27.11.13

Poema do São Louco Amor

E eis que não posso sinceramente dizer
Que eu realmente faço o que deveria fazer
Que a poeira baixa e a vida roda mundo
Só não posso dizer porque o são é um pouco louco sem fundo

Que é santo ninguém duvida
Mas não é louco, isto é exceção
Não fosse o vai e vem da vida
O amor não teria uma ereção

Em todo caso, fundo-me no raso de exclamar suspirando "aaah, saudade!"
Porque só isso não basta para explicar tanta sanidade
Mas de repente me basta para infringir: um semicrime não confesso
Onde sou vítima e culpada por não conseguir realizar o que me peço

Que eu mesma me perdoe dessa louca saudade e ampla vontade
De te chegar aí o grito, o afoito grito de pequenina esperança
Essa coisa incolor que ruge do peito e despedaça toda a maldade
Minha falta de ar ao pensar na distância e de como o impedimento me cansa

Eu não penso em mais nada porque agora não desejo mais nada
Somente nessa loucura tão sã de saudade de te amar
E de poder agarrar nos braços e na boca a vida que me deste abençoada
E a bênção veio de onde menos esperávamos: de nós mesmos durante nosso caminhar.

(escrito em 26.11.13, quando a saudade não conseguia mais ficar quieta)

25.11.13

arrependimentos, amor, vida e o que vale a pena

existe uma música da Beth Orton (minha cantora preferida) que fala assim: "what are regrets? they're just lessons we haven't learned yet". em bom português, o que Beth quer dizer é: "o que são pesares? são apenas lições que nós ainda não aprendemos". fui buscar o significado de regrets na internet e achei o seguinte:

regret-substantivo
pesar
regretgriefsorrowsadnesschagrinpain
remorso
remorseregretcompunctiontwingeworm
tristeza
sadnesssorrowgriefgloomregretmourning
mágoa
hurtsorrowheartachegriefregretpain
arrependimento
repentanceregretpenitenceruesorriness
desgosto
disgustheartbreakdistastechagrindispleasureregret
desapontamento
disappointmentletdownregretchagrin
sentimento

em todos os níveis de traduções, é o que sinto. estou arrependida, principalmente, de não ter agido como gente grande quando mais precisei, quando mais precisei entender que a vida está muito longe de ser o que as músicas românticas e filmes de amor falam. a vida está muito longe de ser amor.

em todo o caso, eu sinto extremamente o amor. e em verdade, pela primeira vez em muitos, muitos anos, eu me senti amada. até interroguei, certa vez, na maior inocência do mundo: "então é isso que é se sentir amada?". era. era aquilo, sim.

e o que vale a pena?

não há mais esperança em ter de volta o que se tinha e ainda tenho uma pitada de esperança no que se diz respeito a futuro. ainda há certa esperança em meu coração que se tenha o que ainda se pode ter... é um desejo, na verdade. mais do que uma esperança. no fundo, acho que sei que não haverá uma mudança de ideia, não haverá um desafogar de mágoas, e não haverá mais o abraço que sinto falta na pele, no corpo.

no dia em que o fim aconteceu, eu lembrei de um episódio de grey's anatomy (minha série favorita - junto a friends), em que a narração dizia o seguinte:

Supomos que as mudanças sérias das nossas vidas ocorrem lentamente, com o passar do tempo. Mas não é verdade. As coisas grandes acontecem num instante. 

bastou isso, naquele momento, para mim. porque eu realmente pensei que a mudança séria que viria a ocorrer seria uma reconstrução, seria o momento em que tudo iria ficar bem, mas não. foi uma frase. um segundo. e tudo mudou.

ainda estou triste, mas sei que tudo irá passar. sei porque já passei por isso. sei quais são os passos da cura.

mas não queria me curar desse jeito. tudo o que queria era o abraço. aliás, a música nothing comes easily diz exatamente o que quero dizer:

Nothing comes easily
Where do I begin?
Nothing can bring me peace
I've lost everything
I just want to feel your embrace

é uma música realmente muito brutal e que toca em algum momento de grey's também que não lembro o qual. mas não consigo mais encontrar qualquer coisa que faça com que eu diga como me sinto. nada vem facilmente. e eu somente queria sentir teu abraço.

termino estas linhas apenas dizendo que mesmo não querendo levantar da cama, em algum momento vou dizer que nem a Izzie disse no primeiro episódio da terceira temporada, enquanto rolava a narração:

Narração: Time flies. Time waits for no man. Time heals all wounds. All any of us wants is more time. Time to stand up. Time to grow up. Time to let go. Time.

