27.12.11

mesmo sem querer, não consigo parar de pensar em algo que não sei o que é. complicado. eu não estou pensando, eu estou sentindo. e como é difícil isso pra mim... como que estou sentindo algo que não sei explicar? qualificar? só sinto? não existe isso. apesar de ser bem recorrente. descobri, inclusive, que só entende quem já sentiu. mas não qualquer sentir. e sim esse sentir ferino, que te rasga, que te deixa sem fôlego, parece que não há mais ar. acho que, definitivamente, não quero ser forte agora. mas eu fico triste com isso também, no fim das contas, vou ter que ser forte sozinha de novo. indo ver o pôr-do-sol sozinha de novo. mas como? eu não penso, eu sinto. e eu quero tanto, só mais um abraço. sinto saudade... e não sei mais o que escrever pra explicar o que não consigo pensar, só sentir.

26.12.11

gostar sempre gostei. não é por gostar de alguém que a gente sofre. nem por querer. é difícil admitir que continuo querendo. escrever essas linhas não é fácil, mas escrevo. continuo querendo. sofri mesmo por não entender que não posso tudo. sou a prova viva de que querer não é poder. o que dói é lutar contra o que não pode. hoje vejo que não pode e não sofro mais. claro que ainda dói, ma(i)s pela saudade. só que sobre isso nada posso fazer. let it be. e whatever works.

25.12.11

em mais um capítulo da vida que não é minha, as construções tendem todas a desabar. e eu assisto as ruínas da própria sorte se desfazendo com uma inexpressão digna de quem já viu coisa muito pior. enquanto quilos de concreto e paredes coloridas vão às ruínas em minha frente, um cheiro floral corre por perto dali, num outro quadro emoldurado com fios de ouro. quem era dona daquela ousadia que se concretizava enquanto bem do lado tudo se desconcretizava, literalmente? eu vi todos os quadros possíveis ao meu redor. enxerguei a amargura do quadro vazio, tela branca. sem nenhuma resposta. mas também sem nenhuma pergunta. o quadro ao lado, listrado com várias cores, onde flores, balões e confetes pintados aleatória e abstratamente reinavam, torturavam a mente atônita de quem assistia à destruição de vários prédios ao mesmo tempo, isso porque o inferno daquelas cores de um dia feliz eram agonizantes para quem só tinha dias cinzas. sem nenhum sofrimento. mas também sem nenhuma emoção. o quadro com as estrelas que mais pareciam um sonho zodiacal era o mais bonito. e também o mais velho. e o mais feliz. dentre tantas alegrias com tanta gente que figurava por lá, as estrelas e sua imensidão era o que mais parecia ser possível e passível de minha realidade. era somente por aquele quadro que minha pupila dilatava de forma realmente feliz. porque era só por mim. enquanto tudo era minuciosamente jogado ao destino ou ao passado, as estrelas continuavam a brilhar e isso me dava uma força impressionante. é por elas que ainda continuo. existem muitas queimando dentro de mim, que nem as que explodem no universo. porque cada um de nós tem um universo sem fim dentro de si: mais clichê impossível, mas quem é que sente diariamente essa explosão? fica de cama quando algo sai errado dentro do próprio quadro celestial? é como se dentro de mim não houvesse coração, pulmão, estômago, mas todas as estrelas dessem lugar ao pulso, à respiração, à azia de um desamor. é por isso que permaneço estática diante de tudo o que desaba bem em minha frente. se um estilhaço me pegar, nada mais acontecerá do que, mais uma vez, sangrar. a convicção de que a vida vai continuar, cinza ou não, é plena. eu já vi tanta coisa. dou a volta em meu próprio corpo e vejo tudo. dentro de um círculo totalmente sem respostas, eu me acho somente no universo que existe dentro de mim e lá mergulho, afundo e permaneço.

17.12.11

não é que nada esteja dando certo, tá tudo bem. mas não sei se consigo te ver. e eu sei, ao contrário de tantas outras coisas, porque não consigo te ver. não é meu medo de fazer algo errado, porque fatalmente eu faria algo errado. nem que fosse um sorriso a mais, uma lágrima a mais, ou até a menos. é um pensamento em ti aqui e ali, uma saudade de algo que aconteceu há tanto tempo... tu não estás em minha vida há tanto tempo. e é tão estranho, pois mesmo eu tendo a plena noção de que não estás, ainda dói ver coisas que eu não deveria procurar e acabo achando, por culpa de um momento de teimosia somente. e aí passa. muito mais rapidamente do que passaria. não é por pensar em tudo que eu faria ou deixaria de fazer. e sentir. o problema reside todo no sentir. o que ainda sentes por mim? e fico me questionando sempre que me vem essa vontade de te escrever, de te ver, de te querer, por teimosia, desejo, querência, prazer, ou, sei lá, qualquer coisa assim. o grande e grave problema está onde não posso alcançar: como fazer com que mudes de ideia em relação à tua indiferença? porque - é tão óbvio - viveste tua vida como se nada tivesse acontecido, na mais tranquila das rotinas como se eu não te tivesse existido. eu não, eu sufoquei, me afoguei, enlouqueci, e agora quando mais quero ser indiferente lembro de tua presença, numa madrugada qualquer, estando a um passo de concretizar tua voz, e vou dormir pensando nisso. como se fosse realmente um problema muito grave. conto os dias, não sei se por vontade de te ver ou por racionalidade de querer que vás embora, mas conto. estás aqui há tantos, vais-te daqui a tantos... então. a questão toda não é a vontade que vou expressar quando te ver - se eu te ver -, mas sim tua tranquilidade e indiferença ao me ver. para mim, tudo mudou. para ti, bem, creio que nada aconteceu.

4.12.11

até quando vou ficar achando coincidências em tudo que eu conseguir enxergar? tenho ainda que apagar mensagens antigas, todas tão lindas que deu dó e fotografei a saudade. tenho que arranjar outro perfume pra não lembrar teu cheiro pelos corredores que andamos. e tenho que me fazer perceber, de quando em quando, que eu não te farei um presente pro natal. tenho que me prender em mim e esquecer que vivi uma vida tempos atrás, pra não esquecer de viver essa nova. é pouca coisa hoje em dia, mas ainda é. eu me pergunto até quando porque me dá pena de ver todas que passaram por ti ainda rastejando um pouco, abrindo os álbuns, resgatando as lembranças, os locais por onde vocês caminharam. eu prefiro te deletar, apagar todas as mensagens, fechar-me em meu mundo, buscar meus sonhos, fazê-los realidade, pegar um avião e ir embora prum lugar que, que bom, nunca fomos. e mesmo assim ainda me vem um pensamentozinho chato de que planejamos essa viagem. mas, ah, que ingênua estou sendo. as outras que rastejam também ficaram esperando tantas viagens... eu não quero rastejar. por isso o medo e a pergunta: até quando?





sabe... acho até que, após o espaço, já passou.

