque algo melhor está por vir.

algo melhor sempre está por vir.

sabedoria e paciência para as coisas boas que virão. e que vêm sempre. e as que já estão aqui.

amém.

14.4.14

O coração, esse velho bobo... ele só precisa descansar. Só precisa de ar...
Descansa, coração. Ainda vai acontecer tanta coisa... Um dia tu hás de respirar.

12.4.14

Abri a bolsa, senti teu cheiro, olhei no espelho, a noite me veio. Pensei na vida, senti receio, tu me sorriste, passei vermelho.

10.4.14

Magic.

Eu posso chamar isso de mágica.
Eu posso chamar isso de realidade.
De verdade, de verdade.
Porque isso é o que acontece.
Essa vida misturada,
essa vida cantada,
essa pequena poesia que acabou de ser inventada.
Não me incomodo em achar que foi mágica, que foi sorte, ou que foi destino.
O que sei é que é real.
Eu te olho e sei.
Estou ainda com medo. Estamos.
Fez mês hoje. Entendo nosso receio.
Mas pega em minha mão que passa.
E vem sempre a mágica.

I call it magic.
I call it true.

6.4.14

Oração ao senhor do tempo sobre o medo, um futuro, um sentir e o querer.

Se for algo para ser, senhor do tempo, dai-me sabedoria e paciência para ver que será. Desejo que seja, mesmo que já esteja sendo. Deixo gerundiar esse brotozinho de sentir que é. E já é bonito, já é tão bom. Agora, senhor do tempo, eu só te peço me cuida, guarda-me na serenidade necessária para um futuro sorriso de dois. Se for um sorriso sincero, deixa-me ser cativada, dai-me leveza para tratar de meus medos e que seja bom. Que seja bom sempre como já está sendo. Senhor do tempo, eu me resigno diante de ti, pois sei, por experiência própria,  que te aceitar é o que me faz feliz, e entenderei o que não for para ser se assim não for.

Mas tenho que te contar, senhor do tempo, que neste pouco período já é tanta coisa...

Obrigada por me respeitar e me entender tanto, e me presentear com algo tão lindo.

Amém.

30.3.14

Lado.

Brincando tanto de ser eu
Descobrindo quem és tu
E nessa ciranda de olhar
Olho-te, fito-te, reaprendo a sonhar

O mundo andou indo para lá
E se fez de mim tão distante
Eu me dessenti, eu me perdi
Furei os passos adiante

Então fiz um esforço
Voltar a ser quem se é demora
Não me sinto mais confusa
Sei bem novamente quem sou agora

Eu acabei descobrindo um pouco de ti em mim
Um pouco de um monte de sim
Não te dimensionei, não te medi
Não te surrealizei, nem te menti

Apenas vi muito de mim em ti
Fui brincando de nada descobrir
Mas eu me descobri aí
Por entre as cobertas do sentir

Cada vez que me vejo
E te vejo
E nos vejo
Eu me deixo mais ser eu mesma em ti

17.3.14

entre verdades.


por mais que me doa entender, ver, rever e digerir a verdade, ela não pode ser pior que a mentira. e quanto mais parece que tento acreditar no que me mentiu, a verdade mostra sua cara de uma maneira astuta, sempre sem querer, quando eu menos (realmente) espero. talvez porque nem esperar, eu espero, mais. o engraçado é que um simples "não" resolveria a maioria dos problemas e não um "talvez". "volto domingo". mas vejo que aqui estavas na sexta. "vou trabalhar em outra cidade". mas te encontro com a ex no mesmo dia. por que de repente te transformaste neste mentiroso profissional? não que ainda tenhamos algo com o outro, mas eu tive, e eu te amei verdadeiramente. não acho justo, nem engraçado, que tua mentira seja constantemente esfregada em minha cara de quando em quando. afinal, foi pela tua mentira que caí doente. sofri durante meses, ainda sofro uma dorzinha de quem ainda não conseguiu perdoar, ou uma dorzinha de quem ainda não conseguiu se perdoar por ter amado aquele que a fez sofrer até depois de tê-la feito sofrer. ou uma dorzinha de ter deixado tu fazeres com que te amasse. quis saber como estarias tu, admirar-te ainda pelas coisas que fazes ou em como ainda levas a vida, de repente, seria até algo bom que te tornasses um amigo. mas tuas mentiras sempre vão me acompanhar, as velhas, as novas mentiras. penso algumas coisas que antes tinha uma certa dúvida, mas agora tenho certeza. os fins não justificam os meios, ainda mais em teu caso. é muito ego e pouco amor. é muita mania. fiquei com uns episódios depressivos leves e outros graves, passaram, a tristeza ainda vem. mas hoje enxergo, dou graças aos deuses, da brincadeira que o destino me pregou. e eu que pensei que eras bom para mim. não és. só és bom para ti mesmo. um egoísmo peculiar esse teu. mas ainda egoísmo. que a mentira, então, seja sempre escancarada. se não por ti (nunca o é), pelos meios que nem imaginas.
 

