31.10.11

já é novembro... e eu só espero que seja doce
ou mesmo meu gosto agridoce
com um pouco de azedume
porque eu não sou de ferro
e doce demais me enjoa
mas que nesse penúltimo mês
o ano seja um pouco renovado
e aquelas dores de meio de ano até agora
ah, que elas passem
e não se repassem
não desejo dores a ninguém
não tenho inimigos
mas mesmo se os tivesse
também não desejaria a eles
eu só quero desejar o que é doce
e um pouco azedo
pra que fique um pouco parecido comigo
eu acrescento a meu azedume
essa doçura que desejo que vire
que vire a vida remexida
tão profundamente envolvida
em bocas tão saudosas juntas
que, sei lá, sei lá
experimenta daí outros gostos
eu me fixo em descobrir que gosto tenho
desejei coisas boas em agosto
mas esse foi o mês do meu desgosto...
tenho um pouco de medo agora
de desejar doçura
mas sigo tentando

deixa ser doce
venha provar azedume
sem imaginar o que seria se fosse
sente meu gosto e vem lamber meu perfume

deixa ser doce novembro.

28.10.11

eu, que sinceramente não sei rezar, fico pedindo a deus que me faça passar pelos momentos difíceis da melhor forma possível. não pela forma mais fácil, porque se fosse fácil, já tinha acabado. mas da forma mais honesta possível, que eu possa dizer, daqui a um tempo - mesmo que demore - 'passou'.
eu, que não sou muito de esquecer, fico mentalizando não lembrar o que não vale mais à pena - não que não tenha sido bom e ainda seja, é que simplesmente não mais será. fico enchendo meu dia de 'quifazeres' pra ver se não dá tempo de pensar. e leio tão rapidamente que tenho que voltar, não leio pra entender, mas acabo lendo pra não pensar.
eu, que quase não seguro o choro, tenho deixado-o preso com vergonha de mim mesma na frente do espelho, sofrendo por algo que não mais existe, desejando o passado de volta agora, tendo esperanças num futuro bom, chorando por alguém que nem ao menos me sente em falta dentro de si.
eu, que não suporto ficar sozinha, tenho pressentido e sentido que o melhor é isso mesmo. assim eu me curo. assim eu me curo de ti de vez. acho que se isso fosse feito por ambos os lados, a coisa daria mais certo, mas de um outro lado não há tanta força de vontade e pula-se de alma em alma pra procurar algo que se chama 'calma'. 
mas eu, que não tenho moral nenhuma pra dar lição, digo: estás procurando calma em alma, quando na verdade, deverias procurar alma, com calma...
e eu também, que não sou de calar, que não sou de cansar, que não sou de confessar...
confesso: cansei.
calei.

24.10.11

sou uma alma carente perdida em um mundo isolado de várias solidões... sempre quero um ombro amigo, um irmão, um carinho, um alguém. quero ser alguém pra estar contigo. é mais por ter quem abraçar na hora da chuva e na hora do sol, quando vier a vontade... isso acontece de vez em quando, a carência da alma grita por um abraço esquecido no tempo... então esse desejo se espalha, sobe nos ônibus... pega aviões, cruza oceanos, perde-se... e mais do que carência de não poder abraçar quem se quer é a carência de um abraço que se perde...
pra onde vai o amor quando deixa de existir?
será que em algum lugar do universo existe um lugar específico para amores extintos? para amores não realizados?
deve acontecer uma longa viagem até todo amor sair de alguém e ir para esse local desconhecido.
porque amor só existe se é verdadeiro, se não é real, não é amor. é clichê. mas é que tem gente que confunde.
hoje sei o que é, afinal, esse amor que ainda sinto está indo embora.
queria saber como vai teu processo. é, porque amor é via de mão dupla: ou os dois sentem ou não é amor.
e me amaste... hoje vejo o quanto. ainda me amas?
nosso amor está numa grande viagem pelo universo...
isso é incrivelmente louco, pois há bem pouco, nós é que viajávamos por universos paralelos, através de sorrisos.
eu me pergunto pra onde vai o amor: porque se ele for de vez eu posso querer ir buscá-lo...
é por isso que não sabemos pra onde vai... pra nunca podermos buscá-lo de volta.
aí você me pergunta: 'mas e quando a história de duas pessoas se repete? alguém foi buscar o amor...'
que nada... nesse caso, o amor não foi embora... é uma ida sem volta. quando repete é porque não foi embora.
e meu medo é esse...
desse amor se perder no universo...
'mas tudo bem
o dia vai raiar
pra gente se inventar de novo'

cícero rosa lins - tempo de pipa
(procurem no youtube)