26.11.11

meu cabelo está cheiroso
minhas pernas mal depiladas
não poderia usar biquíni
meu rosto ainda maquiado
não muito, só o básico
eu emagreci esses tempos
sim, é bem ruim
pintei as unhas de vermelho
sou eu mas não sou mais
a mesma diante do espelho
há coisas estranhas acontecendo
há outras muito pouco complexas
há algum tempo quis mudar de vida
talvez por preguiça de consertar a que tenho
continuo a melhor em matar mosquitos
tem 4 jogados aqui do lado
minhas mãos continuam boas
pro cafuné, pro carinho
pra serem tocadas
minhas orelhas estão um pouco inflamadas
essas minhas alergias à toa...
minha voz continua sempre meio rouca
meu olhar continua sempre meio torto
minha cabeça continua meio louca
os ruídos permanecem em mim um pouco
o quarto continua a mesma bagunça
a mente que melhorou
eu continuo caminhando
estou ansiosa por um resultado
fui ao cinema sozinha dia desses
e estou querendo ir novamente
assim, pra sentir a falta mesmo
queria que fizesses isso também
quem sabe, por milagre
tu realmente sentisses a falta
que faço, ou que te fiz, sei lá
só não sei porque ainda quero isso
é estranho eu não saber, não é?
mas pensarei sobre o assunto
por hora, eu só queria mesmo te contar
como vou indo.
é mais ou menos isso.
até a próxima.

23.11.11

muito pouco

eu ainda estou pensando, sinceramente, porque me incomoda tanto esse contato. isso que sinto ainda é gostar? tô achando que cheguei em um momento onde nada mais é bom, em um lugar onde tudo precisa ser reciclado, até meu modo de ver o mundo, o sentir, o fazer. eu cresci não acreditando em contos de fada, sabendo que príncipe encantado não existe e entendendo muito bem que eu não sou do tipo fácil - de namorar ou conviver. algumas boas experiências me mostraram um lado bom de mim, é verdade. algumas pessoas tiveram paciência o suficiente de ficar comigo e não terminar por causa do fim dessa paciência. a essas pessoas, meus profundos agradecimentos, vocês somaram. mas fico imaginando até que ponto ainda posso gostar de alguém que me disse não ter mais paciência para 'certas coisas'. essas tais coisas sempre ficaram um tanto nebulosas em minha cabeça, mas, de toda forma, fui levando e tentando ser, moralmente, alguém melhor. não que eu não fique com quem eu quero por ser puritana, longe de mim, e quem me conhece bem sabe que não sou puritana - e nem 'vagabunda' (ou qualquer esteriótipo preconceituoso, os quais repudio). mas é (foi) até bom: revi vários conceitos, de ordem moral, ética, social, de como tratar o próximo e como isso refletirá em mim. e de como me tratar pra refletir em outras pessoas. o que sei é que, claro, de todo relacionamento a gente tira algo que preste. eu tenho pensado muito nisso. por que cheguei a esse ponto? de encontrar 'muito pouco' que funcione como bom, pra mim, de nós? nunca acreditei em príncipe encantado. eu sempre senti (e muito, como costumo dizer), mas, sei lá, eu fiz burradas porque era nova. eu já vou pros 23 e não dá mais pra continuar errando na mesma coisa. aí, há um tempo, chega alguém e 'me tira do fundo de onde eu tô', faz-me bem, sorri-me, conquista-me, vive-me. eu comecei a pensar que por nunca ter acreditado em contos de fada, de repente poderia estar acontecendo um pra mim. mas o 'para sempre' chegou depressa demais. e acabou num dia de dezembro, eu ia fazer 20 já (ainda). o grave problema é que acabou lá mas só foi terminar mesmo por agora. o que é triste. talvez se tudo tivesse sido como deveria ser, minha vida hoje seria totalmente diferente. não totalmente, óbvio, mas grande parte. é, isso influenciou muito. todas as indas e vindas, todas as traições que sofri (não só no sentido estrito da palavra, em sentido lato mesmo), todas as mentiras que aprendi a contar (e pra quem sempre esteve comigo...), todos os problemas íntimos que me levaram quase a uma análise e à autoanálise incontáveis vezes, os choros de madrugada pela saudade, pela distância, pela falta de sensibilidade, tudo. citar momentos bons eu não vou, foram muitos, claro que foram, e sempre sensacionais. mas tudo de ruim que passei... valeu à pena? talvez seja por isso que quase 2 horas da manhã eu fico me indagando, ainda, porque me incomoda tanto esse contato. acho que nunca vou saber mesmo, e eu odeio sentir algo sem saber porque estou sentindo... talvez porque tu lembres coisas ruins. ou porque não faz sentido que sejas meu amigo, não quero isso. já tenho muitos e bons amigos. eu te queria pra ser meu, pra viver comigo, pra ter paciência sempre, assim como tive contigo. talvez porque eu sei que me trocaste - de novo - por outra. talvez porque eu pense demais. mas por que eu ainda 'gosto' de ti? faz 1/4 de ano que não te vejo e parece que faz 1/4 de vida. o que 1/4 não faz? e o que essa ambiguidade faz comigo quando penso em algo bom... é, são coisas da vida, minha nêga. o que eu sei é que mesmo não acreditando em príncipe encantado e contos de fada, eu não mereço mais algo tão cruel pra mim. não é porque não acredito no paraíso, por assim dizer, que tenho que acreditar que o que me resta é o inferno.

22.11.11

falta algo pra completar
sobra sempre pra se banhar
eu vi a luz em todo o lugar
e a escuridão eu deixei pra lá
conceitos tão simples
tornam a vida, às vezes, complicada
é quando não se sabe diferenciar
passado, presente, futuro, andando, parada
a grande virada
o anzol que me lembraram
eis que existo pra falar
mas é preocupante eu me calar
vai surgir algo pra completar
vai sobrar algo pra banhar
vai brotar pra acalentar
vou viver pra (te) lembrar
seja lá o que a ambiguidade queira expressar
mas esteja(m) certo(s)
falta-me pouco pra ganhar
sobra-me sempre pra lutar


21.11.11

a gente deveria receber um recado quando nasce: cuidado, a vida dá muitas voltas e pode causar enjoo. a história de que não é fácil viver todo ser humano são sabe que é verdade. em todo caso, existe tanta gente que passa por nós que a sensação de enjoo pode aumentar. a vida não para de rodar nunca, mas creio que certas pessoas vêm para acelerar ou desacelerar o ritmo. e por mais que o coração quase pare de bater de tanta adrenalina e emoção, com o tempo a gente aprende que o que faz falta mesmo é aquele tipo de pessoa que te acalma. e, eu tenho certeza, esse tipo não existe muito. é tão bom estar com tranquilidade. sinto falta disso. meu mundo anda girando muito rapidamente e me deixando tonta demais. eu quero paz. eu quero desacelerar. eu quero não mais enjoar toda vez que, mesmo sem querer, lembrar.

