28.7.12

aquele momento em que tudo o que é confortavelmente quente se encontra em um cruzar de mãos, discretamente. e que onde tudo se torna exatamente aquilo que deveria ser, mesmo não sendo nada ainda. onde não há som, não há barulho, mesmo havendo, mas onde há o mais importante que é o querer de uma curiosidade que ainda não terminou.

19.7.12

'quero virar sua pele, quero fazer uma capa, quero tirar sua roupa' *

toda aquele pele que se fazia e luzia nos primeiros raios de sol não é suficiente para explicar a paz que me causou, e todos aqueles dedos que seguiam se desviando do olhar que eu segredava... por algum tempo não houve correr de tempo e assim pude aproveitar muito mais do que tua companhia poderia me oferecer. me desencontro das regras só para pousar novamente em teus braços, e eu te desejo tanto como diz a música que me canta, encanta e espera. e espero o destino se firmar ou se desalinhar como quem senta em frente à imensidão do mar, sem pressa, sem ao menos existir realmente. porque quando fecho os olhos, o meu querer em ti me basta, só não finda por aí: afinal, melhor que fechar meus olhos e te imaginar é fechar meus olhos e te tocar...

* 'sambinha bom', da mallu magalhães.

1.7.12

falta alma.


engraçado que, mesmo sem saber, ao certo, o que escrever nas próximas linhas, eu já sabia o título. normalmente quando escrevo algo, entitulo no final. isso porque eu não sei sobre o que escreverei, só vou juntando as palavras, sem moderação, e sai 'qualquer-coisa' disso tudo. às vezes nem eu entendo o que quis dizer e não ponho título. entretanto, agora, eu tive uma louca vontade - comum nos textos entitulados no começo ou no fim e nos sem título - de escrever algo que me afligiu. de repente ou juntando essa aflição aos pouquinhos, estou aqui, nesta noite, pensando o quanto falta alma no mundo.
quer dizer - vou me dividir em parágrafos (o que não faço, costumeiramente) -, parece que ninguém faz mais as coisas com paixão. 'ninguém' ou poucas pessoas, ou muitas, não sei, algumas. eu sinto falta de sonhar. eu também lembro o que eu era há algum tempo ou 'há' algumas pessoas. eu fui outra coisa com pessoas que hoje em dia não estão mais tão próximas. por uma vida toda ou somente por 1 dia, parece que existem pessoas que, naturalmente, fizeram parte de mim de uma forma a me fazer sonhar.
eu não deixei de sonhar. nem posso contar quantas vezes ao dia eu me pego olhando o céu - ultimamente bem azul e com lindos pores-de-sol* - e sonho. com o quê? bem, eu não sei ao certo, essas coisas me parecem muito abstratas para tentar descrever. eu tenho sonhado muito, mas sozinha. e eu sinto falta de alguém para sonhar junto.
onde estão as pessoas que sonham junto? é só olhar o céu...
recuso-me a virar alguém sem sonhos, mesmo os mais malucos possíveis. fazer 1 milhão de coisas antes dos 30. provavelmente aos 30 não vou ter feito metade do que sonhei, mas não porque não lutei, e sim porque eu gosto de sonhar e acabo sonhando muito. é minha distração favorita. penso em todos os céus que verei em tantos lugares do mundo. não posso perder tanta alma. ao contrário: eu quero me somar de alma. todo dia perdemos um pouquinho de nossas almas por aí, no meio do trânsito, dentro do ônibus, assinando documentos. viramos reféns de nós mesmos numa sincronia perfeita do fazer mecânico: só fazemos. por que? cadê nossa alma nisso? é bom botar uma pitada de alma e um cheiro de sonho nas coisas que fazemos. fica mais bonito.
falta alma. por isso as pessoas têm sonhado cada vez menos. ou, ao contrário, sonhado cada vez mais, só que com coisas bestas e passageiras. com materialidades. cadê o amor? eu me sinto tão vazia. tão sem alma de ninguém.
acho que o mais necessário nesse momento mesmo é olhar o céu e ver que o irreal não é tão extraordinário assim de se sonhar. basta imaginar com a alma (e correr atrás).

*dedico os 'pores-de-sol' a quem me fez indagar como seria o plural de algo tão belo, cha e cris.
obs.: propositalmente 'pores-de-sol' no texto, mas sabendo que o plural é 'pôr-de-sóis'.