20.10.11

houve um tempo em que clima de chuva sempre fazia lágrima acompanhar. dois pingos caindo, de lá e daqui, num pingo de gente já crescida, mas ainda sem entender quase nada. quase que todo o tempo nublado, a alma diminuía, ficava quietinha de uma maneira cruel: como se o frio - o frio de belém - não deixasse a alma correr. o medo interno da chegada de meados de outubro, novembro, costumeiramente me deixava mais triste, pois em quase todas as épocas chuvosas, acontecidas todos os anos, coincidiam com as minhas próprias épocas chuvosas. é comum que combinemos calor à boas emoções, e frio com fechaduras, esquecimentos e machucados. ou feridas abertas. hoje, enquanto eu dormia num horário um tanto estranho, parecia que o dia tinha se tornado feriado pra mim: eu não pensei em mais ninguém, até em meu sonho, a única pessoa que restava era eu mesma. senti meu próprio espírito e tudo pareceu fluir muito bem, enquanto o vento frio caminhava pelas minhas pernas. quando acordei, vi aquela escuridão em plena tarde de uma cidade quente, e pensei 'que bom'. essa época de chuva sempre me fez escrever um monte de coisas, desde que me entendo, estou escrevendo sobre a chuva. mas dessa vez é diferente: não só a contemplo ou não só ela me faz relembrar muita coisa... o que acontece é que a chuva molhou meu espírito de uma forma maravilhosa agora.

19.10.11

o que seremos nós em 1 ano? exatamente no dia 19 de outubro de 2012, sexta feira: o que seremos? estaremos aqui? como prever o futuro? eu não previ o que eu seria agora há 1 ano. mas eu desejei estar melhor. foi bom, tá sendo. a vida sempre me ensina mais um pouquinho. e se o mundo acabar ano que vem, de verdade? o que seremos? mais poeira no espaço. temos pouco tempo. o que vai restar de nós? mal sabemos hoje, o que resta... e o que resta? resta algo? somos algo? quem é que pode dizer senão somente nós mesmos? eu tenho tantas dúvidas, tantas indagações, a vida parece fluir de uma forma tão brutal às vezes... e outras, como agora, tão calmamente... tranquila... um prazer inexplicável de sentir o ar entrando em meus pulmões. e o momento de reflexão... o que somos? o que seremos? o que fomos? o que sei é que... eu quero tanto cantar...

18.10.11

meu coração está completamente cheio e vazio
de coisas, sentires, sorrires, lugares, saudades, músicas, amores, rancores
alfinetes, objetos, boinas, arrebites, ouro, cloro, vestidos, danças, gemidos
raptos, vinhos, começos, idas, vindas, surpresas, anos, três, tempo, jeito
unhas, costas, braços, pernas, branco, morena, suspiro, velas, incensos, contrassensos
mobília, quartos, subidas, escadas, descidas, paradas, moradas, lavadas
gavetas, caminhos, luzes, cerveja, avião, cidades, flores, calças jeans
programas, raivas, silêncio, palavras, nuca, cabelo, lugar
um lugar em mim, nosso lugar no mundo

meu coração está completamente perdido e no lugar certo
cabe tudo aqui dentro e ainda sim
falta.

17.10.11

essa é a última oração pra salvar seu coração.
daqui em diante, rezar-te-ei (do jeito estranho que sei)
e o mais bonito...
deixar-te-ei com a leveza de que foi bom...
ter-te é tão bom
e te deixar é tão bom também...
obrigada por existir, sempre

beijos ternos, eternos e efêmeros.