17.11.11

ah, menina
tu que és só uma menina
uma mocinha
e também uma mulher
sê forte, esquece essa prece
trata de fortalecer a fé em ti mesma
não te joga às profundezas
de um mundo sem volta
sai dessa melancolia
que sofrer por ele não é paz
ele não merece tua lágrima
menina que és mulher
de tão poucos anos que tem
e tanto que já passou
trata de tratar tua tristeza
e nos traz de novo alegria

15.11.11

essa vida constante em encruzilhadas não me faz bem
sinto que a qualquer momento meu peito explodirá
e por que ainda nisso pensar?
não consigo parar de traçar planos para um futuro que não sei se virá
de forma escondida, há algum tempo comecei a pensar
num improvável reencontro, onde tudo tem cheiro de chuva
mas gosto de tarde num fim de raio de sol bom
como naquelas misturas que costumávamos ser
não aguento mais viver com esse passado me engolindo
e muito menos com esse futuro me esmagando
mas meus dias não parecem passar
às vezes sinto meu coração parar de bater
ainda não sei ao certo se é de verdade
às vezes acordo no meio do sono
com meu coração disparado ao pensar em ti aí
imaginar o que poderias estar vivendo
e é tão torturante quanto errado comigo mesma
em meio às palavras antropologicamente organizadas
ou em mais uma teoria jurídica já conhecida
eu vejo teu rosto e tua boca se mexendo
como quando discutíamos o futuro da humanidade
sempre através de uma técnica desmantelada de igualdade
e como podemos ser tão iguais
e tão incrivelmente diferentes?
quando é que morrerás em mim?
já faz tanto tempo que não te vejo...
já faz tanto tempo que te conheço...
tu ainda és tu?
e eu? ainda sou eu?
meu peito dói e cansa
e quando fico cansada, choro
e quando choro quero música
sabes que até nisso somos parecidos?

eu costumava tanto dizer que somos melhores juntos...
acho que poderíamos fazer tanta coisa juntos
só ainda não conseguimos fazer algo por nós
é inevitável não pensar num porquê
então eu deixo pra lá, acabo perdendo a voz...

estive tranquila e um tanto segura
mas, por algum motivo, cá estou novamente
é fácil dizer 'vou parar de fumar' e jogar fora os cigarros
difícil mesmo é não pegá-los de volta
pra, quem sabe, uma última tragada
que me perdoes por te comparar à tabaco
mas eu te inspirei, respirei, e perdi o fôlego...
de vez em quando parece que vai bater uma recaída

sei bem que sou mais uma
eu deveria sempre saber
e... como dizer?
é bem óbvio que estás tranquilo e seguro
tens um porto seguro em quem deitar
dormir, acordar, descansar
mas quando é que dela vais cansar?
porque isso é tão óbvio
ela ainda não sabe, mas é o que sempre fazes
e quando é tu vais te cansar?
parar de fazer tudo isso?
não sou meio, eu sou fim
não poderia nunca te trazer paz
eu não sou um utensílio doméstico com tarefa destinada
sou um ser humano de carne, osso e alma
tua paz que tanto caçaste em mim
e continuarás caçando por aí, em outras
está em ti
enxerga-te do lado de dentro e acharás
e daí, não te centres mais: que te expandas
já és egoísta o suficiente
agora olha para dentro e enxerga o que há de fora
eu estive te esperando e te querendo por tanto tempo
mas agora já passou da hora

dói começar a sonhar com nosso reencontro
e, ao mesmo tempo, ser obrigada a me acordar
tu não mudarás, não evoluirás...
e eu... bem... eu já terei ido embora desse lugar...

13.11.11

a saudade é um mar de lembranças
as lembranças são um mar de sentires
os sentires são um mar de quereres
os quereres que se buscam pra lá
e lá é um mar de água de rio
e rio hoje em dia do lado de cá
cá é um mar de conspiração
a conspiração não passa de um mar de aflição
aflição que é um erro de um não
o não passa a ser tudo que é
e ser é uma verdade incontestável
contestar é minha missão
porque o que era já foi
mas o que ainda não chegou pode ser
o poder é menos que o ser
e o ser se prega à palma da mão
a mão é um mar de toques
os toques um mar de suspiros
os suspiros dados em uma noite qualquer
uma noite qualquer é um mar sem direção
a direção que me faltou convencer
convencimento é um mar profundo
a profundidade que se escoa pelo tempo
o tempo é meu melhor amigo
esse amigo é meu mar, meu abrigo
meu abrigo é um mar em teus braços
teus braços abraçam outro corpo
e o corpo é a areia da praia
porque alma é o mar
e a minha é um mar de calma
pois a calma é um mar de paciência
e a paciência infinita de quem tem certeza
a certeza é minha aliada
pois o saber é meu mar de razão
e a razão é o mar de sorrisos
meus sorrisos, um mar onde te banhaste
em um dia atrás
num dia pra se sentir saudade
e a saudade é um mar de lembranças...

12.11.11

é às quinze para as duas da manhã
que de repente penso em ti
e que falta faz conversar

e não é que bateu saudade?

(acontece)

9.11.11

hoje gastei os últimos trocados que podia da minha conta bancária. não tenho dinheiro, nem muitas boas expectativas de tê-lo. eu gosto de ter dinheiro pelo que ele pode me proporcionar: sorrisos com os amigos num bar legal, cervejas geladas, um sushi, uma macarronada, passagens de avião pra que eu possa ver aqueles que amo e estão longe, um vestido novo que me deixe bonita pra ir a uma festa qualquer. talvez por isso eu não tenha mais quase nenhum dinheiro agora. só agora aprendi o quanto é importante guardar hoje para se construir o amanhã. mas hoje eu gastei meus últimos tostões da conta bancária para fazer o que nunca mais tinha feito: ir ao cinema.
quando saí, deslumbrada com o filme, da sala do cinema, eu pensei 'quer saber? eu tenho tudo'.
dinheiro não é quase nada nessa vida. sabe por que?
porque o dia estava lindo, o sol brilhava no céu e a música que eu ouvia no ônibus era linda. e fui ouvindo várias vezes seguidas, e toda a vez que ela recomeçava, meu coração se enchia de esperança novamente. e eu tirei o sapato que me doía os pés quando cheguei perto de casa e senti o chão. eu adoro fazer isso. gastamos dinheiro com sapatos, mas não há sensação melhor do que despir os pés e andar com eles descalços no chão. e sentir a grama? e quando ela está molhada da chuva? e senti-la enquanto tomamos banho de chuva? que dinheiro é que paga isso?
eu gosto de um ser humano está longe. eu daria algumas moedas para revê-lo. mas sabe que até nisso o tempo foi bom comigo? aprendi, da pior maneira (claro, sempre), a, definitivamente, amar-me. que saudade eu tava do meu carinho, do meu amor e do meu gosto em mim mesma. que dinheiro paga isso?
claro que dinheiro é importante, eu não sou hipócrita de dizer o contrário. mas mais importante é saber usá-lo com sabedoria. num mundo extremamente globalizado e capitalista como o nosso, vale mais à pena repassar a ideia do desapego ao material, à elevação do espírito.
por isso, estude. não há dinheiro que pague o conhecimento, a inteligência, a criatividade. por mais que exista a comercialização disso tudo, saiba que nunca pagarão o suficiente pela sua ideia. por isso, compartilhe as ideias de modo gratuito, afinal de contas, você estará ajudando pessoas que talvez não tenham dinheiro para comprá-la. estude para se consagrar para si mesmo, para se superar, para alcançar uma meta pessoal, para se especializar em um assunto que você gosta muito. estude por gosto, leia coisas interessantes, veja os assuntos de outra maneira, com outra perspectiva. busque um sentido na teoria, tente aplicar a teoria na prática, se não funcionar, busque outra teoria, um sentido nessa teoria, aplique a outra teoria na prática, se não der certo, tente de novo. só não deixe de tentar. o mundo precisa de pessoas pensantes e atuantes. não ache que só porque você está aí sentado que não pode fazer nada. pode. escreva. transforme cabeças. exponha uma ideia. mostre pro mundo. faça o mundo melhor com bons pensamentos. divida. existem pessoas que precisam de uma palavra boa, de esperança, de alegria.
trabalhe. não se lamente. eu também tô desempregada. fiquei meio em depressão. ainda estou trabalhando nisso, e bem melhor. mas mesmo assim trabalhe. mesmo que você não ganhe dinheiro. sinta-se útil: esse é o verdadeiro motivo do trabalho. seja voluntário. não quer ser? lave uma louça, lave sua própria roupa, varra seu quarto, seja alguém pra você mesmo. tenha gosto em fazer coisas que você não faria nem amarrado - mude de ideia.
tenha noção de que dinheiro pode trazer as coisas felizes pra perto de você, mas que você pode consegui-las, de um jeito ou de outro, mais modestamente, ou quem sabe até de graça.

