29.6.13

em conta.

Por mais que eu me deixe sempre um pouco por aí
Eu nunca me acabo
Parece que estou sempre completa
Porque se me subtraio
é pra multiplicar
E se me divido
acabo me somando
Posso ter te confundido
Mas é que sou inteira
E mesmo assim
eu me deixo sempre um pouquinho

Acho às vezes que não haverá mais carne para suportar o momento em que ainda não me cresci
É quando percebo que não é a carne que sustenta
Mas sim a alma crescida descolada do corpo
Por mais que me deixe carne
sou inteira alma
Então nunca me falto
E o que me sobro
distribuo por aí
pelo sorrir

23.6.13

em verdade,
passou um pensamento,
num rastro de momento,
nesta tarde.
e então pensei em tanto a se escrever.
foi mais um jogo de palavras,
sem tema central,
que dizia
"aprenda-me para quem sabe me apreender,
mas não me prenda, solte-me,
porque a prisão é tudo para me perder,
e se houver, se houvesse um nada a dizer,
eu te diria para me aprender,
porque eu sou só alguém
que pulsa e expulsa de vez em quando qualquer ser"
mas não faz muito sentido.
bem, eu só te digo,
dentro deste meu labirinto,
aparentemente infinito,
há alguém que mora e que vive.
tão dificilmente encontrado:
é um ser sem sexo,
sem cor,
sem voz.
e absurdamente voluptuoso,
colorido
e

gritante.

não sei se é possível dizer que
vale a pena algo fácil.
minhas experiências falam que não.
e tenho plena noção
de que
se muita gente ainda não me aprendeu
é porque é complexo demais,
mas
é

libertador.



foi assim comigo mesma.

9.6.13

porta.

estive, durante muito tempo, vivendo em um labirinto. achei a saída e hoje não me permito mais me perder, a não ser que eu esteja de mãos dadas com alguém. permito-te, somente, abrir as portas de mim mesma, deixo que me explorem a alma e, assim que se desejar, partir. deixem-me. mas me deixem no final. porque não adianta se perder em alguém se esta pessoa não te oferece a mão. abro-te as portas. não tenho grades ou janelas, muito menos muros altos. sou simples e quero amor, amar e ser amada, como tantos outros seres por aí. não há regras, só amor. quando não há amor, faço regras. a regra é: deixe-me. faça o certo. não me misture, não me agregue, eu sou única e não vou querer ser mais uma. não é por defender arduamente a fidelidade, não. é porque eu ser única de alguém, pelo menos por um momento. quero compartilhar coisas únicas. olha, a porta pro nosso presente - não falo de futuro porque não me cabe - está encostada. discretamente aberta, pois sou prudente. não precisa "ter dedos" para entrar. não precisa bater. entra. fica à vontade, relaxa, puxa uma cadeira, toma um café, lê uma revista. gosto do tranquilo. mas, se estiver em dúvida, não tema: feche essa porta, tranque. e jogue a chave fora.
não adianta bater depois. não abro. se quiser, esforça-te e acha a chave. mas aí, se acontecer, pergunta antes se podes entrar, porque não é todo o tempo que se tem essa oportunidade.
(em 04.06.13)

ps: tranquei a porta.