é engraçado perceber que as pessoas vão, mas os sentires ficam. existe um grande vazio ainda dentro de meu peito, a saudade é realmente muito grande. mas não é algo irreversível: há tanto que pode ocorrer em tanto tempo, de tantos jeitos. é de pouco em pouco que volto a ser e escrever otimismos, basta só deixar um pouco o rio correr pro mar... é sempre assim, nessa ordem. aaah... e eu sou um mar tão imenso de tanta coisa insuportavelmente boa que é só sendo assim que se sabe que se é feliz... sei lá, eu fico tão besta de repente, só por ver o céu azul, o sol que brilha, a lua tão linda, só porque ouço a voz dos meus amigos, as piadas diárias, as esperanças renovadas... quando percebo que minhas cicatrizes são motivo de orgulho: é, eu sou uma guerreira porque eu gosto de viver e não desisto... eu quero sempre um sorriso no rosto. pouquíssima gente entende, e eu acho bom, quem sabe viro até mistério... haha 
tem um vazio, ainda? tem. e por isso fiquei mais feliz: tá mais simples de preencher. e só entram coisas boas.

14.10.11

nós não seremos amigos. ainda dói brutalmente. nós não seremos mais nada. absolutamente mais nada faria sentido. existe somente um jeito que gostaria de ter por perto e que acho que daria certo. mas esse jeito é o que achas errado. não dá pra te ver sabendo que existe um outro lado. e existe, tem até nome, foto e elogio. não dá pra levar à sério mais qualquer tipo de aproximação porque eu vou querer que seja sério. não dá pra acreditar que utilizaste as mesmas palavras, mais uma vez, para descrever outra moça. como alguém pode se repetir tanto? como ainda podes incorrer nos mesmos erros? como é que, sabendo disso, ainda consigo te querer? a rotina que levávamos lentamente vai passando e sempre o processo acelera quando penso que estás vivendo a nossa rotina com outra menina. não posso te aceitar novamente pela metade. e eu digo isso aqui não pra ti: é pra mim mesma, pra que eu me convença, que não vale à pena (sempre tão duras penas) te ter, mais uma vez, mesmo que seja bom, em partes. quero-te inteiro. apesar disso, eu me quero inteira. começo assim. o resto que se dane. nós não teremos um ao outro pela metade. nunca. nunca mais.

12.10.11

ah, sim. é verdade. mais um avião passando. eles sempre me causaram certa angústia. primeiro porque eu gostaria de entrar mais neles, já que não costumo viajar. o que sugere que eu tenho que, mais do que nunca, buscar meu futuro com minhas pernas e braços, pois só assim poderei viajar mais. segundo que eu morro de medo. as poucas vezes foram algumas, entende? os aviões estão cada vez mais apertados. o que me dá mais medo. mas parece que pra estar com alguém que gostamos não há limites. o medo se vai, a distância se torna nada, nula. é incrível. vai ver que é por pensar que não mais faço isso é que agora minha angústia é saber que os aviões passam em minha cabeça sem que eu esteja num deles. mesmo com medo. medo eu tenho sempre, né? a gente tem medo de muita coisa. eu tenho, confesso, medo de mim mesma. eu nunca sei o que pode acontecer nessa vida. eu planejo algo e a vida desfaz. parece ironia. vamos falar de saudade. ô, coisa chata. já é tema passado, eu acho. até porque já tá passando. o problema é que nunca passa 100%. fica sempre uma porcentagenzinha martelando na minha cabeça. fato é que já estou me acostumando com ela. engraçado. ano passado foi quase do mesmo jeito, mas tão diferente. a escolha dessa vez foi minha. seria inevitável não escolher por isso. em todo caso, é mais fácil imaginar mesmo do que ver mais uma alma sendo quebrada sem querer. thinking about tomorrow, sabe? já até previ mais ou menos quando vai ser. opa, lá vem mais um avião. sei lá, não há sentido nesse escrito. vai ver que ainda me dói não poder ter medo dentro do avião pra ir te ver.

mas o mundo tem tantos destinos, não? estou pronta para os próximos.