afinal, quanto vale um sorriso se não apenas o próprio valor de sorri-lo?



7.11.11

every teardrop is a waterfall

lembro-me e sinto saudades das coisas mais inimagináveis possíveis, e também desconhecidas... eram sentidos só meus, que só eu suponha saber... aí estão:
o barulho do ar condicionado do antigo quarto - ás vezes acordava de madrugada e dava graças por estar tudo desligado, tv, luzes, computador, então eu só escutava o barulho do ar condicionado, misturado ao barulho da geladeira e aos teus...
o preenchimento de minha nuca pela tua cabeça - sempre soube que conseguiria (como antes de conhecer a sensação, conseguia) dormir sem teu corpo encostado ao meu e tua respiração bem embaixo de meus cabelos... só não sabia que ia doer mais do que eu pensava que sabia. gostava tanto que na hora de acordar já queria que chegasse novamente a hora de dormir, apenas pra sentir tua pele pálida e rosada colada à minha morena e escutar teus barulhos que, de início, incomodavam, depois me faziam rir com gosto, e que hoje fazem-me, ainda, uma falta incompreendida.
o mês de maio do ano 11, que estivemos distantes na matéria mas impressionantemente próximos de alma - foram dias contados em um calendário caseiro que só continha dias de maio, todos eles, e que ia riscando um a um, até o dia oculto em que não mais precisaria fazer isso. durante esse tempo, a voz da laura me embalava, de dia e de noite, fazendo-me ter força pra não sentir tanta saudade de quem estava longe e comigo, enfim... ela me falava de um homem errante e eu pensava em ti, e queria que o tempo passasse e te entregasse pra mim... fiz também escritos  de meus pensamentos e sentires em um lugar escondido que te mostrei meses depois, em mais uma tentativa frustrada de te fazer lembrar as coisas tão boas que tivemos... do dia zero ao vinte e algo, acho, do fim de abril até maio.
teu cheiro depois que tiravas a blusa - no calor ou no frio, suado ou trocando-a após experimentar várias saído do banho. mal consigo me sustentar quieta quando sinto teu cheiro bom... porque não só lembro ou sinto saudades, eu te cheiro sem nem estares perto. ao acordar, ao dormir, almoçando, atravessando a rua. muitas vezes, quando estou fora de casa, acabo te sentindo e, mesmo sabendo que estás em outra cidade, num ímpeto, viro e reviro a cabeça em muitas direções tentando te encontrar... e nunca estás.
nicks e subnicks malucos - sempre com uma mensagem, às vezes tão subliminar e ambígua que nunca dá pra saber se é pra ti mesmo, pra alguém, pro mundo ou pra ninguém. não uso mais o msn. não tem mais graça. mas gostava de tentar adivinhar qual seria a próxima frase, mensagem, palavra. quão boa não foi minha surpresa ao ver que vai sobrar carinho se faltar estrada ou carnaval? foi a única mensagem que quando li, tive certeza absoluta e instantânea que era pra mim...
saudade tem dessas coisas. pega-nos mesmo às 3 horas da manhã depois de muito estudo... é que faltas tu pra debater e depois me abraçar, quando eu já estivesse cansada.

relembrar tudo isso hoje não me faz mal. toda lágrima é uma cachoeira - quando vale à pena.

6.11.11

fios de violão

eu quero essa tranquilidade cantada, tocada e plantada no violão todos os dias... porque, sabe, é verdade, é tudo verdade que ainda acontece, mas eu não me preocupo mais. não agora, não nesse instante e espero que pelos próximos todos os diasmoi je serai toujours chez toi no fim das contas. o caso é que eu não sei bem. qual será a próxima onda de calor? e será que tu fizeste a barba? saudades de unhas em costas, encostadas em fios de nylon ou aço, desfiando notas, desafiando o silêncio. e aí a voz entoando, rouca e desafinada, a canção que menos se cantou e mais se sentiu. estou calma, a alma segue forte. mas é que sempre tem um mas e um sempre. eu só tô com uma ausência de presença tão grande que nem dá mais pra gritar. quase me conformando. até quando?

2.11.11

eu tinha fé em tanto fá
aí num afã
a fé findou
o fá me afundou

era muita fé em pouco fá
e agora um fá em meio a fé

e tempo...
ele não é bem engraçado?
(de dar dó)
pela milésima vez
é hora de recomeço

31.10.11

já é novembro... e eu só espero que seja doce
ou mesmo meu gosto agridoce
com um pouco de azedume
porque eu não sou de ferro
e doce demais me enjoa
mas que nesse penúltimo mês
o ano seja um pouco renovado
e aquelas dores de meio de ano até agora
ah, que elas passem
e não se repassem
não desejo dores a ninguém
não tenho inimigos
mas mesmo se os tivesse
também não desejaria a eles
eu só quero desejar o que é doce
e um pouco azedo
pra que fique um pouco parecido comigo
eu acrescento a meu azedume
essa doçura que desejo que vire
que vire a vida remexida
tão profundamente envolvida
em bocas tão saudosas juntas
que, sei lá, sei lá
experimenta daí outros gostos
eu me fixo em descobrir que gosto tenho
desejei coisas boas em agosto
mas esse foi o mês do meu desgosto...
tenho um pouco de medo agora
de desejar doçura
mas sigo tentando

deixa ser doce
venha provar azedume
sem imaginar o que seria se fosse
sente meu gosto e vem lamber meu perfume

deixa ser doce novembro.