Izzie: I'm ready.



então, eu espero me lembrar do que vale a pena.

20.11.13

perdão, erros, tropeços e o que vale a pena

quando o mundo parece ter caído sobre sua cabeça, você tem muitas opções de reação. no momento imediatamente seguinte à queda, age-se de forma impulsiva e de coração. mas quando a poeira baixa, a razão começa a funcionar melhor. não que se tenha que esquecer todo o coração, nem se deve fazer isso. mas pensar de "cabeça quente" é a pior coisa que se pode acontecer nessas situações.

já vivi muitos baques, que eram amplamente esperados. mas quando eu vivi um que jamais esperei, eu não pude fazer muita coisa além do óbvio que seria ficar com raiva.

primeiro porque não era, nem nunca vai ser, justo. não foi justo eu ter passado por algo tão absurdamente ruim, nem é justo ainda eu continuar mal por isso. a gente se sente mal e triste e cheio de mágoa, mas quem consegue tirar boas experiências do que de amor nada tem é porque entende que passa. que vai passar. porque as pessoas são pessoas. são humanos. e, particularmente, eu entendo bem o que é fazer algo errado, sem querer. sem medir as consequências. eu já fiz. eu já vivi.

passando por vidas entrelaçadas do que me fez tão mal, eu fico lembrando de como me fez tão bem também. da falta que sinto, da alma cheia de amor que tem para dar, mesmo que não se faça isso da maneira mais adequada sempre. eu acabo percebendo que a vida não é feita de "sempre" nem de "nunca". a vida é feita do que é feita, nem tudo é para sempre e não é bom dizer nunca. a vida é feita de todos os erros que cometemos e tomamos para nós mesmos, de todos os acertos e sorrisos que proporcionamos a quem amamos.

ainda, por estar magoada, não consigo enxergar as boas experiências que acontecem longe de mim como boas experiências. em verdade, acabo sentindo inveja de quem pode participar dessa vida que não me pertence e que eu queria pertencer tão próximo, tão ativamente. sinto inveja desses sorrisos porque sei que seria feliz também. sinto inveja de quem consegue um tempo em uma agenda tão atribulada e que consegue jantar contigo no meio da semana. não sinto ciúme, talvez só um pouquinho, mas, sim, inveja.

porque não é justo. eu precisava daquilo. eu. eu precisei tantas vezes e tive que me virar sozinha. eu chorei única e exclusivamente com saudades do meu abraço e do meu beijo. então, eu sinto inveja de quem tem esse sorriso por inteiro.

talvez, só talvez, eu esteja escrevendo tudo isso porque quero me libertar dessa mágoa, o sentimento que menos gosto que fique em mim. ou porque eu quero dizer que entendo tudo isso, apesar da evidência de que não é fácil entender. apesar dos erros que cometemos, todos merecemos ser escutados, entendidos e, se for possível, desculpados.

fico somando em minha cabeça as muitas possibilidades de viver minha vida e deixar tudo isso para lá, e viver sozinha bem de novo como costumei viver. e aí vejo o quanto de maravilhoso vivi acompanhada por alguém que valeu a pena todo o detalhe, toda a minúcia, toda a paciência... 

se ontem eu não tive vontade de chorar, hoje quero chorar o dia todo, por parecer estar realmente me libertando do que é ruim. e isso dói.

a gente erra. muito feio às vezes. não tiro e não tirarei tua culpa por tudo o que sofri e ainda estou sofrendo. dói a alma, o corpo, dói. porém, após ter posto na balança, estou mais na tendência de que eu ainda te quero. de que pode dar certo. de que dava certo antes de ter dado errado. e eu sinto tua falta.

ainda sinto. tanto. tanto.

que os céus não caiam mais em minha cabeça, mas me deem sabedoria para que eu possa me libertar dos sentimentos ruins e que eu tenha forças para realmente perdoar. porque, caramba, só eu sei o quanto vale a pena.

AXÉ.