11.10.11

essa minha caminhada tarda mas não falha, veja bem, criaste um monstro, ai, alma, tu nem dóis mais tanto assim. e esse costume de ter um hábito de chamar de besta já acabou, já foi, e se toda minha raiva, mágoa, descompasso demonstrei, ah, foi porque eu tinha um monstrinho gritando desde meu estômago e os pulmões não aguentavam mais, o coração estava arranhado e as palavras acabam falando o que gostam de repetir a todo momento. culpa? quem teve culpa nisso tudo? eu não sei e quem pode me dizer? ninguém. a vida é mais do que buscar culpa e por isso aprendo e enxergo: estou aqui me reconstruindo, sozinha, sem um ombro pra chorar e uma boca pra me beijar, eu sou corajosa o suficiente pra me remontar solitariamente, refletindo e pensando em toda a merda que aconteceu. tenho vontade de escarrar em tuas fotos de vez em quando, mas quem que nunca foi deixado não tem uma vontade dessas mais ou menos brusca? eu falo com o mundo pelo meu coração e eu não tenho medo de ser julgada por dizer que fui deixada e estou sofrendo ainda por isso, mas igualmente inexiste agora aquela vontade de morrer se eu não pudesse viver sem ti. eu já vivia há muito tempo sem ti, eu sempre vivi sozinha, enquanto tua alma por aí vagava por onde quisesse, vagarosamente até encontrar a minha pra se recostar, mais uma vez. e daí que eu deixava? eu deixava mesmo, eu era mais uma apaixonada. ah, e que saudade dessa tua paixão por mim. coisa mais doida. isso lá é paixão? pode até ser, sei lá, mas que era bem estranha, era. eu gostava de toda essa esquisitice, essa coisa que parece que é só minha, tão sui generis que chegava a dar ódio quando eu pensava que eu bem que podia ser 'normal'. pela última vez (talvez) eu esteja aqui cuspindo as palavras que me rodeiam nesse momento, onde só quem me acompanha é a música e tantas outras coisas imateriais, como a lembrança que tenho de ti. eu sei que a ideia principal é: cá estou eu caminhando pra frente, aguentando firme do jeito que posso, sendo quem eu gosto de ser de pouquinho em pouquinho novamente... e tu? acorda, querido, tu estás errando de novo e do mesmo jeito! 

(ninguém é insubstituível, mas eu duvido que alguém seja como eu)
sei lá, às vezes parece que nada dá, né? não dá vontade de sair de casa, nem ao menos de ver o céu. apesar de estar tranquila, após um longo período de caos interno, ainda não é total a calmaria. a gente precisa mesmo de força pra se estabilizar, e ninguém faz isso por nós. cabe a nós mesmos lutar contra a sombra da tristeza, da mágoa, da raiva. de repente a gente vê que não faz tanta falta assim. apesar de fazer. mas dá pra viver, conviver e ser feliz. é aquela coisa, a gente escolhe sofrer ou não. não vou falar sobre esperança aqui, de que tudo vai melhorar etc. até porque eu ainda estou na fase experimental do esquecimento e não dá pra saber. apesar disso, eu tenho que esperar... esperar o tempo, esperar de esperança - mesmo que não queira falar que é preciso tê-la, afinal, acaba sendo natural tê-la. sei lá, eu só vou vivendo, mas às vezes realmente parece que nada dá, sabe? acho que não tem segredo... o negócio é só ir indo mesmo.