28.10.11

eu, que sinceramente não sei rezar, fico pedindo a deus que me faça passar pelos momentos difíceis da melhor forma possível. não pela forma mais fácil, porque se fosse fácil, já tinha acabado. mas da forma mais honesta possível, que eu possa dizer, daqui a um tempo - mesmo que demore - 'passou'.
eu, que não sou muito de esquecer, fico mentalizando não lembrar o que não vale mais à pena - não que não tenha sido bom e ainda seja, é que simplesmente não mais será. fico enchendo meu dia de 'quifazeres' pra ver se não dá tempo de pensar. e leio tão rapidamente que tenho que voltar, não leio pra entender, mas acabo lendo pra não pensar.
eu, que quase não seguro o choro, tenho deixado-o preso com vergonha de mim mesma na frente do espelho, sofrendo por algo que não mais existe, desejando o passado de volta agora, tendo esperanças num futuro bom, chorando por alguém que nem ao menos me sente em falta dentro de si.
eu, que não suporto ficar sozinha, tenho pressentido e sentido que o melhor é isso mesmo. assim eu me curo. assim eu me curo de ti de vez. acho que se isso fosse feito por ambos os lados, a coisa daria mais certo, mas de um outro lado não há tanta força de vontade e pula-se de alma em alma pra procurar algo que se chama 'calma'. 
mas eu, que não tenho moral nenhuma pra dar lição, digo: estás procurando calma em alma, quando na verdade, deverias procurar alma, com calma...
e eu também, que não sou de calar, que não sou de cansar, que não sou de confessar...
confesso: cansei.
calei.

24.10.11

sou uma alma carente perdida em um mundo isolado de várias solidões... sempre quero um ombro amigo, um irmão, um carinho, um alguém. quero ser alguém pra estar contigo. é mais por ter quem abraçar na hora da chuva e na hora do sol, quando vier a vontade... isso acontece de vez em quando, a carência da alma grita por um abraço esquecido no tempo... então esse desejo se espalha, sobe nos ônibus... pega aviões, cruza oceanos, perde-se... e mais do que carência de não poder abraçar quem se quer é a carência de um abraço que se perde...
pra onde vai o amor quando deixa de existir?
será que em algum lugar do universo existe um lugar específico para amores extintos? para amores não realizados?
deve acontecer uma longa viagem até todo amor sair de alguém e ir para esse local desconhecido.
porque amor só existe se é verdadeiro, se não é real, não é amor. é clichê. mas é que tem gente que confunde.
hoje sei o que é, afinal, esse amor que ainda sinto está indo embora.
queria saber como vai teu processo. é, porque amor é via de mão dupla: ou os dois sentem ou não é amor.
e me amaste... hoje vejo o quanto. ainda me amas?
nosso amor está numa grande viagem pelo universo...
isso é incrivelmente louco, pois há bem pouco, nós é que viajávamos por universos paralelos, através de sorrisos.
eu me pergunto pra onde vai o amor: porque se ele for de vez eu posso querer ir buscá-lo...
é por isso que não sabemos pra onde vai... pra nunca podermos buscá-lo de volta.
aí você me pergunta: 'mas e quando a história de duas pessoas se repete? alguém foi buscar o amor...'
que nada... nesse caso, o amor não foi embora... é uma ida sem volta. quando repete é porque não foi embora.
e meu medo é esse...
desse amor se perder no universo...
'mas tudo bem
o dia vai raiar
pra gente se inventar de novo'

cícero rosa lins - tempo de pipa
(procurem no youtube)

20.10.11

houve um tempo em que clima de chuva sempre fazia lágrima acompanhar. dois pingos caindo, de lá e daqui, num pingo de gente já crescida, mas ainda sem entender quase nada. quase que todo o tempo nublado, a alma diminuía, ficava quietinha de uma maneira cruel: como se o frio - o frio de belém - não deixasse a alma correr. o medo interno da chegada de meados de outubro, novembro, costumeiramente me deixava mais triste, pois em quase todas as épocas chuvosas, acontecidas todos os anos, coincidiam com as minhas próprias épocas chuvosas. é comum que combinemos calor à boas emoções, e frio com fechaduras, esquecimentos e machucados. ou feridas abertas. hoje, enquanto eu dormia num horário um tanto estranho, parecia que o dia tinha se tornado feriado pra mim: eu não pensei em mais ninguém, até em meu sonho, a única pessoa que restava era eu mesma. senti meu próprio espírito e tudo pareceu fluir muito bem, enquanto o vento frio caminhava pelas minhas pernas. quando acordei, vi aquela escuridão em plena tarde de uma cidade quente, e pensei 'que bom'. essa época de chuva sempre me fez escrever um monte de coisas, desde que me entendo, estou escrevendo sobre a chuva. mas dessa vez é diferente: não só a contemplo ou não só ela me faz relembrar muita coisa... o que acontece é que a chuva molhou meu espírito de uma forma maravilhosa agora.

19.10.11

o que seremos nós em 1 ano? exatamente no dia 19 de outubro de 2012, sexta feira: o que seremos? estaremos aqui? como prever o futuro? eu não previ o que eu seria agora há 1 ano. mas eu desejei estar melhor. foi bom, tá sendo. a vida sempre me ensina mais um pouquinho. e se o mundo acabar ano que vem, de verdade? o que seremos? mais poeira no espaço. temos pouco tempo. o que vai restar de nós? mal sabemos hoje, o que resta... e o que resta? resta algo? somos algo? quem é que pode dizer senão somente nós mesmos? eu tenho tantas dúvidas, tantas indagações, a vida parece fluir de uma forma tão brutal às vezes... e outras, como agora, tão calmamente... tranquila... um prazer inexplicável de sentir o ar entrando em meus pulmões. e o momento de reflexão... o que somos? o que seremos? o que fomos? o que sei é que... eu quero tanto cantar...

18.10.11

meu coração está completamente cheio e vazio
de coisas, sentires, sorrires, lugares, saudades, músicas, amores, rancores
alfinetes, objetos, boinas, arrebites, ouro, cloro, vestidos, danças, gemidos
raptos, vinhos, começos, idas, vindas, surpresas, anos, três, tempo, jeito
unhas, costas, braços, pernas, branco, morena, suspiro, velas, incensos, contrassensos
mobília, quartos, subidas, escadas, descidas, paradas, moradas, lavadas
gavetas, caminhos, luzes, cerveja, avião, cidades, flores, calças jeans
programas, raivas, silêncio, palavras, nuca, cabelo, lugar
um lugar em mim, nosso lugar no mundo

meu coração está completamente perdido e no lugar certo
cabe tudo aqui dentro e ainda sim
falta.

17.10.11

essa é a última oração pra salvar seu coração.
daqui em diante, rezar-te-ei (do jeito estranho que sei)
e o mais bonito...
deixar-te-ei com a leveza de que foi bom...
ter-te é tão bom
e te deixar é tão bom também...
obrigada por existir, sempre

beijos ternos, eternos e efêmeros.


