30.4.12

nunca, em minha vida, fui tão paciente como estou sendo agora. mas estou com aquela sensação de que se assim eu for, muita coisa boa vem por aí. sempre fui impulsiva, desejosa, de querer tudo naquele momento. aprendi a planejar da mesma forma que sei sonhar: eu precisei, afinal, não sou mais adolescente. chegou a hora de concretizar os sonhos. sem planejamento, nada rola. agora é fazer por mim mesma. e continuo querendo tudo e querendo agora! e quero tanto que acumulei forças em mim para ter paciência. 'vai chegar tua hora, vai rolar'. eu apostei minhas fichas nisso. claro que não tô só esperando cair do céu. o que adianta querer tanto algo e não fazer acontecer? ah, não, isso não existe. pobre daquele que não faz por si. eu tenho uma vontadezinha aqui dentro que cresce, vai dar flores, frutos. quer dizer, nunca fui paciente. e quando resolvi ser: mágica! as coisas vêm acontecendo no ritmo certo, no tempo certo. como uma música que não desanda. como um bolo que não desafina. com a minha 'loucura' usual, eu sempre fui sã. com a minha querência urgente, eu aprendi a ter paciência. é verdade, a vontade é tão grande, tão grande, que só falta explodir meu estômago, roer todas as minhas unhas, bagunçar meus cabelos. os pensamentos passam queimando pela mente e eu tenho que parar. e eu penso: 'paciência'. porque eu sei que eu posso.

24.4.12

mais um desabafo de duas horas da manhã.

a tristeza só existe para uma coisa:
para entristecer.
o que é feito dela se transforma:
aí tudo bem, tire as coisas boas das ruins.
enquanto fiquei tanto tempo,
e ponha tempo nisso,
debatendo-me contra uma corrente
imponentemente mais poderosa do que eu
e, pior,
onde nem valia à pena nadar
eu perdi horas, dias, semanas
e nada mais me fará recuperar isso.
contudo, e com tudo:
a tristeza que me entristeceu serviu
só para mostrar o quanto o sorriso existe
e o quanto dou mais valor a ele
e eu que passei tanto tempo me preocupando
com o que não existia,
com o que se passava dentro de um ser,
esqueci de me lembrar que a vida é lá fora!

nada me leva de volta ao tempo que perdi,
a vida não volta,
mas dá voltas.
corre, corre, menina!
envolta de outros vivos, vultos, va-ga-ro-sa-men-te
vivendo em outras letras.
corre, menina, mas não tropeça:
vai com a calma que tens,
a paciência que desenvolveste.
a vida se encarrega de vingar teu tempo perdido.
menina, corre, te larga no mundo, o quanto puderes.

menina, you only live once.
mas não te esqueças que não só essa vez.

'eu aqui me estressando com essas bobagens,
enquanto existe um mundo inteiro me esperando'.

22.4.12

ainda não fazem pessoas de algodão*

eu não consigo mais não acreditar que nada nessa vida é por acaso. em tempos de reflexões diárias sobre a existência, não posso deixar de reparar o quanto o encaixe dos acontecimentos  é misterioso e perfeito. mas uma coisa, no meio de tanto mistério, é certa: mesmo que demore, ainda vais entender o que estava pela metade. eu odeio dar conselhos porque eu só sei explicar o que eu passei e senti, pra eu mesma me aconselhar e saber o próximo passo. peço ajuda aos meus amigos mais queridos (e são pouquíssimos), mas dar conselhos sempre foi difícil. mesmo assim: segue nessa vida com algo pra acreditar. não tem como não acreditar em algo bom, porque existe. pode não ser tão palpável, tão material, e é isso que dá toda a credibilidade pro negócio: o imaterial é tão misterioso quanto à vida e faz com que a gente tenha várias possibilidades de caminhos e de evolução espiritual: é o tal do livre-arbítrio. peço perdão muitas vezes ao dia por coisas que fiz, óbvias e não óbvias, só pela esperança de que um dia tudo isso vai se encaixar: as coisas ruins se transformarão em boas e eu vou entender tudo o que passei, passo e ainda vou passar. por essas e outras que nada nessa vida é por acaso. de vez em quando, a vida me traz cada surpresa maravilhosa... nada descreve essa leveza minha. a esperança sempre se renova. a vida sempre me sorri, complicada, mas sempre mostra os dentes. sempre tenho a luz comigo, as pessoas que escolhi ter ao meu redor, o amor ainda não encontrado que escolhi esperar tranquilamente, o que é meu há de ser. pessoas de algodão não são fabricadas, mas sim se transformam. saí do chumbo pro algodão, do peso para a leveza.
e é isso, sem 'moral da história'.