9.10.11

muda essa vida, moça. sai de quem já não mais te faz bem. e se nem a lembrança da vida que se foi é boa, é melhor tentar fazer um novo presente, reafirmar um futuro. não digo que é fácil, aliás, é bem mais difícil do que podes esperar. mas eu te canto meus poemas e a esperança que tiro de um lugar que já não sei mais daonde, mas que enfrentemos a vida, moça. e tu, alma, o que posso te dizer? refaz-te, alma. pois tua matéria nem orgânica é, mas me diz: como é que consegues te quebrar em tantos pedaços? se de fluídos tu és chamas? chama acesa, é por isso. o fogo de ti vai se separando e acendendo em vários corações, às vezes só em um. o calor disso tudo se desprende de ti, do corpo que te cobre, e acaba se esquecendo de voltar. aí a alma fica no frio, tão baixinho e miúdo frio que te causa espanto, solidão e desperdício. pode ser, alma, que aquela outra alma seja tua metade, mas que se encontrem em outras vidas, por favor, porque se não for, já te sugou demais. tu te deixaste ir e ser tomada e agora tudo o que precisas é de uma letra c que faça virar calma. e, moça - olha, dona moça -, tens que ter fé, tens que ter força. amar não é fácil, desamar mais ainda. mas dá certo, ora se não dá. parte pra outra, moça, guarda na alma tudo o que quiser e quando quiser relembrar, já sendo calma, tudo bem, é possível que aconteça. mas pensa, moça, puxa a perseverança do bolso e busca o que tu queres, pois esse sim é o verdadeiro caminho que tanto procuras.

8.10.11

fico seriamente me indagando se as fotos que tanto existem não amargam teu coração. porque passei a não mais me acostumar com o que era costume de admirar as paisagens por onde passamos. de repente, lá estás: continuas igual. distante, com outra, seguindo e vivendo. mas sinto que com o mesmo pensamento...

tanto faz, afinal.

7.10.11


eu não sou mais eu e sinto falta disso.

gostarias que me devolvesses.

mas isso será impossível. a parte que tens de mim só existe se estamos juntos. terei que viver pra sempre com uma parte faltando ou dar um jeito de inventar, conforme o tempo passar, uma parte que se encaixe, um clone, uma cópia.
o óbvio que enxergaste foi o óbvio que não viste: ainda não demos certo por desequilíbrio de quereres: eu sempre quis demais. tu quiseste, mas não tanto.

6.10.11

aquelas cartas eram minhas. as palavras a quem se destinavam minhas cartas foram perdidas em um tempo qualquer, ou num outro horizonte com outras águas azuis. e então que o pôr-do-sol prometido transformou-se num crepúsculo profundo de saudades, mágoas e outras raivas causadas por um amor esquecido. os desejos de bom dia, boa tarde, boa noite e bons sonhos encontram alma em outros sentires. as palmas das mãos antes tão cheias de contato durante o desejo e a vontade desencostaram-se de vez como se houvesse um mundo entre elas. e um novo cabelo castanho surgiu do pé de areia que ficou. não é possível que se tenha esquecido um universo inteiro de mundos e submundos, castelos semiconstruídos e perdidos em qualquer encosta de montanha, a nosso bel-prazer. aquele nascer de sol onde expúnhamos nossas peles, tua branca, minha morena, é nada mais do que o gesto mais repetido e meu que pode acontecer. e a cor verde da bebida do início virou nada mais do que a esperança contida em meus lábios, com aquela água impura escorrendo pelos cantos de minha boca ao beijar todo teu corpo, entrando em meus ouvidos quando falavas que todo teu amor era por mim. e fomos, voltamos, eu fui, eu voltei, tu foste, voltaste, e nada mais nos ficou, a não ser todas as paisagens passadas por trás de nossos sorrisos. em que tempo te encontrarei? em que paralelo traçarei as novas desaventuranças que meu coração teme só em imaginar? é como se a vida toda tivesse parado e voltado ao ler o quanto me adoras e o mundo tivesse desabado em minha cabeça quando percebo que as raízes foram arrancadas. e por que? e por quem? por ti mesmo que insistiu que fui tua erva daninha enquanto não percebeste minhas cores em flor que te despia e vestia a hora que querias. vou à varanda imaginária de teu quarto, toco teu espírito com notas musicais desafinadas de uma letra inglesa que jamais te esquecerás por mais que faças de tudo para não mais escutá-la e te canto... eu te encanto e te encaro em qualquer canto. não é mais ninguém que está disposto e suposto a fazer isso... por mais que te vás pro fim do mundo e que eu deseje nunca mais te encontrar, sabemos os dois que há uma coisa inevitavelmente perigosa em tudo isso. não somos de mais ninguém a não ser de nós mesmos.