é engraçado perceber que as pessoas vão, mas os sentires ficam. existe um grande vazio ainda dentro de meu peito, a saudade é realmente muito grande. mas não é algo irreversível: há tanto que pode ocorrer em tanto tempo, de tantos jeitos. é de pouco em pouco que volto a ser e escrever otimismos, basta só deixar um pouco o rio correr pro mar... é sempre assim, nessa ordem. aaah... e eu sou um mar tão imenso de tanta coisa insuportavelmente boa que é só sendo assim que se sabe que se é feliz... sei lá, eu fico tão besta de repente, só por ver o céu azul, o sol que brilha, a lua tão linda, só porque ouço a voz dos meus amigos, as piadas diárias, as esperanças renovadas... quando percebo que minhas cicatrizes são motivo de orgulho: é, eu sou uma guerreira porque eu gosto de viver e não desisto... eu quero sempre um sorriso no rosto. pouquíssima gente entende, e eu acho bom, quem sabe viro até mistério... haha 
tem um vazio, ainda? tem. e por isso fiquei mais feliz: tá mais simples de preencher. e só entram coisas boas.

14.10.11

nós não seremos amigos. ainda dói brutalmente. nós não seremos mais nada. absolutamente mais nada faria sentido. existe somente um jeito que gostaria de ter por perto e que acho que daria certo. mas esse jeito é o que achas errado. não dá pra te ver sabendo que existe um outro lado. e existe, tem até nome, foto e elogio. não dá pra levar à sério mais qualquer tipo de aproximação porque eu vou querer que seja sério. não dá pra acreditar que utilizaste as mesmas palavras, mais uma vez, para descrever outra moça. como alguém pode se repetir tanto? como ainda podes incorrer nos mesmos erros? como é que, sabendo disso, ainda consigo te querer? a rotina que levávamos lentamente vai passando e sempre o processo acelera quando penso que estás vivendo a nossa rotina com outra menina. não posso te aceitar novamente pela metade. e eu digo isso aqui não pra ti: é pra mim mesma, pra que eu me convença, que não vale à pena (sempre tão duras penas) te ter, mais uma vez, mesmo que seja bom, em partes. quero-te inteiro. apesar disso, eu me quero inteira. começo assim. o resto que se dane. nós não teremos um ao outro pela metade. nunca. nunca mais.

12.10.11

ah, sim. é verdade. mais um avião passando. eles sempre me causaram certa angústia. primeiro porque eu gostaria de entrar mais neles, já que não costumo viajar. o que sugere que eu tenho que, mais do que nunca, buscar meu futuro com minhas pernas e braços, pois só assim poderei viajar mais. segundo que eu morro de medo. as poucas vezes foram algumas, entende? os aviões estão cada vez mais apertados. o que me dá mais medo. mas parece que pra estar com alguém que gostamos não há limites. o medo se vai, a distância se torna nada, nula. é incrível. vai ver que é por pensar que não mais faço isso é que agora minha angústia é saber que os aviões passam em minha cabeça sem que eu esteja num deles. mesmo com medo. medo eu tenho sempre, né? a gente tem medo de muita coisa. eu tenho, confesso, medo de mim mesma. eu nunca sei o que pode acontecer nessa vida. eu planejo algo e a vida desfaz. parece ironia. vamos falar de saudade. ô, coisa chata. já é tema passado, eu acho. até porque já tá passando. o problema é que nunca passa 100%. fica sempre uma porcentagenzinha martelando na minha cabeça. fato é que já estou me acostumando com ela. engraçado. ano passado foi quase do mesmo jeito, mas tão diferente. a escolha dessa vez foi minha. seria inevitável não escolher por isso. em todo caso, é mais fácil imaginar mesmo do que ver mais uma alma sendo quebrada sem querer. thinking about tomorrow, sabe? já até previ mais ou menos quando vai ser. opa, lá vem mais um avião. sei lá, não há sentido nesse escrito. vai ver que ainda me dói não poder ter medo dentro do avião pra ir te ver.

mas o mundo tem tantos destinos, não? estou pronta para os próximos.

11.10.11

essa minha caminhada tarda mas não falha, veja bem, criaste um monstro, ai, alma, tu nem dóis mais tanto assim. e esse costume de ter um hábito de chamar de besta já acabou, já foi, e se toda minha raiva, mágoa, descompasso demonstrei, ah, foi porque eu tinha um monstrinho gritando desde meu estômago e os pulmões não aguentavam mais, o coração estava arranhado e as palavras acabam falando o que gostam de repetir a todo momento. culpa? quem teve culpa nisso tudo? eu não sei e quem pode me dizer? ninguém. a vida é mais do que buscar culpa e por isso aprendo e enxergo: estou aqui me reconstruindo, sozinha, sem um ombro pra chorar e uma boca pra me beijar, eu sou corajosa o suficiente pra me remontar solitariamente, refletindo e pensando em toda a merda que aconteceu. tenho vontade de escarrar em tuas fotos de vez em quando, mas quem que nunca foi deixado não tem uma vontade dessas mais ou menos brusca? eu falo com o mundo pelo meu coração e eu não tenho medo de ser julgada por dizer que fui deixada e estou sofrendo ainda por isso, mas igualmente inexiste agora aquela vontade de morrer se eu não pudesse viver sem ti. eu já vivia há muito tempo sem ti, eu sempre vivi sozinha, enquanto tua alma por aí vagava por onde quisesse, vagarosamente até encontrar a minha pra se recostar, mais uma vez. e daí que eu deixava? eu deixava mesmo, eu era mais uma apaixonada. ah, e que saudade dessa tua paixão por mim. coisa mais doida. isso lá é paixão? pode até ser, sei lá, mas que era bem estranha, era. eu gostava de toda essa esquisitice, essa coisa que parece que é só minha, tão sui generis que chegava a dar ódio quando eu pensava que eu bem que podia ser 'normal'. pela última vez (talvez) eu esteja aqui cuspindo as palavras que me rodeiam nesse momento, onde só quem me acompanha é a música e tantas outras coisas imateriais, como a lembrança que tenho de ti. eu sei que a ideia principal é: cá estou eu caminhando pra frente, aguentando firme do jeito que posso, sendo quem eu gosto de ser de pouquinho em pouquinho novamente... e tu? acorda, querido, tu estás errando de novo e do mesmo jeito! 

(ninguém é insubstituível, mas eu duvido que alguém seja como eu)
sei lá, às vezes parece que nada dá, né? não dá vontade de sair de casa, nem ao menos de ver o céu. apesar de estar tranquila, após um longo período de caos interno, ainda não é total a calmaria. a gente precisa mesmo de força pra se estabilizar, e ninguém faz isso por nós. cabe a nós mesmos lutar contra a sombra da tristeza, da mágoa, da raiva. de repente a gente vê que não faz tanta falta assim. apesar de fazer. mas dá pra viver, conviver e ser feliz. é aquela coisa, a gente escolhe sofrer ou não. não vou falar sobre esperança aqui, de que tudo vai melhorar etc. até porque eu ainda estou na fase experimental do esquecimento e não dá pra saber. apesar disso, eu tenho que esperar... esperar o tempo, esperar de esperança - mesmo que não queira falar que é preciso tê-la, afinal, acaba sendo natural tê-la. sei lá, eu só vou vivendo, mas às vezes realmente parece que nada dá, sabe? acho que não tem segredo... o negócio é só ir indo mesmo.