*trecho da música 'joão e o pé de feijão' do cícero rosa lins.

19.4.12

dizem que o ser humano é capaz de aguentar muitas batalhas. acrescento que assim deve ser e mais ainda: batalhas de uma guerra interminável. meu corpo aguenta algumas cicatrizes que vêm de feridas suportadas desde a alma. durante muito tempo, em um período de silêncio, em que palavras simplesmente não fluem e eu continuo tendo muito a falar, reflito sobre o que meu corpo e minha alma ainda podem suportar e, como numa reciclagem, eu me levanto e repito-me 'podes encarar'. não é que eu goste de me expor a grandes perigos, mas tenho que dar grandes empreitadas. vivo num ciclo semieterno de idas e vindas reflexivas, mudo de ideia de como fazer algo, mas dificilmente eu mudo de ideia quanto a esse algo. tento sobreviver a esse mundo cão de todas as maneiras benéficas possíveis que conheço - até porque já tentei sobreviver de algumas formas ruins - e assim vou seguindo. nunca pensei que não teria de quem sentir saudade concreta, quer dizer, eu sempre achei que o amaria para sempre, mas não. estou vazia. e sinto falta de amor, quem não sente? dá uma certa esperança para aqueles dias ruins, algo do tipo 'será que vou falar com ele hoje?'. entretanto, isso vai te sufocando de uma certa maneira que é melhor estar assim sem quase estar: vazia. o bom disso tudo - e eu sempre vejo o lado bom - é que um coração vazio está prontinho pra outra. mentalmente, não sei se estou, são muitos pequenos e alguns poucos grandes traumas. a verdade é que até quis querer, mas não deu. 'ele não soube jogar o jogo'. entre tantas batalhas que já aguentei, fico me perguntando até quando posso aguentar essa. já fui amor, já fui desamor, porém nunca fui anamor. sei lá. é tão estranho. eu queria cantar a alguém, sorrir a alguém, ir ao encontro de alguém, mas não há ninguém. só há eu mesma. e corro ao meu encontro todos os dias, pra ver se me entendo. digo, existem guerras, moléstias, violência, corrupção por aí. eu entendo isso, o assunto aqui é tão pouco prático e palpável, porque fico pensando que tô sendo bem egoísta ao acabar tentando me entender. ou não. tentando entender a mim mesma talvez possa entender outras pessoas. estou divagando. a questão é: sinto um pouco de saudade do que eu era: tão crente: achava tanto que havia amor de sobra e que as pessoas não enganavam as outras sem simplesmente se importar... mas elas enganam. e isso me torna uma descrente. e com essa descrença não há batalha pra vencer. eu simplesmente só assisto o jogo. permaneço calada. se soubesse rezar, rezando para que algo bom aconteça e eu possa, novamente, exaltar palavras que valham a pena.
sei lá, o não amor é bem diferente pra mim.

3.4.12

salva dor.

a alegria tenebrosa em mudar tudo: sair da beira do rio para me saciar à beira-mar... mudança climática, mudança de voz, mudança temporária, e mesmo que não dure tanto, muda a gente. faz o equilíbrio ser restabelecido, faz os sonhos de outrora voltarem de uma maneira que possam se tornar realizáveis. mudar de ares. essa alegria sucintamente inexplorada do desconhecido que se quer caminhar. mas alegria. sorrir ao olhar o mundo com outros olhos. viajar por fora e por dentro da gente. anda, corre, o mundo te espera!