27.12.11

mesmo sem querer, não consigo parar de pensar em algo que não sei o que é. complicado. eu não estou pensando, eu estou sentindo. e como é difícil isso pra mim... como que estou sentindo algo que não sei explicar? qualificar? só sinto? não existe isso. apesar de ser bem recorrente. descobri, inclusive, que só entende quem já sentiu. mas não qualquer sentir. e sim esse sentir ferino, que te rasga, que te deixa sem fôlego, parece que não há mais ar. acho que, definitivamente, não quero ser forte agora. mas eu fico triste com isso também, no fim das contas, vou ter que ser forte sozinha de novo. indo ver o pôr-do-sol sozinha de novo. mas como? eu não penso, eu sinto. e eu quero tanto, só mais um abraço. sinto saudade... e não sei mais o que escrever pra explicar o que não consigo pensar, só sentir.

26.12.11

gostar sempre gostei. não é por gostar de alguém que a gente sofre. nem por querer. é difícil admitir que continuo querendo. escrever essas linhas não é fácil, mas escrevo. continuo querendo. sofri mesmo por não entender que não posso tudo. sou a prova viva de que querer não é poder. o que dói é lutar contra o que não pode. hoje vejo que não pode e não sofro mais. claro que ainda dói, ma(i)s pela saudade. só que sobre isso nada posso fazer. let it be. e whatever works.

25.12.11

em mais um capítulo da vida que não é minha, as construções tendem todas a desabar. e eu assisto as ruínas da própria sorte se desfazendo com uma inexpressão digna de quem já viu coisa muito pior. enquanto quilos de concreto e paredes coloridas vão às ruínas em minha frente, um cheiro floral corre por perto dali, num outro quadro emoldurado com fios de ouro. quem era dona daquela ousadia que se concretizava enquanto bem do lado tudo se desconcretizava, literalmente? eu vi todos os quadros possíveis ao meu redor. enxerguei a amargura do quadro vazio, tela branca. sem nenhuma resposta. mas também sem nenhuma pergunta. o quadro ao lado, listrado com várias cores, onde flores, balões e confetes pintados aleatória e abstratamente reinavam, torturavam a mente atônita de quem assistia à destruição de vários prédios ao mesmo tempo, isso porque o inferno daquelas cores de um dia feliz eram agonizantes para quem só tinha dias cinzas. sem nenhum sofrimento. mas também sem nenhuma emoção. o quadro com as estrelas que mais pareciam um sonho zodiacal era o mais bonito. e também o mais velho. e o mais feliz. dentre tantas alegrias com tanta gente que figurava por lá, as estrelas e sua imensidão era o que mais parecia ser possível e passível de minha realidade. era somente por aquele quadro que minha pupila dilatava de forma realmente feliz. porque era só por mim. enquanto tudo era minuciosamente jogado ao destino ou ao passado, as estrelas continuavam a brilhar e isso me dava uma força impressionante. é por elas que ainda continuo. existem muitas queimando dentro de mim, que nem as que explodem no universo. porque cada um de nós tem um universo sem fim dentro de si: mais clichê impossível, mas quem é que sente diariamente essa explosão? fica de cama quando algo sai errado dentro do próprio quadro celestial? é como se dentro de mim não houvesse coração, pulmão, estômago, mas todas as estrelas dessem lugar ao pulso, à respiração, à azia de um desamor. é por isso que permaneço estática diante de tudo o que desaba bem em minha frente. se um estilhaço me pegar, nada mais acontecerá do que, mais uma vez, sangrar. a convicção de que a vida vai continuar, cinza ou não, é plena. eu já vi tanta coisa. dou a volta em meu próprio corpo e vejo tudo. dentro de um círculo totalmente sem respostas, eu me acho somente no universo que existe dentro de mim e lá mergulho, afundo e permaneço.

17.12.11

não é que nada esteja dando certo, tá tudo bem. mas não sei se consigo te ver. e eu sei, ao contrário de tantas outras coisas, porque não consigo te ver. não é meu medo de fazer algo errado, porque fatalmente eu faria algo errado. nem que fosse um sorriso a mais, uma lágrima a mais, ou até a menos. é um pensamento em ti aqui e ali, uma saudade de algo que aconteceu há tanto tempo... tu não estás em minha vida há tanto tempo. e é tão estranho, pois mesmo eu tendo a plena noção de que não estás, ainda dói ver coisas que eu não deveria procurar e acabo achando, por culpa de um momento de teimosia somente. e aí passa. muito mais rapidamente do que passaria. não é por pensar em tudo que eu faria ou deixaria de fazer. e sentir. o problema reside todo no sentir. o que ainda sentes por mim? e fico me questionando sempre que me vem essa vontade de te escrever, de te ver, de te querer, por teimosia, desejo, querência, prazer, ou, sei lá, qualquer coisa assim. o grande e grave problema está onde não posso alcançar: como fazer com que mudes de ideia em relação à tua indiferença? porque - é tão óbvio - viveste tua vida como se nada tivesse acontecido, na mais tranquila das rotinas como se eu não te tivesse existido. eu não, eu sufoquei, me afoguei, enlouqueci, e agora quando mais quero ser indiferente lembro de tua presença, numa madrugada qualquer, estando a um passo de concretizar tua voz, e vou dormir pensando nisso. como se fosse realmente um problema muito grave. conto os dias, não sei se por vontade de te ver ou por racionalidade de querer que vás embora, mas conto. estás aqui há tantos, vais-te daqui a tantos... então. a questão toda não é a vontade que vou expressar quando te ver - se eu te ver -, mas sim tua tranquilidade e indiferença ao me ver. para mim, tudo mudou. para ti, bem, creio que nada aconteceu.

4.12.11

até quando vou ficar achando coincidências em tudo que eu conseguir enxergar? tenho ainda que apagar mensagens antigas, todas tão lindas que deu dó e fotografei a saudade. tenho que arranjar outro perfume pra não lembrar teu cheiro pelos corredores que andamos. e tenho que me fazer perceber, de quando em quando, que eu não te farei um presente pro natal. tenho que me prender em mim e esquecer que vivi uma vida tempos atrás, pra não esquecer de viver essa nova. é pouca coisa hoje em dia, mas ainda é. eu me pergunto até quando porque me dá pena de ver todas que passaram por ti ainda rastejando um pouco, abrindo os álbuns, resgatando as lembranças, os locais por onde vocês caminharam. eu prefiro te deletar, apagar todas as mensagens, fechar-me em meu mundo, buscar meus sonhos, fazê-los realidade, pegar um avião e ir embora prum lugar que, que bom, nunca fomos. e mesmo assim ainda me vem um pensamentozinho chato de que planejamos essa viagem. mas, ah, que ingênua estou sendo. as outras que rastejam também ficaram esperando tantas viagens... eu não quero rastejar. por isso o medo e a pergunta: até quando?





sabe... acho até que, após o espaço, já passou.