5.10.11

sinto falta de tua compreensão e de teu carinho...
por que tiveste que ir embora?...

3.10.11

mágoas
pela primeira vez na vida,
guardo-as.

em uma gaveta escondida
em que lugar da alma?

pela primeira vez na vida,
as mágoas ficaram em mim
se vão me destruir ou consertar
só o tempo me dirá
faz mal não se libertar dos velhos hábitos que te contraem os músculos. e ter um pesadelo, tudo bem, vá lá, é aceitável. acordar com medo de ter acontecido algo, sem nenhuma explicação plausível (já que só se sabe que foi pesadelo, mas não se lembra dele) e querer perguntar se tá tudo bem, até que vai, é louco, mas é isso. aprendi que vontade dá e passa. o que é verdadeiro fica. e tudo o que virá, será. enquanto isso, eu só desejo que esteja tudo bem, mando boas vibrações e esqueço os hábitos antigos... e esse é meu papel hoje em dia.

2.10.11

eu tenho gostos extremamente irritantes. não tenho vontade de sobressair por causa deles, pelo contrário, muito me interessaria ser alguém com gostos simples e comuns. mas não é isso que sou, e antes soar como esquisita do que como falsa. por vezes eu desejo o mundo inteiro, por outras eu só quero um pouco de dinheiro pra comprar um picolé de limão. todo mundo é assim, tenho certeza. então não me sinto mais uma vaga mente vagamente rondando por aí, eu me sinto como um todo. é quando alguém me diz 'só tu mesmo', e eu paro e penso, 'putz, só eu mesmo'. fico feliz por ser diferenciada, normalmente por falar alguma coisa engraçada. fico numa luta interna constante com o que sou e com o que deveria ser. eu sou intensa. eu sou calma. eu sou os dois ao mesmo tempo. eu explodo, eu exploro, eu imploro (implorava, hoje não mais), eu choro, eu rio, tudo ao mesmo tempo. eu estou em depressão e ao mesmo tempo fazendo piada de como eu poderia dar a volta por cima da maneira mais inusitada possível. não canso de ter esperança, não posso cansar. foi ela que me manteve de pé desde sempre. sou nova e quase sempre imatura... quer dizer, às vezes falo e escrevo coisas que sinto orgulho de mim. apesar de ser nova e quase sempre imatura, eu já passei por muita coisa. leia-se 'muita coisa' mais como qualidade do que como quantidade. eu penso demais, então um simples acontecimento, ou até mesmo um sentir, uma sensação, eu quero decifrar. houve um tempo em que quis sentir menos... e me dei conta que isso é impossível: pois meu sentir anda totalmente atrelado ao meu pensar... aí é complicado... eu sou tudo e nada ao mesmo tempo. não uma coisa agora e outra de vez em quando, é tudo misturado ao mesmo tempo. tenho asas enormes e posso voar sempre... às vezes escolho me manter na terra. foram pouquíssimas vezes, é verdade. já levei gente pra voar comigo. o peso foi grande. eu aguentaria. entretanto, houve medo do outro. aí desceu. eu caí. quebrei as asas. mas eu me levanto. eu me ergo novamente. nunca duvido do meu poder de cicatrização. ele é infinito. sabe como eu sei? se assim não fosse, eu não estaria aqui. e sabe como eu sei? eu senti.
saber e sentir. é o que move meu pensamento e minhas asas.

1.10.11

não te ver foi horrível. saber que talvez não te veja mais é pior ainda.
eu desejava muito um abraço teu, muito mesmo.
agradar-me-ia saber que, apesar de tudo, também desejavas.
é ruim ter que ir te deixando.
as coisas melhoraram.
por isso mesmo, é ruim saber que um dia seremos estranhos um ao outro.
e que tudo que a gente viveu a gente nem vai lembrar mais.
eu queria dar adeus a tudo isso te abraçando.
desculpa, eu precisava dizer isso.
talvez não haja mais oportunidade.
queria ser lembrada, não esquecida.

that's all.