9.10.11

muda essa vida, moça. sai de quem já não mais te faz bem. e se nem a lembrança da vida que se foi é boa, é melhor tentar fazer um novo presente, reafirmar um futuro. não digo que é fácil, aliás, é bem mais difícil do que podes esperar. mas eu te canto meus poemas e a esperança que tiro de um lugar que já não sei mais daonde, mas que enfrentemos a vida, moça. e tu, alma, o que posso te dizer? refaz-te, alma. pois tua matéria nem orgânica é, mas me diz: como é que consegues te quebrar em tantos pedaços? se de fluídos tu és chamas? chama acesa, é por isso. o fogo de ti vai se separando e acendendo em vários corações, às vezes só em um. o calor disso tudo se desprende de ti, do corpo que te cobre, e acaba se esquecendo de voltar. aí a alma fica no frio, tão baixinho e miúdo frio que te causa espanto, solidão e desperdício. pode ser, alma, que aquela outra alma seja tua metade, mas que se encontrem em outras vidas, por favor, porque se não for, já te sugou demais. tu te deixaste ir e ser tomada e agora tudo o que precisas é de uma letra c que faça virar calma. e, moça - olha, dona moça -, tens que ter fé, tens que ter força. amar não é fácil, desamar mais ainda. mas dá certo, ora se não dá. parte pra outra, moça, guarda na alma tudo o que quiser e quando quiser relembrar, já sendo calma, tudo bem, é possível que aconteça. mas pensa, moça, puxa a perseverança do bolso e busca o que tu queres, pois esse sim é o verdadeiro caminho que tanto procuras.

8.10.11

fico seriamente me indagando se as fotos que tanto existem não amargam teu coração. porque passei a não mais me acostumar com o que era costume de admirar as paisagens por onde passamos. de repente, lá estás: continuas igual. distante, com outra, seguindo e vivendo. mas sinto que com o mesmo pensamento...

tanto faz, afinal.

7.10.11


eu não sou mais eu e sinto falta disso.

gostarias que me devolvesses.

mas isso será impossível. a parte que tens de mim só existe se estamos juntos. terei que viver pra sempre com uma parte faltando ou dar um jeito de inventar, conforme o tempo passar, uma parte que se encaixe, um clone, uma cópia.
o óbvio que enxergaste foi o óbvio que não viste: ainda não demos certo por desequilíbrio de quereres: eu sempre quis demais. tu quiseste, mas não tanto.

6.10.11

aquelas cartas eram minhas. as palavras a quem se destinavam minhas cartas foram perdidas em um tempo qualquer, ou num outro horizonte com outras águas azuis. e então que o pôr-do-sol prometido transformou-se num crepúsculo profundo de saudades, mágoas e outras raivas causadas por um amor esquecido. os desejos de bom dia, boa tarde, boa noite e bons sonhos encontram alma em outros sentires. as palmas das mãos antes tão cheias de contato durante o desejo e a vontade desencostaram-se de vez como se houvesse um mundo entre elas. e um novo cabelo castanho surgiu do pé de areia que ficou. não é possível que se tenha esquecido um universo inteiro de mundos e submundos, castelos semiconstruídos e perdidos em qualquer encosta de montanha, a nosso bel-prazer. aquele nascer de sol onde expúnhamos nossas peles, tua branca, minha morena, é nada mais do que o gesto mais repetido e meu que pode acontecer. e a cor verde da bebida do início virou nada mais do que a esperança contida em meus lábios, com aquela água impura escorrendo pelos cantos de minha boca ao beijar todo teu corpo, entrando em meus ouvidos quando falavas que todo teu amor era por mim. e fomos, voltamos, eu fui, eu voltei, tu foste, voltaste, e nada mais nos ficou, a não ser todas as paisagens passadas por trás de nossos sorrisos. em que tempo te encontrarei? em que paralelo traçarei as novas desaventuranças que meu coração teme só em imaginar? é como se a vida toda tivesse parado e voltado ao ler o quanto me adoras e o mundo tivesse desabado em minha cabeça quando percebo que as raízes foram arrancadas. e por que? e por quem? por ti mesmo que insistiu que fui tua erva daninha enquanto não percebeste minhas cores em flor que te despia e vestia a hora que querias. vou à varanda imaginária de teu quarto, toco teu espírito com notas musicais desafinadas de uma letra inglesa que jamais te esquecerás por mais que faças de tudo para não mais escutá-la e te canto... eu te encanto e te encaro em qualquer canto. não é mais ninguém que está disposto e suposto a fazer isso... por mais que te vás pro fim do mundo e que eu deseje nunca mais te encontrar, sabemos os dois que há uma coisa inevitavelmente perigosa em tudo isso. não somos de mais ninguém a não ser de nós mesmos.

5.10.11

sinto falta de tua compreensão e de teu carinho...
por que tiveste que ir embora?...

3.10.11

mágoas
pela primeira vez na vida,
guardo-as.

em uma gaveta escondida
em que lugar da alma?

pela primeira vez na vida,
as mágoas ficaram em mim
se vão me destruir ou consertar
só o tempo me dirá
faz mal não se libertar dos velhos hábitos que te contraem os músculos. e ter um pesadelo, tudo bem, vá lá, é aceitável. acordar com medo de ter acontecido algo, sem nenhuma explicação plausível (já que só se sabe que foi pesadelo, mas não se lembra dele) e querer perguntar se tá tudo bem, até que vai, é louco, mas é isso. aprendi que vontade dá e passa. o que é verdadeiro fica. e tudo o que virá, será. enquanto isso, eu só desejo que esteja tudo bem, mando boas vibrações e esqueço os hábitos antigos... e esse é meu papel hoje em dia.

