14.10.12

naza.

o que acontece no círio de nossa senhora de nazaré?
para aqueles que acompanham e têm a tradição de vivê-lo, é muito fácil explicar: não há explicação. todos os símbolos - desde as procissões às comidas típicas - estão presentes e fazem-se 'entender' só por ali estarem. mas a verdade é que para aqueles que, além de acompanharem, ainda compartilham da fé, que aqui falo em sentido totalmente amplo, sem mencionar qualquer religião, a simbologia talvez seja ainda mais emocionante. não há explicação que consiga explicar.
para aqueles que somente gostam da cultura popular, o círio de nossa senhora de nazaré ainda assim é emocionante. imagine uma procissão que leva 2 milhões de pessoas às ruas de belém, que se já são estreitas durante os engarrafamentos rotineiros, imagine engarrafada com esse mundo de gente. é um caso de estudo esse tal de círio.
para aqueles que não acreditam, eu não digo para acreditarem. para aqueles que não respeitam, eu digo o que ouvi hoje de manhã de minha mãe (que não a naza): a alma boa respeita todas as religiões. para aqueles que não têm religião, o círio ainda pode ser bom: e maniçoba? e tucupi? e não trabalhar amanhã de manhã? hehe digo, sempre há um lado bom que se enxerga de perto no círio...
para aqueles que não são paraenses, venham ver. e quem vem ao pará, parou... tomou açaí, ficou. só o que eu te digo. no círio então... aí sim, vocês vão ver o que é ser paraense.
para aqueles paraenses que estão longe... a nazinha acompanha, sempre... sem as comidas, sem o tucupi, é verdade, mas a mãezinha abençoa a todos nós.
e, para aqueles que, como eu, são completamente apaixonados pelo círio... o que posso dizer? a cada imagem é uma lágrima, a cada música, um sorriso, a cada passagem, a cada manifestação, a cada barulho de fogos de artifício .. o coração pulsa, fortemente. para aqueles que, como eu, acompanham e têm a tradição de viver o círio de nossa senhora de nazaré, digo: compartilhem. espalhem essa alegria viva e incandescente por aí. tremam o corpo todo de emoção só de lembrar que vocês tiraram uma foto bem do lado da berlinda, segurando a corda, antes da imagem sair para a trasladação (eu continuo me tremendo) ou de qualquer outro gesto que vocês tenham vivido e que possam ter dito: viva nossa senhora de nazaré! (viva!)
porque o círio é isso, muita gente suando, muita cultura se misturando, muita comida cheirando e muita fé rondando. e a nazinha viva em nossos corações. viva, viva, viva!

6.10.12

is a waterfall.

e de novo aqui, eu quero dizer: brindo-me sozinha ao inverso do avesso do que costumei ser e que agora já sou, vivo tanto e tão bem, sonho tanto e realizo tão pouco, mas sonho, canto, grito! brindo-me, celebro-me, vivo-me, canto-me, somente por ser feliz com o que sou e não somente com o que tenho, conquistei ou quero. eu sou, estou viva, eu sinto!

(e isso é muito bom, égua, doido!)

e essa conversa de falta.

falta. sinto. sinto e falta. tanta gente de quem sinto falta. e tanta falta que faz o sentir. paro para pensar nos caminhos que percorri e que se hoje estou aqui é porque... bem, é porque eu percorri, corri, pulei, andei, parei... não é grande coisa. cada um sabe por quais caminhos andou e tira o proveito que quer disso. mas, feliz ou infelizmente, enquanto andamos - e não podemos parar -, deixamos pessoas pelo caminho. é bem verdade que encontramos outras. ninguém é insubstituível. mas ninguém é substituível também. é um paradoxo que me encontrou no caminho. mesmo que hoje estejamos felizes, há um momento em que sentimos falta de algo que ficou pelo caminho. não tem problema, logo passa. passado foi isso que ficou. o presente é algo mais lindo, é o que podemos fazer, é pelo que lutamos, é onde a felicidade mora. por isso que viver sem se preocupar com o que não é preciso ou simplesmente acontece ou não tem solução é uma receita velha - clichêzão - que talvez funcione. estou em paz porque depois de muito caminho percorrido e percebendo que ainda tenho muito a percorrer, eu não me preocupo com o que não preciso me preocupar. nem com a falta que sinto de vez em quando. quase nada surpreende, quando a gente amadurece percebe que tudo é muito comum. e é. até a surpresa que se está esperando. até a que não se está. aí o presente vibra: tudo explode em fogos de artifício como constelações de estrelas. é bom. é isso aí. a falta não pode ser presente, a falta é passado. o futuro a deus pertence (e a nós também). é só cuidar. falta. falta faz. falta faz e passa. sinto. sinto, sim. e o sentir é eterno.

3.10.12

foi-se o tempo em que passarinho cantava indiscreto o barulho sagrado do ser.

2.10.12

a letra E*.

eu espero em toda a eternidade
esperança em minhas entrelinhas
estrelas em espelhos exaltando esplendor
entradas ao especial enlaçar do céu
enfim, estarei em meu eu
e enquanto estás sem teu véu
eu externo a vontade envolvida em um breu
envaidecida por um ébrio encaixe
de elucidantes emoções e vertigens e evasão
nada invade, eu expando em errante pretensão
e envolvo-me em delirante inrazão
esperança em todas as entrelinhas
estrelas em todas as partes
é essa minha essência
enquanto eu procuro meu próprio eu
encontrando-me em tua ausência

*escrito em 06.09.11