22.2.14

Falta faz agora fazendo falta que se fez saudade feita de uma penca de sonhos que se fazem acordados só porque a falta faz agora e fazendo falta me fiz insone e sem sonhos e sem ele e falta tudo

29.1.14

Admito e sem eufemismos que tu és a saudade mais desgraçada que já senti de alguém,  e de saudade entendo bem. E quanto mais acabo conhecendo dessa vida passada e agora novamente presente, acabo entendendo mais ainda o quanto me enganei. Fui enganada por nós dois. Mas não te culpo tanto porque talvez também tenhas enganado a si próprio. No fim, cá estou pensando, de novo, em quanto she's so pretty, e ela pertence ao mesmo mundo zodiacal que eu e foi tão ruim pensar agora que sou só um espelho de tua vida que tinha passado antes de mim... eu fui tão eu contigo, em todos os sentidos da palavra, tão livre, tão o que não consigo não ser... e ainda assim não fui suficiente. A saudade que deixaste foi tão absurda que não consigo pensar em te ver porque ao dar as costas, ela renasce. No momento em que fico longe de ti, ela aparece. Foi subir as escadas e querer voltar para o abraço não dado. Tudo errado. Tudo errado.

E de saudade eu entendo...

28.1.14

Saibas, por último, que quis te dizer que nunca mais desejo te ver. Mas somente porque eu ainda desejo te ver todos os dias.

25.1.14

Sobretudo, quando fez-se o mudo,
ergueu-se a flor, usada como arma,
de quem entende a dor.
E a lembrança do sono causou
a sensação inegável do mal,
mas o sonho transpôs perto,
sem braço, só ao lado, na mente,
canto inseto, tão incerto.

Saudade.

18.1.14

A presença
Curava a dor que
A falta
Fazia

Agora,
v
a
z
ia....

16.1.14

Estou melhor:
Voltei a temer a morte.

15.1.14

Leio-te e sorrio-me
Conto histórias e conto dias
Contei contigo e descontaste tudo aquilo que jamais me contarias

Até de tua mais suja traição,  encontro poesia

E então finalmente posso dormir em paz
Durmo-me e sonho-te
Quando tudo era sonho e minha realidade
Escondo-me e achas-me
Sem querer, ainda me persegues

É difícil te esquecer, mas tudo está entregue

E então descanso
Há quanto tempo não estou leve assim? Elevo-me e renasço-me mais uma vez

E te juro:
Nunca mais me deixarei morrer como morri por ti novamente

A poesia é meu refúgio
E sou poeta de dizer coisinhas
Sou poeta
Estou sozinha

Mas sou poeta

7.1.14

Café da manhã

O relógio marca quase 2 da tarde e por ter sentido cheiro de pão na chapa na vizinha, lembrei teu próprio cheiro. Não sei qual associação meu cérebro fez, mas acabei por concluir que teu cheiro lembra pão quentinho. Um conforto sem fim de um café da manhã deixado na cama e de risadas infinitas numa manhã, bem cedinho, como se fosse a coisa mais comum do mundo.

Nem me lembrava mais do cheiro que me fascinou o olfato e que combinou tanto com o meu. Diferente do cheiro inebriante que um dia achei que tive, teu cheiro acabou sendo lembrado sem querer da maneira mais tranquila e pacífica que poderia imaginar, e que já vivi.

Tens cheiro da manhã, como numa manhã de domingo, quando Belém fica ainda mais cheirosa de tanta gente bonita, de tanto arraial circulando, de tanta vida passando.

Foi uma boa sensação relembrar isso tudo.

4.1.14

Bem no meio da noite,

Onde uma estrela uma vez caiu,

Foi gritado o silêncio,

De um jeito vazio.