2.10.11

eu tenho gostos extremamente irritantes. não tenho vontade de sobressair por causa deles, pelo contrário, muito me interessaria ser alguém com gostos simples e comuns. mas não é isso que sou, e antes soar como esquisita do que como falsa. por vezes eu desejo o mundo inteiro, por outras eu só quero um pouco de dinheiro pra comprar um picolé de limão. todo mundo é assim, tenho certeza. então não me sinto mais uma vaga mente vagamente rondando por aí, eu me sinto como um todo. é quando alguém me diz 'só tu mesmo', e eu paro e penso, 'putz, só eu mesmo'. fico feliz por ser diferenciada, normalmente por falar alguma coisa engraçada. fico numa luta interna constante com o que sou e com o que deveria ser. eu sou intensa. eu sou calma. eu sou os dois ao mesmo tempo. eu explodo, eu exploro, eu imploro (implorava, hoje não mais), eu choro, eu rio, tudo ao mesmo tempo. eu estou em depressão e ao mesmo tempo fazendo piada de como eu poderia dar a volta por cima da maneira mais inusitada possível. não canso de ter esperança, não posso cansar. foi ela que me manteve de pé desde sempre. sou nova e quase sempre imatura... quer dizer, às vezes falo e escrevo coisas que sinto orgulho de mim. apesar de ser nova e quase sempre imatura, eu já passei por muita coisa. leia-se 'muita coisa' mais como qualidade do que como quantidade. eu penso demais, então um simples acontecimento, ou até mesmo um sentir, uma sensação, eu quero decifrar. houve um tempo em que quis sentir menos... e me dei conta que isso é impossível: pois meu sentir anda totalmente atrelado ao meu pensar... aí é complicado... eu sou tudo e nada ao mesmo tempo. não uma coisa agora e outra de vez em quando, é tudo misturado ao mesmo tempo. tenho asas enormes e posso voar sempre... às vezes escolho me manter na terra. foram pouquíssimas vezes, é verdade. já levei gente pra voar comigo. o peso foi grande. eu aguentaria. entretanto, houve medo do outro. aí desceu. eu caí. quebrei as asas. mas eu me levanto. eu me ergo novamente. nunca duvido do meu poder de cicatrização. ele é infinito. sabe como eu sei? se assim não fosse, eu não estaria aqui. e sabe como eu sei? eu senti.
saber e sentir. é o que move meu pensamento e minhas asas.

1.10.11

não te ver foi horrível. saber que talvez não te veja mais é pior ainda.
eu desejava muito um abraço teu, muito mesmo.
agradar-me-ia saber que, apesar de tudo, também desejavas.
é ruim ter que ir te deixando.
as coisas melhoraram.
por isso mesmo, é ruim saber que um dia seremos estranhos um ao outro.
e que tudo que a gente viveu a gente nem vai lembrar mais.
eu queria dar adeus a tudo isso te abraçando.
desculpa, eu precisava dizer isso.
talvez não haja mais oportunidade.
queria ser lembrada, não esquecida.

that's all.

28.9.11

entre todas as unhas roídas
e todas as feridas abertas
costumes de sempre, manias doídas
entre todas as coisas certas

a verdade é que não sei quem és
não agora, não mais
alguém que eu costumava conhecer
eras toda a minha paz

meu diário, meu lindo
entre todas as coisas erradas
tu foste o que escolhi para ir indo
acompanhando-me na caminhada

e agora eu não te conheço
foste pra longe, de corpo e alma
eu não mais te pertenço
agora sou só de mim e da minha calma

27.9.11

é incrível que, quando sonho contigo, tão próximo pareces estar. até me esqueço do que aconteceu há um tempo e acordo feliz. aí a realidade quebra o sorriso matinal: não é nada mais desse jeito. sinto tua falta, sim, todos os dias, assim como deves sentir a minha. estarás perto daqui a pouco tempo e eu espero aguentar firme e não me deixar. porque o que me vale muito mais do que ver um sorriso teu é garantir um meu. eu posso, realmente, ainda gostar muito de ti. mas entre gostar de ti e ser feliz, eu escolhi a segunda opção.


26.9.11

o futuro me apavora
e, por isso, vou-me, desesperadamente
ao seu encontro
enquanto sorrio, tentando erguer a cabeça
paro e penso o quanto dói
é bem verdade que a gente tem que escolher um caminho
pegar uma estrada
olhar pra frente, sem desistir
do momento em que decido algo
é difícil, realmente, alguém me mudar
tento-me todo o santo dia a desistir
mas não posso, não devo
desistir de te esquecer é olhar pro passado
e querer, mais uma vez, construir futuro
com alguém que não me quer presente
dilacera a alma esse jogo de sentires
é um maremoto de medo a todo instante
parece que a cada esquina
a cada sopro frio do vento
a cada caminho costumeiramente andado
surgir-me-ás como um redentor:
salvando de mim mesma
resgatando-me da dor
é o que eu sinto
mas é o que sei que jamais
vai me acontecer
porque só quem sabe sentir as dores do mundo não se cala... o silêncio parece fazer sangrar mais, ainda mais quando tanto se tem a dizer. na verdade, não há mais nada que se diga, é só mais um desabafo. revive-se a história mais uma vez e espera-se, com fé, que seja a última. meu desejo é nunca mais te ver ou cruzar na rua contigo. meu desejo é que eu pare de sonhar contigo e desejar teu rosto, tua pele suave e branca, toda essa superfície por onde passei. e foi diferente... podes ter feito tudo igual e estar fazendo novamente, teus carinhos, teu sexo ótimo, teu gemido e tua cara de prazer, novos apelidos carinhosos misturando sensações em várias sinestesias. podes, inclusive, desperdiçar mais beatles por aí. podes fazer o que for, mas não dá pra esquecer que pelo teu corpo eu fui diferente de tudo, passado e futuro. sou teu grande problema até hoje porque não dá pra me esquecer, porque estou mantida em tua mente e mesmo que me guardes em uma gaveta e me tranque, lá estou eu. guardo todas as mágoas possíveis de ti, todo o ódio e ressentimento que me podem ser oferecidos. guardo todas as músicas, tons e sensações que vivi. por isso que espero nunca mais te ver, nunca na vida, daqui a 50 anos não quero te ver. e estaria totalmente coberta de razão se não fosse um pequeno detalhe: sinto uma saudade louca do que a gente era. e do que poderia ter sido. aí volta a raiva em saber que tu preferiste teu egoísmo comum a algo em comum. é triste. tenho pena da próxima. porque sempre será assim, não sei quando vais te ajustar. mas a tentativa de ser agora - com mais uma - vai tornar a acontecer. parece que a gente não se cansa de tentar te consertar, és tão amável e lindo que a gente se apaixona. tenho pena, mais um coração ferido, aberto, sangrando. dá vontade de dizer 'ei, sai daí, isso não vai prestar'. mas fazer o que? tens que deixar tua marca.
só não contavas que eu deixasse a minha em ti, ainda viva e pulsante desde a hora que acordas sem mim e meu cheiro até a hora que vais dormir sem teu lugar em minha nuca.

25.9.11

a gente cresce
e fica com preguiça de crescer mais
e cada vez mais
aí vai levando o crescimento
aos trancos e barrancos
por isso que até pra amadurecer
a gente tem que ter disposição
senão, dá tudo errado
viramos egoístas
e entramos na contramão
a gente sempre pensa no amanhã. é incrível como queremos passar em cima do passado e atropelar o presente somente  por uma dose de saber: esse poder enlouquecido que é prever o futuro. eu sempre penso no amanhã e na minha cabeça desenrolam-se milhões de histórias fantásticas. isso é normal. faz-me bem olhar o céu a essa hora do dia, com esse clima que bem combina com um pensamento sobre amanhã. o que será de mim, eu não sei, apesar de querer prever. saber... isso é tão complicado quanto querer saber.